Marxistas - Textos Diversos XX - Diálogo Entre Foucault e o Marxismo

 

Diálogo Entre Foucault e o Marxismo - Atalho:

290 - Começa afirmando que muitos negam tal possibilidade de diálogo.

291 - Althusser foi professor de Foucault. Para o primeiro, a ideologia pode ser produzida independente dos interesses de classe.

292 - Inclusive a definição de ideologia dada por Althusser é interessante: “a ideologia é formada (...) pelos valores e idéias considerados como sendo naturais na sociedade, apesar de não o serem, ou seja, ideologia é uma representação imaginária das relações humanas com suas condições reais.”

293 - Uma coisa é “Aparelho de Estado”, outra é AI (Ideológico) E. Escolas e igrejas, por exemplo. (Isso me lembra muito Gramsci) Estes também utilizam repressão, mas a ideologia é o predominante.

294 - Existiriam, ainda, o AIE familiar, o AIE jurídico, o AIE político, o AIE sindical,e o AIE cultural composto pelas atividades artísticas e desportivas. Porém, para o filósofo, o escolar seria atualmente o mais importante (na Idade Média, era o religioso, observa). Teria a aparência de neutralidade enquanto reproduzisse sutilmente as relações de produção.

295 - Diz que Foucault desenvolve uma analítica sobre o poder e não uma teoria sobre o mesmo. (A diferença eu não sei)

296 - Para Foucault, todo ser humano pode exercer poder. Não é monopólio ou exclusividade de uma classe. O poder não é uma coisa a ser possuída e sim uma relação. (Sinceramente, já tinha ouvido falar e não vejo novidade alguma nessas cosias. Muito menos vejo como invalidam a existência de classes dominantes, ainda que não exerçam exclusivamente o poder. Aguardo leituras sobre...)

297 - … Assim, o Estado não é o centro do poder (e não é mesmo). Foucault (1979) acredita que os poderes periféricos e moleculares, que são constituídos por diversas práticas sociais não foram confiscados, nem absorvidos e criados pelos aparelhos de Estado. Enfim, há a concepção “não-jurídica” de poder.

298 - O que Foucault (2003) quer demonstrar, é que não são as estruturas sociais que determinam as relações de poder, mas são micro relações de poder, que passam despercebidas aos nossos olhos, é que acabam constituindo estruturas sociais. (Beleza, Foucault. Então vamos modificar essas “relações de poder”, pois estão fazendo muita merda. Ou, em outras palavras, “e daí?”)

299 - Entretanto, o filósofo não descarta a possibilidade das relações de poder servirem a um determinado interesse econômico. Contudo, isto não ocorreria porque o poder esteja a serviço de um interesse econômico dado, considerado como sendo algo primitivo e condição primeira, mas devido ser utilizado em qualquer estratégia, seja a estratégia econômica ou não

300 - Para Foucault (1979: XXI) “todo conhecimento, seja ele científico ou ideológico, só pode existir a partir de condições políticas que são as condições para que se formem tanto o sujeito quanto os domínios de saber. [...] Não há saber neutro. Todo saber é político”.

301 - Em Foucault, o intelectual no máximo fornece instrumentos de análise, pois as massas provaram que já sabem o que querem. (O que ele esqueceu, porém, é que, muitas vezes, a massa quer o que não sabe)

302 - Contatos entre Foucault e Althusser: nenhum dos autores trabalha com a ideia de que a infra-estrutura econômica constitui e determina a superestrutura social. (Por que não? Talvez eu possa ter alguma pista nos livros deles?) Em Althusser, a superestrutura política formada pelo campo jurídico e ideológico é quem limita as condições de existência do econômico. (O contrário é mais frequente, provável e tende a durar mais, a meu ver…). Em Foucault, são as práticas sociais que condicionam o econômico (só vejo isso como verdade caso não se perca de mente que essas práticas sociais se dão em contextos condicionados pelas possibilidades materiais - economia...)

303 - Afirma, Foucault, que o poder não é principalmente manutenção e reprodução das relações econômicas, mas acima de tudo uma relação de força. Assim, não basta resolver os problemas econômicos para que a sociedade mude e vire o paraíso na terra. (Posso até concordar com isso, mas o marxismo pode ser entendido como mera resolução do problema econômico? Como “economia é tudo”? Essa é minha dúvida)

(continua...)

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