Marxistas - Textos Diversos XXI - Diálogo Entre Foucault e o Marxismo

 (continuação...)

304 - Segundo a interpretação que Felipe Corrêa dá de Foucault (achei no google), a grande divergência deste com o marxismo se dá, resumidamente, nisto: O conceito central para se compreender a humanidade não é o trabalho, mas o poderLink:

http://www.estrategiaeanalise.com.br/ler02.php?idsecao=e8f5052b88f4fae04d7907bf58ac7778&&idtitulo=cc426bd7cb3eeb7cd40b91d600917f0d

305 - Althusser (1980: 49) ao afirmar que “nenhuma classe pode duravelmente deter o poder de Estado sem exercer simultaneamente a sua hegemonia sobre e nos Aparelhos Ideológicos de Estado”, bem como que a ideologia tem o papel de assegurar a harmonia entre os Aparelhos Ideológicos de Estado e o Aparelho repressivo de Estado; o filósofo está afirmando a sua crença que o poder para ser eficaz necessita agir de forma muito mais positiva do que negativa por meio da ideologia e, conseqüentemente, dos Aparelhos Ideológicos de Estado.

306 - Poder de forma positiva: Para Foucault (1979, 2003) o capitalismo não teria sobrevivido se atuasse predominantemente de forma negativa e pela repressão. (Aí que tá. Alguém realmente disse isso?) O poder produz, sutilmente, homens dóceis e úteis.

307 - Também há um claro consenso de que nesses autores as coisas não aparecem como “naturais” e sim fruto de um mundo em luta e constante transformação.

308 - Em Althusser, tudo que representa e reproduz o interesse de uma classe dominante é um Aparelho Ideológico de Estado. Até uma escola privada.

309 - O que Foucault (2003) considera como fundamental é a mudança das práticas sociais, pois são estas práticas que constituem o próprio Estado e não o inverso. (Mais ou menos. Vá tentar mudar as práticas sociais pra ver o que o Estado fará com você e suas iniciativas. Portanto, é necessária, no mínimo, uma tática contra o Estado. O que Foucault está correto é em dizer que as regras que a instituição cria - práticas e condicionamentos, de certa forma - são o alvo mais do que a própria instituição. Só que as coisas meio que se confundem... Na prática)

310 - Foucault queria que à história do poder fosse dado tanta ou mais importância que se dá, hoje em dia, à história das infraestruturas econômicas e/ou das instituições. No passado, dava-se importância sobretudo aos reis e generais, na história.

311 - [...] O partido comunista aceita e perpetua a maioria dos valores burgueses (na arte, na família, na sexualidade, na vida cotidiana, em geral). Devemos nos liberar desse conservadorismo cultural, tal como devemos nos liberar do conservantismo político. Devemos desmascarar nossos rituais e fazê-los aparecer como são: coisas puramente arbitrárias, ligadas ao nosso modo de vida burguês (Foucault, 2003: 25).

312 - Quanto às diferenças entre o método dialético - “pobre”, para Foucault - e o “genealógico”, não visualizei a diferença prática. O mais próximo de uma explicação que encontrei foi este trecho: “Foucault (2004a) não procura encontrar uma essência ou uma verdade nas coisas, pois tal intento provocaria um reducionismo na análise. Da mesma forma, para o filósofo não existe uma natureza ou uma essência humana que foi mascarada, alienada ou aprisionada por meios de mecanismo de repressão, após um certo número de processos históricos, econômicos e sociais”. Não existe, assim, a eliminação desses mecanismos como porta de redenção para o paraíso.

313 - Foucault disse uma vez que cita “Marx sem dizê-lo, sem colocar aspas, e como eles [os marxistas] não são capazes de reconhecer os textos de Marx, eu passo por ser aquele que não cita Marx. Será que um físico, quando faz física, sente a necessidade de citar Newton ou Einstein?” (Foucault, 2003: 173).

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