Palestra de José Paulo Netto - O Método em Marx
Aula
1
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Marx queria ser professor de
Filosofia, daí a monografia de final de curso com o tema. Após a expulsão dos
professores hegelianos por Schelling, o irracionalista, Marx foi ser jornalista
na Gazeta Renânia, jornal da jovem burguesia, a qual, quando fez a aliança com
o absolutismo, acabou cortando as verbas do jornal e deixando os jornalistas na
mão.
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Marx percebeu que seu discurso
ético no jornal em defesa dos “camponeses da lenha recolhida” não vai servir
pra muita coisa.
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Hegel (1821) coloca a sociedade civil
(e sua lógica de mercado) como o caos. O Estado seria a racionalidade superior
a organizar tudo. O real é racional.
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Feuerbach acreditava que os homens
criaram Deus, e não o contrário. Marx resolve inverter Hegel também: é a
sociedade civil que funda o Estado. E, para entender a primeira, percebe que
tem que estudar outras categorias que não as filosóficas. Assim, a princípio,
não oferece alternativa clara. Engels é quem vai publicar, na revista “de
Marx”, um texto sobre Economia Política. Marx passa a entender a importância
dessa ciência. Isso tudo em 1844.
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Engels que, ao fim da vida,
socializou o patrimônio, afirma Netto.
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O pai do socialismo revolucionário
moderno foi Babeuf. Em Paris, Marx começou a conhecer o movimento operário.
Anos de 43-44.
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O movimento socialista e o
operário não eram necessariamente confluentes. Owen, socialista, nada falava do
operário, por exemplo.
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Os operários em 48 tomam o seu
primeiro movimento independente. A revolução dura dezoito meses e é brutalmente
reprimida. O “Manifesto” não foi causa e sim consequência.
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Netto crê que há vários Marx, mas
não um corte epistemológico, como quer Althusser, entre o jovem e o velho. Eles
seriam uma unidade (não uma identidade, porém).
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A teoria é a reprodução ideal do
movimento de um objeto. Categorias são, então, traços constitutivos desse
objeto. A mais valia foi reproduzia na cabeça de Marx pelo movimento do objeto
“Capital”. O bom pesquisador extrai categorias da realidade, e não o contrário.
Por isso tudo, Marx não nos deu uma “Lógica”, mas a lógica do Capital, como
disse Lênin.
Aula 2
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A unificação nacional foi uma
conquista da burguesia para subordinar os demais senhores feudais, eliminando
os “pedágios” para a circulação de mercadorias.
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Marx, em 43, já se coloca contra
Hegel, pois esse mundo “privatista” não poderia engendrar uma universalidade
racional, como queria o filósofo idealista.
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As categorias da Economia Política
aparecem, em Marx, como categorias histórico-construídas pelos homens. Não se
trata de algo natural, como os ideólogos burgueses conseguem enxergar.
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Marx: só o acesso às objetivações
(arte, ciência, cultura etc.) permite as subjetivações, o surgimento do ser
social. A objetivação elementar e constitutiva do ser social, sem a qual esse é
impensável, é o trabalho. O conjunto de objetivações seria a práxis. O homem é
um ser prático e social. Assim, o trabalho não seria uma penitência.
(continua...)
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