Libertários - Textos Diversos XXXVIII - Teses Sobre a Estratégia Revolucionária
(continua...)
765 - Pega quatro curtos trechos dos anos 70 (do século XIX) para dar a entender que Marx e Engels já rejeitavam qualquer poder estatal, preferindo o poder direto dos trabalhadores, como na Comuna. A auto-organização social. “Estado popular” era ideia de Lassale e não de Marx e Engels, afirma o texto. Era tudo “lenda de Bakunin”.
766 - Afirma que, nas relações pré-capitalistas, o domínio da classe dominante sobre o Estado ao menos era aparente e visível. Agora, é indireto, escamoteado. O Estado aparece como algo “acima”.
767 - Engels em “A Origem…”: "O Estado representativo moderno é um instrumento de exploração do trabalho assalariado pelo capital. Há, no entanto, períodos excepcionais em que as classes em luta atingem tal equilíbrio de forças, que o poder público adquire momentaneamente certa independência em relação às mesmas e se torna uma espécie de árbitro entre elas".
768 - E Marx? Não defenderia, como pretende Lênin, um Estado socialista e de transição? Para o texto, não. “Com certeza, poderíamos encontrar termos semelhantes nos próprios textos de Marx e Engels. Marx, na Crítica ao programa de Gotha, por exemplo, utiliza expressões como "Estado na sociedade comunista", ou ainda afirmações como a de que no período de transição à sociedade comunista o "Estado não pode ser senão a ditadura revolucionária do proletariado". Ora, segundo explica o próprio Marx, ele fala de Estado, quando se refere à sociedade comunista, apenas no sentido das "funções sociais, análogas às atuais funções do Estado" na sociedade capitalista.” Se existir um “Estado”, seria algo meramente formal.
769 - Como Marx previa uma primeira fase do socialismo com um princípio distributivo diferente - a cada um segundo seu trabalho, digamos -, Lênin deduziu, disso, a necessidade de um Estado para impor as regras. O texto afirma que tal dedução é desnecessária.
770 - Trotsky contra a declaração de Stálin de que a vitória do socialismo se daria com o fortalecimento da ditadura do proletariado: A revolução traída (1936), ele afirma: "se o socialismo venceu, definitiva e irrevogavelmente, não como princípio, mas como organização social viva, o novo 'fortalecimento' da ditadura [do proletariado] é um evidente absurdo".
771 - Para entender melhor o pensamento de Trotsky, de que havia acabado a exploração capitalista na URSS, cabe transcrever este longo trecho do texto: Trotsky com certeza não desconhecia o fato de que em outros países indubitavelmente capitalistas, como Itália e Alemanha, conhecia-se a estatização dos meios de produção, mas em nenhum deles todos os meios de produção estavam nas mãos do Estado. Essa diferença quantitativa era o que, para Trotsky, determinava a diferença qualitativa, social, do Estado: "A primeira concentração dos meios de produção nas mãos do Estado que a história conhece foi cumprida pelo proletariado através da revolução social e não pelos capitalistas através dos trustes estatizados. Esta breve análise é suficiente para mostrar o absurdo das tentativas feitas para identificar o estatismo capitalista e o sistema soviético. O primeiro é reacionário, o segundo realiza um grande progresso"
772 - Critica pesadamente Trotsky, pois a propriedade de maneira alguma tinha sido socializada: “ele não tinha como ponto de partida as formas sociais da produção, mas apenas as "relações de propriedade", isto é, a forma jurídica da propriedade dos meios de produção. O erro metodológico da análise é primário e visível.” (...) o Estado que concentra os meios de produção permanece necessariamente ainda um Estado na medida em que não se dão relações diretas entre os indivíduos, isto é, na medida em que tais relações continuam ainda sob as formas básicas da mercadoria, do dinheiro, do capital (embora estatizado) etc.; permanece, portanto, um Estado das relações sociais burguesas, um Estado burguês.
773 - Para o contracorrente, o caminho é expropriar os monopólios mundiais. Ou melhor, o começo do caminho. Qualquer salvação via Estado é descartada. Afinal, já entrando no sexto texto, “Na medida em que têm que se defrontar com seus concorrentes no plano mundial, de acordo com uma média do tempo do trabalho constituidor de valor que se define no plano das trocas mundiais, as empresas têm cada vez menores possibilidades de "concessões salariais" (ou de outro tipo)”
774 - Investimentos em capital fixo para produzirem as mercadorias mais baratas: ao eliminarem progressivamente o trabalho vivo do processo de produção, diminuíram a própria massa de valor produzida; conseqüência: a queda das taxas de lucro. Para resistir a essa queda, cuja tendência é persistente, os monopólios mundiais (e, em decorrência, os órgãos internacionais e Estados nacionais) passaram a impor uma série de medidas com o objetivo de elevar - sem aumentar demais os investimentos em novos recursos tecnológicos - as taxas de lucro; entre essas medidas se encontram a reorganização da produção ("just in time", "toyotismo" etc.), a terceirização da produção, a flexibilização das relações jurídicas de trabalho, confiscos e arrochos salariais, e assim por diante.
775 - Trata de greve na década de 90 que adquiriram caráter internacional graças à solidariedade de classe. Aponta que este é o caminho.
776 - O sétimo e o último texto criticam a UNE, seus congressos de palestras em lugar de grupos de discussão e etc. Foi assim no Congresso da UNE e nas poucas atividades de massa puxadas pela Frente Popular, como a recente Marcha dos cem mil, onde os anseios de milhares de estudantes, trabalhadores e demais oprimidos vêm sendo desviados da luta revolucionária por um patético "Fora FHC", como se a mudança de um governante pudesse inverter as prioridades da produção do lucro e da concentração de riquezas da sociedade capitalista.
777 - Numa sociedade dominada pelo capital, é retirada dos indivíduos a constituição autônoma de sentido: a vida torna-se, para os homens, um sem-sentido para que o "sentido" do capital (a busca de sua autovalorização) possa se realizar. Virou um trabalhar para consumir.
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