Uma Entrevista Com E. P. Thompson
http://www.seer.ufu.br/index.php/historiaperspectivas/article/viewFile/27919/15381
UMA ENTREVISTA COM E. P. THOMPSON (1976)
1 - A entrevista se deu, em 1976, enquanto Thompson
passava um semestre como professor visitante de História na Universidade de Rutgers,
em New Jersey.
(2 - As
polêmicas citadas no início da reportagem são muito extensas, **********************, ****** - https://ideiasconcretas.files.wordpress.com/2011/04/arquivo2.pdf - só esta com Kolakowski tem 169 páginas)
3 - Com “A formação da classe operária inglesa”,
Thompson pretendeu se contrapor teoricamente tanto à “ideologia capitalista”
presente na história econômica quanto ao “economicismo” que dominava o marxismo
do seu tempo - pelo menos até 1956. As explicações correntes deduziam uma
“consciência de classe” meramente das condições objetivas da época, sem levar
em conta que existia uma consciência
plebeia refletida nas novas experiências sociais que estavam ocorrendo, as
quais foram tratadas por formas culturais pelas pessoas, originando, a partir
de então, uma consciência transformada.
4 - O tom irreverente do livro tem a ver com seu
público alvo, qual seja, o conjunto de adultos para quem dava aulas no turno da
noite - trabalhadores, sindicalistas,
gente de setores administrativos, professores.
5 - O “Senhores e caçadores” já possui, ao menos
parcialmente, um caráter mais academicista em razão da necessidade que Thompson
sentiu de responder a críticas da academia. Ele teve que atacá-los em seu
próprio terreno, digamos assim.
6 - Critica a suposta neutralidade dos
historiadores, que se julgam “não-apologistas” ou algo similar. O compromisso
existe. A intenção de se contrapor à história contada pelas classes dominantes.
7 - ... Estar consciente da influência dos próprios
valores na produção historiográfica não é o mesmo que reduzir a história a uma
“ideologia de esquerda/direita”. O distanciamento e objetivação continuam a ser
buscados, por mais que, num segundo momento, se possa fazer um juízo sobre o
resultado.
8 - Este trecho é foda por si só, então deve ser
integralmente replicado: Porém, vivendo em uma ilha pós-imperial,
que, em termos convencionais da economia capitalista, está se debilitando
rapidamente e é consciente do futuro, no qual as nações que estão surgindo vão
exigir não só uma maior participação no mundo, mas também maior participação na
consciência histórica, vão parar e se perguntar o que significa esta peculiar
cultura do constitucionalismo anglo-saxão do século XVIII. Não era realmente
mais importante que a Inglaterra estivesse ativamente dedicada ao comércio de
escravos? Que a Companhia das Índias Orientais estivesse acumulando sua fortuna
e expandindo seu território na Índia? Não era isso que ao mundo importava saber
sobre a Inglaterra, em vez de se os ingleses tiveram determinados rituais
constitucionais? Essa é uma das perguntas que eu faço. Na história dos
vencedores, talvez seja melhor explicar o “sucesso” inglês pela sua “tradição
constitucionalista” que pelas pilhagens e medidas desumanas exercidas em quase
todo o globo.
9 - Coloca que o direito, apesar de ser manipulado
com intenções classistas, é mais que mera máscara encobridora do poder de
classe, apresentando limitações importantes aos poderes estatais. (Aqui eu teria umas discussões com ele, pois
posso concordar ou não com isso, mas enfim, longa história…)
10 - Afirma que passou a se sentir menos isolado com
o surgimento da Nova Esquerda (New Left) entre o final da década de 50 e início
da de 60, por mais que esta também tenha passado por suas cisões, tendo
Thompson apontado uma vertente sofisticada que agora era tratada como se
teologia fosse. Pareceu criticar com vigor uma espécie de esquerda
academicista, desvinculada dos movimentos concretos do operariado e mesmo da
população, daí sua sensação de isolamento. Até porque evitava críticas
“externas”, que pudessem servir à direita, ao que entendi.
11 - Coloca que a vitória contra o fascismo foi
determinante na história, tanto pelas preservação de vidas quanto pela
liberdade da circulação de ideias. Rejeita tanto o stalinismo como boa parte do
trotskismo. Por fim, apresenta o contexto da sua formação comunista nua família
com pais liberais, dando importância ao pioneirismo do irmão e suas cartas na
questão: … As cartas conservadas de meu
irmão são totalmente contrárias ao
quadro de dureza ideológica do stalinismo. Seu compromisso era com o povo e,
sobretudo, com o heroísmo dos movimentos “partisans” do sul da Europa. Em determinado
sentido, esse movimento político, rebelde, como uma frente popular, chegou a um
ponto alto entre 1943 e 1946. Foi destruído tanto pela reação inglesa quanto
pela americana, destruído, desde seu interior, pelo stalinismo.
(Continua...)
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