Citações e Passado da Direita - Parte III (Nazifascismo)
A Melhor
Coletânea de Relação LIBERALISMO e NAZISMO:
33 – Não é apenas porque os fascistas queriam matar os comunistas, é
também por causa disso: “Os fascistas
consideravam o igualitarismo sob qualquer forma, mas em particular na forma da
igualdade racial, como a fonte da ruína da humanidade. Era essa oposição à
igualdade e democracia que tornou os fascistas tão compatíveis com as elites
tradicionais de direita, de cuja ajuda dependiam para conquistar o poder. Na
percepção de seus contemporâneos, o fascismo era um movimento de extrema
direita. (STACKELBERG, Roderick*. A Alemanha de Hitler: origens,
interpretações, legados. Rio de Janeiro: Imago Ed., pp. 31-32)"
34 - A direita, inclusive internacional, não só fez vista grossa como
financiou Hitler pelo seu discurso anticomunista. Outra coisa que deve sempre
ser lembrada.
Durante a
campanha eleitoral, bem como no início de seu mandato, o partido de Hitler
recebeu altas somas em dinheiro. Elas vinham dos mais poderosos empresários
alemães, como Fritz von Thyssen, Alfried Krupp, Hjalmar Schacht e do complexo
químico I.G. Farben.
A elite
financeira americana, também enfeitiçada pelo discurso anticomunista, apostou
alto em Adolf Hitler. Parte dos milhões de dólares que chegaram na Alemanha,
entre 1930 e 1933 foram remetidos pelos grupos Henry Ford, J.P. Morgan, Union
Banking Corporation e W. Harriman & Co.
Curiosamente, o
presidente e o vice-presidente desses dois últimos conglomerados, eram Samuel
Prescott Bush e Prescott Sheldon Bush, respectivamente bisavô e avô do atual
presidente George W. Bush.
35 - O grande capital até a década de 30 preferia conservadores mais
controláveis, mas parte começou a repensar isso após a Grande Depressão. Pouco
a pouco foram começando a perceber que Hitler era “o cara”. Ademais, “quando ele chegou ao poder, o capital
colaborou seriamente, a ponto de usar trabalho escravo e campos de extermínio
para suas operações durante a Segunda Guerra Mundial.”. Hitler passou a ser
bem visto inclusive por eliminar os sindicatos e o risco de revolução social. O
“princípio da liderança fascista” servia até de inspiração para ser aplicado
nas fábricas.
36 - Os próprios números comprovam o repúdio à igualdade também na
prática: “Enquanto nos EUA os 5% de
unidades consumidoras do topo viram entre 1929 e 1941 sua fatia de renda total
(nacional) cair 20% (houve uma tendência igualitária semelhante, porém mais
modesta, na Grã-Bretanha e na Escandinávia), na Alemanha os 5% do topo ganharam
15% durante o mesmo período (Kuznets, 1956). (HOBSBAWN, Eric. Era dos extremos:
o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 132)”.
37 - Hitler praticava um elevado dirigismo (controle de preços,
reinvestimento dos lucros dos estrangeiros etc.). Ocorre que eram práticas
comuns nas economias de guerra. O setor privado não deixou de se expandir e
investir por causa disso. Muito pelo contrário. Não houve estatização ou algo
do tipo. Era a forma mais exagerada de capitalismo de Estado segundo Michel
Beaud.
38 - Mises e fascismo I: Na luta
contra o movimento operário, talvez houvesse necessidade de um governo autoritário.
Afinal, do outro lado da fronteira, eram evidentes as virtudes de Mussolini: os
camisas-pretas tinham, pelo menos provisoriamente, resgatado para a civilização
européia o princípio da propriedade privada- “o mérito que o fascismo assim
conquistou viverá para sempre na história”.
Conselheiro do
Monsenhor Seipel, o prelado que administrou o país no final da década de 1920,
Mises aprovou quando Dollfuss esmagou o trabalhismo austríaco durante a década
seguinte, lançando a culpa pela repressão de 1934, que instalou seu regime
clerical, na loucura dos socialdemocratas que contestaram a aliança com a
Itália. (ANDERSON, Perry. Afinidades seletivas. São Paulo: Boitempo, 2002, p.
329).
39 - Mises e fascismo II: “Não
se pode negar que o fascismo e movimentos semelhantes, visando ao
estabelecimento de ditaduras, estejam cheios das melhores intenções e que sua
intervenção, até o momento, salvou a civilização européia. O mérito que, por
isso, o fascismo obteve para si estará inscrito na história. Porém, embora sua
política tenha propiciado salvação momentânea, não é do tipo que possa prometer
sucesso continuado. O fascismo constitui um expediente de emergência. Encará-lo
como algo mais seria um erro fatal” (MISES, 1987b, p. 53)”.
40 - Inicialmente não foram com a cara do “dirigismo”, mas perceberam
algumas vantagens inesperadas do mesmo: “Com
o correr do tempo, a maior parte dos empresários alemães e italianos se adaptou
bem a trabalhar sob esses regimes, pelo menos aqueles que lucravam com os
frutos do rearmamento, da disciplina trabalhista e do considerável papel
confiado a eles na administração da economia. A famosa organização econômica
corporativista de Mussolini era comandada, na prática, por grandes empresários.”
(PAXTON, Robert E. A anatomia do fascismo. São Paulo: Paz e Terra, 2007, p.
241)
41 - Mussolini e seu corporativismo pero no mucho: “Em 1928, Mussolini exonerou o antigo
militante sindicalista Edmondo Rossoni da liderança dos sindicatos fascistas,
pondo fim às tentativas destes de fazê-los participar de fato na formulação de
políticas econômicas, e de dar-lhes representação paritária à do patronato num
conjunto único de organizações corporativistas. (...) A forma pelo qual o tão
alardeado “Estado Corporativista” de Mussolini se desenvolveu a partir de então
se resumiu, na verdade, ao reforço do “poder privado” dos empregadores sob a
autoridade do Estado. (PAXTON, Robert E. A anatomia do fascismo. São Paulo: Paz
e Terra, 2007, p. 251)”
42 - Goebbels cuidou cotidianamente de propagandear aos industriais alemães
que Hitler era a salvação capitalista. Pouco a pouco foi ganhando apoios. O
nazista aproveitou muito o resultado das eleições em que os nazistas tiveram
apenas 2 milhões de votos e os comunistas tiveram 6 milhões para mostrar que a
situação era urgente.
43 - Hitler chegou a nomear Krupp, que o detestava antes de apoiá-lo,
para comandante da economia de defesa. Tanto é que o empresário foi condenado
no julgamento de Nuremberg. Após uns oito anos de prisão, reassumiu sua
empresa.
44 - Hitler num encontro reservado com vários industriais ao
convencê-los a apoiar os planos do partido: Então
o Chanceler levantou-se: "Estamos prestes a realizar a última
eleição", começou, e fez uma pausa para que todos compreendessem
plenamente as inferências disso. Naturalmente, a transição para o
Nacional-Socialismo seria facilitada se o partido conquistasse maioria
esmagadora. Portanto, ele pedia o apoio daqueles homens. Apoiando a ditadura,
eles estariam apoiando a si mesmos. "A empresa privada não pode sobreviver
numa democracia." Para esclarecer as dúvidas que tal afirmação pudesse
suscitar, ele acrescentou que entre as "moléstias que esse regime político
faz que surjam inclui-se o sindicalismo". À mercê de tal instituição, o
Reich "inevitavelmente cairá".
45 - A reunião acima foi fundamental para salvar o partido da falência
- não ia nem conseguir pagar funcionários e impressores. Milhões foram
despejados. Goebells iria se gabar disso mais tarde. A conquista dos “corações
certos”.
46 - O negócio era que Hitler era tido como pouco confiável, mas o
problema da direita não era exatamente com o fascismo: “Se o único tipo de fascismo em oferta fosse o italiano, poucos
políticos conservadores ou moderados teriam hesitado. Mesmo Winston Churchill
era pró-italiano. O problema era que eles enfrentavam não Mussolini, mas
Hitler. Ainda assim, não deixa de ser significativo o fato de que a principal
esperança de tantos governos e diplomatas na década de 1930 era estabilizar a
Europa chegando a um acordo com a Itália, ou pelo menos separando Mussolini da
aliança com seu discípulo. (HOBSBAWN, Eric. J. Era dos extremos: o breve século
XX, 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 157)”
47 - Itália de Mussolini e Inglaterra firmavam vários acordos de
respeito mútuo a ações imperialista de ambos na África, incluindo ações
parciais na Etiópia (mais tarde viria o massacre total).
48 - Hitler fez um acordão com o Vaticano. Toleraria o ensino católico
nas escolas e o Vaticano não se metia com política.
49 - E a retórica anticapitalista pra inglês ver: “Alguns conservadores alemães inquietavam-se
com a retórica anticapitalista brandida por alguns intelectuais nazistas, da
mesma forma que os conservadores italianos inquietavam-se com os ativistas do
trabalhismo fascista, como Edmondo Rossoni. Mas Mussolini há muito havia se
bandeado para o “produtivismo” e para a admiração pelo herói industrial,
enquanto Hitler deixou claro, em sua famosa fala ao Clube dos Industriais de
Düsseldorf, em 26 de janeiro de 1932, bem como em suas conversas particulares,
que também na esfera econômica ele era um darwinista social. (PAXTON,
Robert O. A anatomia do fascismo. São Paulo: Paz e Terra, 2007, p. 175).”
Ademais, “À medida que o
movimento nacional-socialista vai se implantando na média e pequena burguesia e
na pequena e média bureoisie, e, sobretudo, que se aproxima do grande capital
industrial e financeiro, o movimento nazista põe em surdina essa dimensão
anticapitalista (1927), e os promotores dessa corrente são eliminados já na
tomada do poder (1933-1934). (BEAUD, Michel. História do capitalismo: de
1500 até nossos dias. São Paulo: Brasiliense, 1999, p. 289)"
50 - O regime de Hitler nunca se meteu na propriedade privada e nem
criou uma autoridade central de planejamento (exceto em 1942, no auge da guerra).
51 - O sindicalismo socialista e rural-católico que tanto agitava a
Itália setentrional e central foi destruido pelos “fasci” com vista grossa e
por vezes apoio velado (policiais em folga) das autoridades estatais. O
fascismo de Mussolini estava em ruínas. Após e concomitantemente a isso, viu-se
sua utilidade e ganhou apoio moral e financeiro. Com o desmoronar da esquerda,
a base social do fascismo foi se ampliando para além da inicial - que era
"veteranos de guerra, especialmente
os antigos oficiais de baixa patente e oficiais milicianos; entre a juventude
cultivada da classe média, entre os membros das profissões liberais e
empregados dos serviços das vilas e cidades; e no campo, nos estratos
superiores e intermédios da sociedade rural: proprietários de terras,
camponeses proprietários mais abastados e rendeiros, regentes agrícolas e,
acima de tudo, os filhos de todos eles".
52 - Em 1921, o pau já comia solto, mas Mussolini ainda pensava o que
seria melhor para alcançar o poder. Pensou num pacto com os socialistas, mas
isso era cada vez mais inviável. Nas eleições de 1921, os 35 deputados tomaram
seus lugares na extrema direita da câmara. O programa do partido, de novembro
de 1921, deixaria claro o seu anti-socialismo.
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