Marxistas - Textos Diversos IV


Annie Lacroix - Holodomor:

34 - De 2009. Professora de História Contemporânea, Universidade de Paris 7. Stalinista pelo jeito.

35 - Não cita fontes, mas afirma que a República de Weimar financiava o suposto “autonomismo ucraniano” para desestabilizar a URSS. Os “camponeses ricos” teriam aderido a isso inclusive. (Não dá maiores detalhes dessa explicação). Isso, junto a uma seca catastrófica, teria trazido a fome…

36 - A tese dela é que “se houve fome em 1932-1933, atingindo o seu máximo durante a «transição» (entre as duas colheitas), Julho de 1933 marcou o seu fim”. (...) A fome não foi «genocida», o que é admitido por todos os historiadores anglo-saxónicos sérios, como R. W. Davies e S. Wheatcroft. (Achei estranho o “se houve fome”...).

37 - E o número de seis milhões? Alain Blum dedu-lo de estimativas demográficas, já que a URSS não fez qualquer recenseamento entre 1926 e 1939: ora, entre estas datas, no quadro de um boom industrial orientado desde o início da grande crise capitalista para a defesa face à ameaça alemã, ocorreram gigantescos movimentos populacionais inter-regionais, que afectaram particularmente a Ucrânia agrícola colectivizada.

38 - Insinua que é tudo invenção da “Ucrânia ocidental” financiada no passado pelos germânicos e hoje pelos EUA. “Os seus campeões empilham milhões de mortos de uma Ucrânia oriental, cuja população nunca se juntou à matilha apesar de o assunto lhe dizer respeitos em primeiro lugar”.

39 - Reter da bibliografia Douglas Tottle, Fraud, Famine and Fascism. The Ukainian Genocie Myth from Hitler to Harvard, Toronto, Progress Book, 1987, esgotada mas disponível na Internet: este antigo fotógrafo mostrou que as fotos das campanhas ucranianas de 1933-1935, a partir da era reaganiana, (artigos, obras, filmes) provinham das colecções da fome de 1921-1922, resultante de sete anos de guerra, primeiro mundial depois a guerra estrangeira e civil, e desancou de forma muito bem argumentada as fontes escritas e fotográficas da principal obra de Conquest (capítulo 7, «Harvest of Deception», «A colheita de enganos», e sobretudo p. 86-90); Geoffrey Roberts, Stalin’s War: From Worl to Cold War, 1939-1953.

40 - (Enfim, entre stalinistas e ideólogos do capitalismo, difícil saber quem mente mais)

 

Antônio Andrioli - O Capitalismo Educa Para o Parasitismo Social:

41 - Teoriza que assim começa o parasitismo social: A divisão social do trabalho e a necessidade de proteger a propriedade e o excedente marcaram as primeiras sociedades de classe na história da humanidade. As guerras entre povos em torno ao acesso à propriedade a ao excedente colocaram os vencedores na condição de senhores sobre os vencidos que, por sua vez, se tornaram escravos.

42 - A idéia de uma suposta natureza parasitária do ser humano cumpre sua função ideológica ao conduzir a classe explorada à passividade e à acomodação e ao reforçar, na classe exploradora, a idéia de que sua existência é determinada por uma condição humana imutável, afastando um possível sentimento de culpa e incrementando sua convicção de que sua tarefa é realmente a de coordenar o processo de exploração da melhor forma possível.

43 - Um exemplo típico disso é o caso das meninas-lobo, encontradas na Índia em 1920 e que não tiveram a oportunidade de se humanizar enquanto viveram com os lobos. Elas não riam, não choravam e não sabiam falar. Isso demonstra que o ser humano depende da cultura humana para se humanizar. Aprende-se a ser humano nas relações com os demais, como já dizia Paulo Freire. O problema é que esses tendem a reproduzir a sociedade em que vivem.

44 - Propôe que, se deixarmos de dividir a sociedade em classes, a base para o parasitismo humano cairá.

 

Antonio Andrioli - Um Capitalismo Mais Humano:

45 - Taxa de lucro na época dos monopólios… O caso mais polêmico de concentração de capital na Alemanha é o da Deutsche Bank. A instituição financeira aumentou seus lucros em 2004 na ordem de 50%, atingindo 4,1 bilhões de euros e, mesmo assim, está disposta a demitir 6.400 trabalhadores, dos quais 1.900 estão na Alemanha, para criar 1.200 novos empregos em países com salários mais baixos. Também a Siemens, uma das empresas que mais emprega na Alemanha, aumentou seus lucros de 3,4 bilhões de euros em 2003 para 4,2 bilhões de euros em 2004 e ameaça demitir trabalhadores. O aumento na taxa de lucro do conjunto das empresas alemãs em 2004 foi na ordem de 10,7%, havendo casos extremos onde o crescimento atingiu 70%, enquanto os salários brutos dos trabalhadores alemães atingiram um crescimento de 0,1% no mesmo período.

46 - O Estado ajuda nesses lucros através de investimentos em infraestrutura e qualificando trabalhadores. Isso sem falar nas isenções e crédito qualificado.

47 - Defende que não há mais motivo político para o Estado de Bem-Estar Social. A ameaça do socialismo no leste europeu exigia a implementação de uma política social democrata e, por vezes, keynesiana, de taxação de impostos sobre o lucro das empresas capitalistas, visando uma redistribuição social na forma de políticas públicas.

48 - Lógica do capital: só há espaço para a concorrência e a razão instrumental, com vistas a uma acumulação ainda maior. Absurdo exigir que os capitalistas tenham “consciência social” e passem a combater o desemprego com os grandes lucros. Ora, o desemprego é inclusive bom para manter a pressão sobre os trabalhadores com baixos salários, inibindo greves e etc.

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