Palestra de José Paulo Netto - O Método em Marx II
(continuação...)
- A essência humana, em Marx, é um conjunto de possibilidades.
- Em Hegel, toda objetivação é uma alienação. Em Marx, alienação ganha conteúdo crítico-valorativo. É aquilo que vai contra a essência humana.
- O contrário da igualdade é a desigualdade, não a diferença. Os homens são diferentes. Todos podem se desenvolver. Marx e Goethe partilhavam desse mesmo humanismo. O homem mais limitado pode se desenvolver ilimitadamente.
Aula 3
- Ideologia: representações ideais que não se reconhecem como produtos de condições sociais historicamente determinadas. Ou seja, expressa-se uma falsa consciência que se auto-legitima. Não é necessariamente um erro, É construção de representação marcada por interesses que não são reconhecidos como tais.
- Falsa consciência não é “mentira”. O “ideólogo” não acredita estar mentindo. Apenas não reconhece as condicionantes das suas ideias.
- O desenvolvimento das forças produtivas lança o grande problema histórico de quem é que fica com o excedente. As relações de propriedade chegam para determinar isso.
- O desenvolvimento das forças produtivas tende a modificar a estrutura de produção em um dado momento. Claro que, para isso, precisamos do sujeito.
- Determinismo não é sistema de determinações. Este precede tudo. É ontologicamente primário. Porém, o “pensar”, mesmo secundário, é importante. Ninguém faz algo pensando apenas nas determinações materiais. A vida social, assim, não é mera derivação da produção material.
- Marx e Hegel: ser é processualidade. Movido por contradições inerentes.
- Marx era entusiasta da América. Dos ianques. Netto diz que Marx era desinformado quanto a Bolivar.
- Netto coloca que em 48, por aí, Marx ainda era meio noob em algumas coisas fundamentais da Economia Política, o que não o leva a desvendar a mais-valia. Confundia trabalho e força de trabalho. Assim, pensava que a pauperização absoluta do trabalhador era inevitável.
- Devido a confundir trabalho e força de trabalho, Marx vacila no Manifesto ao caracterizar a burguesia. Ora ela é “opressora”, ora “exploradora”.
- As ideias de Marx eram pouco conhecidas-influentes no movimento operário até a II Internacional, lá por 1895. Na academia, o pensamento de Marx só vai crescer a partir da II Guerra Mundial.
Aula 4
- Lukacs: diferencia dialética da natureza da do ser social. Ao contrário de Engels. Não é a mesma, pois no ser social há teleologia. Há trabalho.
- Luta de classes não explica tudo. É apenas a principal forma de observar os movimentos.
- Liga dos Comunistas, importante na Revolução de 48, é dissolvida por volta de 1851.
- Luís Bonaparte, presidente eleito, assume em 51 e instaura Estado de Sítio para perseguir lideranças populares. Ao fim de 52, virará monarca. O texto de Marx antecipa isso, sendo uma aula de como fazer análise de conjuntura.
- O critério da verdade em Marx é a prática sócio-histórica. Não os consensos intersubjetivos de Habermas. Tem que usar a empiria. Dados. O que a realidade mostra e tem mostrado. Ademais, há de se revisar sempre a teoria. Ou seja, confrontá-la com os fatos. Do contrário, vira doutrina.
- Os próprios Marx e Engels, 25 anos depois do Manifesto, diziam, no Prefácio, que os princípios gerais continuavam válidos, mas poderiam reescrever várias partes no desenvolvimento dessas ideias.
- A verdade teórica é relativa, mas não falsa-errada. O relativismo extremo não hierarquiza os diversos tipos de conhecimento, o que é um erro. Não seria possível conhecer a realidade social, para os extremos. Em Marx, isso é possível sim, mas reconhece que somos limitados. Por exemplo, se o Capital muda, a teoria tem que mudar.
(continua...)
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