Libertários - Textos Diversos XXXIX (Zapatismo)
Zapatismo:
778 - Texto do PP. Subtítulo: Entre a guerra de palavras e a guerra pela palavra.
779 - Afirma que o movimento procurou ganhar legitimidade e credibilidade através de uma política de comunicação que combatia a dos agentes estatais, empenhados em mostrar os guerrilheiros como “brancos manipuladores dos indígenas” e “profissionais da violência”.
780 - ... Acrescente-se, ainda, o fato de os zapatistas, na figura do chefe militar e porta-voz Subcomandante Marcos, escreverem compulsivamente comunicados, e de estes estarem disponíveis na Internet e serem reproduzidos pelos poucos canais alternativos de comunicação, o que favoreceu muito a difusão dos ideais, comunicados e o subseqüente desenrolar da situação chiapaneca, pois neutralizou, em grande medida, a política de contra-informação governamental.
781 - Também oferecia, aos jornais, respostas aos ataques do governo, como o clássico “De que nós van a perdoar?”. Um documento que serve para qualquer luta que um “governo” cínico queira perdoar e anistiar.
782 - Contexto “atual” é de cercamento do território com quase um terço do efetivo militar estatal: “São muitos os casos relatados pela população de invasões do exército às comunidades, com saques, destruição das plantações, prisões e estupros, sempre com a desculpa de estarem ali em decorrência de «treinamento», à procura de grupos paramilitares, plantações de drogas etc”. O rodapé fez outras denúncias inclusive.
783 - O fato de ao longo desses 15 anos serem raros os confrontos armados se deve a algumas razões em especial, como, por exemplo, a reação da «sociedade civil» mexicana e internacional, posicionando-se contra uma espiral da violência; as aspirações do então presidente; a incerteza do Exército mexicano no real poder bélico e de mobilização do EZLN em outras partes do país e a própria inferioridade militar dos zapatistas em relação ao Exército federal.
784 - Os comunicados do EZLN, segundo Marcos, têm que ser aprovados pelo CCRI-CG, às vezes por sua totalidade, outras vezes por representantes, cabendo ao Subcomandante a redação dos textos, provavelmente pelo fato de falar espanhol e pela sua excepcional qualidade literária.
785 - Os simpatizantes e indígenas são quem levam os comunicados aos computadores a fim de espalhá-los pelo mundo.
786 - Explica que a linguagem zapatista surge da interação dialética entre as concepções e tradições indígenas e concepções clássicas da esquerda. Os lemas, poesias e etc., retiraram o caráter sisudo dessa última.
787 - Como a linguagem é ambígua, lutam pela ressignificação de termos como “paz, liberdade, justiça, etc.”.
788 - O zapatismo não adota a guerrilha informacional por ser sua principal aposta ou por colocar a luta armada como algo secundário. Não se expande territorialmente em razão da correlação de forças. A luta fora da internet continua a determinar, no geral, as coisas. No momento, vive-se uma paz armada (guerra de baixa intensidade).
789 - É a população civil quem organiza os governos nas áreas zapatistas. O exército zapatista não se mete.
Zapatistas - O que Pensam e o Que Querem - BPI:
790 - Tradução livre dos documentos básicos da Frente Zapatista de Libertação Nacional que foram aprovados durante o Congresso de Fundação realizado na cidade do México, nos dias 13, 14, 15 e 16 de setembro de 1997.
791 - Razão de ser da “Frente”: “construção de estruturas organizativas no seio do povo para que este possa tomar coletivamente as decisões políticas que respondam a seus interesses e exerça sua soberania sobre o desenvolvimento econômico, político e social”.
792 - Um dos pleitos mais importantes da “Frente”: a luta por um Estado de Direito, uma verdadeira reforma política, onde sejam garantidos os instrumentos de controle pelos cidadãos como o referendum, a revogação de mandato, a prestação de contas, uma autêntica cidadanização de todos os órgãos eleitorais, a desmilitarização do país, a luta por democratizar os meios de comunicação.
793 - Outros pleitos: pelo seguro desemprego; por um salário que permita satisfazer as necessidades fundamentais, sem discriminação por sexo; por recuperar o espírito original do artigo 27 da Constituição, para que os camponeses e indígenas recuperem seu direito a ter terra e os meios para poder trabalhar essa terra e para que a propriedade comunal seja inalienável e imprescritível.
794 - Quem vai governar? Os zapatistas? Não, os governantes escolhidos (e revogáveis) pela população vigilante.
795 - A terra é para quem trabalha.
796 - Pela democracia desde baixo, que agrupe tudo o que tem que ver com uma nova reforma eleitoral, realmente democrática, começando por restituir a autonomia aos municípios, tanto indígenas como mestiços e que chegue até os elementos da democracia direta.
797 - Reforma urbana aparece nos pleitos.
798 - (As propostas são imensamente abstratas, mas, conhecendo a história dos zapatistas e o que já fizeram desde 1994 ou antes, dá pra intuir, em boa parte, do que tratam.)
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