Benedict Anderson - Comunidades Imaginadas, Reflexões Sobre a Origem e a Difusão do Nacionalismo
Este fichamento não é meu.
Fichamento
do texto “Benedict Anderson - Comunidades Imaginadas, Reflexões Sobre a Origem
e a Difusão do Nacionalismo”
Pág. 26-39
1 - O contexto é a
invasão e ocupação vietnamita do Camboja (há controvérsia sobre quem causou a
guerra, diz uma nota de rodapé). Lembro até que Hobsbawn falou disso em Era dos
Extremos, que o Vietnã pretendia derrubar o regime de Pol Pot e substitui-lo por
qualquer coisa menos surtada. Inclusive os EUA prestaram ajuda ao Camboja por
isso. Loucura! Anderson observa que esse conflito não têm sido justificado,
pelos envolvidos, em bases teóricas marxistas. Ademais, as últimas revoluções
vitoriosas, como a da China e Vietnã, tiveram fortes contornos nacionalistas.
Por fim, fez um comentário profético sobre a Iugoslávia.
2 - Após eu citar o
maluco, o próprio autor citou, pra concordar com sua tese. Coincidência ou pai
de nós todos? (maluco = Hobsbawn) percebi
3 - Novos países
surgem a cada ano. Não dá pra profetizar o fim do nacionalismo tão cedo.
4 - Afirma que o marxismo nunca enfrentou a sério as profundezas da discussão sobre nacionalismo. O que seria a burguesia nacional de que tanto falam? Qual a justificativa dessa segmentação? O que Marx quis dizer no Manifesto ao determinar que antes de qualquer coisa o proletariado de cada país deve ajustar as contas com sua própria burguesia?
5 - Defende que a
nacionalidade e o nacionalismo são frutos de um cruzamento complexo de forças
históricas diferentes. Depois de criados, se tornam, porém, modulares, ou seja,
passíveis de serem transportados com graus diferentes de autoconsciência para
uma variedade gama de constelações políticas e ideológicas. (Muito verdade
isso)
6 - Ele vê a nação
como uma “comunidade política imaginada” limitada e ao mesmo tempo soberana.
Não há grandes pensadores do nacionalismo, carece de grande estatuto teórico
próprio, portanto. Imagina-se uma comunhão necessária de todos os envolvidos,
mas é apenas imaginada. Os membros não conhecerão nem ouvirão falar da grande
maioria dos seus “companheiros”. As pessoas se comportam como se formassem uma
nação. Imaginam isso.
7 - Faz crítica
parcial a noção de Gellner, para quem “o nacionalismo inventa nações onde ele
não existe”. Para Anderson, não há nações verdadeiras e nações inventadas. É
tudo uma comunidade imaginada.
8 - A nação é
concebida como uma profunda camaradagem horizontal (por mais mentira que possa
ser isso). Já a ideia de soberania tem raiz histórica na necessidade de um
espaço de pluralidade diferente das imposições dos reinos dinásticos
hierárquicos de origem divina. O Iluminismo e a Revolução estavam chegando,
9 - Inicia o
capítulo seguinte comparando a preocupação do nacionalismo com os mortos
(soldados) desconhecidos. Os “irmãos em armas”. Afirma que o marxismo e
liberalismo não possuem essa preocupação. Identifica que essa preocupação
aproxima o pensamento nacionalista ao religioso, que se ocuparia de questões
para além da reflexão científica.
10 - Coloca que o
nacionalismo de certa forma tem a ver com a decadência do pensamento religioso
(e suas respostas para a vida) e dos reinos dinásticos. Como explicar a
aleatoriedade das fatalidades agora? Como trazer outro estilo de continuidade
agora que a salvação religiosa (vida após a morte) está “em baixa”?
Nacionalismo. Não é mera substituição e tudo isso é muito mais complexo, admite
o autor do texto ao fazer a relação.
11 - A magia do
nacionalismo converte o acaso em destino. Acaso nasci brasileiro, então Pra
Frente Brasil!
Pág. 40-50
12 - As enormes
comunidades globais do passado, baseadas no pensamento religioso, tinham a
língua escrita sagrada como fator unificador. Só que, na cabeça de cada grupo
desses, não eram meros signos arbitrários ou ao acaso, eram verdadeiras
emanações da realidade! Era uma ordem supraterrena de poder. Inclusive: “os
mandarins chineses viam com bons olhos os bárbaros que aprendiam a duras penas
a pintar os ideogramas do Império do Centro”.
13 - Parênteses:
tem um trecho fodamente interessante à página 41 sobre como um “liberal
colombiano” propunha “extinguir” seus índios com sêmen branco civilizado, a fim
de, assim, via miscigenação, poder isentá-los de impostos e incorporá-los aos
sistemas de propriedade de terra. Como a outra opção era extermínio por armas e
micróbios, fica parecendo até um racismo cordial, como os brancos brasileiros
pensam até hoje que existiu (mesmo aqui rolando os dois tipos de projeto
merda).
(continua...)
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