João Bernardo - A Revolução Russa como resolução negativa da nova forma de ambiguidade do movimento operário IV
(continuação...)
22 - O grupo Centralismo-Democrático, que cerca de 1926 pretendia a constituição de um novo partido e classificava a situação da URSS desde a NEP como uma forma de capitalismo, não consegue ultrapassar a ambiguidade concreta em que se desenvolveu toda a revolução russa e é, na política prática, um elemento passivo da plataforma centrista-utópica.
23 - A primeira grande realização da nova função do Estado processar-se-á no espaço cronológico que vai de 1928 a 1930 sob o nome de colectivização da agricultura. Na realidade, o que se passou foi a luta entre os proprietários colectivos de Estado e os proprietários individuais pelo controle da propriedade agrária. (...) Alguns dos antigos proprietários camponeses individuais integraram-se no novo regime, ascendendo nos quadros da propriedade colectiva. A maior parte, porém, foi exterminada, no sentido exacto da palavra. O motivo? Os proprietários colectivos da grande indústria se viam incapazes de reger planificadamente – o que para eles era reger tout court – até essa própria grande indústria sem assimilarem à mesma forma de gestão o sector de proveniência das matérias-primas originárias e dos bens de reprodução-base da força de trabalho.
24 - No início… a Rússia soviética era a primeira sociedade moderna em que o amor livre se desenvolvia plenamente.
25 - Amor livre e sociedade sem classes andam juntas. Assim, a família começa a voltar à tona. Institui-se uma separação a todos os níveis entre a educação dos filhos da burguesia de Estado e a dos filhos do proletariado. Isso substitui a “herança” como coesão da família. Isso (por sua vez decorrente do que foi analisado nos itens acima) reverte o processo. Ao amor livre sucedeu a moralidade mais rigorosa e a sagrada família, agora sob forma laica, voltou a presidir nos altares domésticos. Os nus voltam a sumir das artes.
26 - Coloca que a propriedade “coletiva” primeiro se naturalizou e era dominada pelas autoridades centrais. As locais e regionais apenas implantavam os planos. Ao que entendi, só pós-Stálin é que começam a haver uma falsa descentralização - o que ocorria era que “estas instâncias regionais e locais, mas em particular as regionais, adquiriam uma posição cada vez mais importante no plano central global”. Ademais, não havia dominância exclusiva de quaisquer dos grupos. Embora o nível de poder (a proporção) variasse. Erma contradições internas da “burguesia de Estado”.
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