Anarquistas - Textos Diversos XXXVI (Malatesta)
Malatesta - Anarquismo e Anarquia:
676 - Não queremos aqui ficar “filosofando” e falando de egoísmo, altruísmo e complicações similares. Estamos de acordo: todos somos egoístas, todos buscamos nossa satisfação. Porém, o anarquista encontra sua máxima satisfação na luta pelo bem de todos, pela realização de uma sociedade na qual possa ser um irmão entre irmãos, em meio de homens saudáveis, inteligentes, instruídos e felizes.
677 - Sobre os indivíduos com energias e que odeiam a sociedade e sua mediocridade, desejando uma “vida intensa”: “Estes são rebeldes, mas não anarquistas. Têm a mentalidade e os sentimentos de burgueses frustrados e, quando conseguem, transformam-se em burgueses, e não dos menos perigosos.”
Malatesta - Capitalistas e Ladrões:
678 - Texto de 1911. Capitalismo: “Mas esses ladrões afortunados tornaram-se fortes, fizeram leis para legitimar sua situação, e organizaram todo um sistema de repressão para se defender, tanto das reivindicações dos trabalhadores quanto daqueles que querem substituí-los, agindo como eles próprios agiram. (...) o nome de ladrões é reservado, todavia, na linguagem usual, àqueles que gostariam de seguir o exemplo dos capitalistas, mas que, tendo chegado muito tarde e em circunstâncias desfavoráveis, só podem fazê-lo revoltando-se contra a lei."
679 - (dá até pra concordar, mas querer roubar numa sociedade que não era extremamente desigual foi muito pior. “Parabéns” aos capitalistas). Toda forma, Malatesta observa que também os ladrões capitalistas são empurrados socialmente a roubar o trabalhador - se quiserem se manter “em alta” numa sociedade competitiva. Assim mesmo, nem o explorador rico nem o pobre deve deixar de ser censurado pelo ato.
Malatesta - Definição de Anarquia - BPI:
680 - Anarquia é “sem governo”, ou seja (interpreta Malatesta), sem autoridade constituida. É uma ordem natural com harmonia de interesses e liberdades e solidariedade totais.
681 - Escravidão e possíveis passividades: “... Passou a acreditar que seu senhor era aquele que lhe dava pão, e perguntava ingenuamente como viveria se não tivesse um patrão”.
682 - Citam padres, policiais, professores e juizes reforçando toda essa ideologia de que patrões e governos são necessários.
Malatesta - Em Torno de 'Nosso' Anarquismo:
683 - Esse texto é de 1924. Primeiro, coloca que, ainda que ecloda um processo revolucionário, os anarquistas sempre serão inicialmente minoria. Deve-se tratar a revolução com indiferença portanto? Claro que não, pois “somos” a única força capaz de impedir que a revolução estacione sem mudar o que é fundamental, acabando com toda autoridade e privilégio.
684 - Trata-se, assim, de ir empurrando as forças progressistas, digamos.
685 - Porém, uma coisa há de ficar clara. Se aliar com governos, mesmo se estes forem ditaduras provisórias, é algo que não faz sentido para Malatesta. Criticou os anarquistas russos. Não se preparar a anarquia em governos.
Malatesta - Governo e Socialismo:
686 - Qual a missão de um governo? Fazer leis, controlar, obrigar, crescer regulando mais e mais. Como esperar que este corpo, o Estado, não desenvolva seus próprios interesses? ... Não acredita em governo popular. Se o povo estivesse tão organizado a ponto de fazer valer sua vontade não precisaria existir qualquer governo.
687 - Estado numa sociedade sem classes? Para se sustentar e se legitimar, o Estado atenderia a um determinado grupo de descontentes, privilegiando uma classe que logo passaria a ser a dominante. E quanto mais atividades o Estado concentra, mais poderosa é esta classe.
688 - Por que governantes iriam querer “voltar para o povo”, digamos?
Malatesta - Infiltrações Burguesas na Doutrina Anarquista:
689 - Malatesta acha uma falácia o discurso de que o fim do capitalismo traria abundância imediata (ao menos na época), isso porque a produção ainda não está organizada para tal. E é o consumo - ou o lucro que se pode realizar com o mesmo - quem determina a produção, não o contrário. O capitalista aumenta sua produção enquanto seus lucros aumentarem paralelamente. Mas tão logo ele perceba que, para vender, é-lhe necessário vender mais barato e que a abundância levaria a uma diminuição absoluta de seu lucro, ele pára a produção e chega até mesmo — assim como há mil exemplos disso — a destruir uma parte dos produtos disponíveis para aumentar o valor dos produtos restantes.
Malatesta - Manifesto Anarquista:
690 - O conteúdo deste texto é igual ao do “definição de anarquia”, que está fichado “um pouco mais acima”.
Malatesta - O Estado Socialista:
691 - É de 1897. Os reformistas em importantes congressos e revistas já deixavam claro que seu plano não era tomar o Estado para destrui-lo. Era sim legislar e administrar a suposta nova sociedade. Aumentar impostos gradualmente até fazer quase uma expropriação, sonhavam. “o objetivo longínquo do perfeito comunismo, onde tudo se tornará um serviço público e onde a riqueza privada e a riqueza da sociedade serão uma única e mesma coisa”.
692 - Diz que Marx e blanquistas acreditavam no poder de um golpe, confiscando as propriedades. Poderia bastar para iniciar todo o processo… Acusa os marxistas de “hoje em dia” de terem a mesma noção, mas trocando “golpe” por “maioria parlamentar”.
693 - Não crê ser possível um Estado bonzinho, socialista. Mesmo o Estado “atual” (direito civil “atual”) e as religiões prometem e prometeram sempre que os proprietários administrariam os bens até em interesse de toda a sociedade, o que nunca deixou de ser uma grande mentira, observa Malatesta.
694 - Coloca que se a propriedade for abolida sem que seja abolido o governo, este tenderá a restaurar a primeira.
695 - Engels tenta resolver com aquela coisa de que “agora” será tão somente uma “administração das coisas”, não um governo. Malatesta: “as coisas são administradas segundo os livres acordos dos interessados, e então é a anarquia; ou elas são administradas segundo a lei feita pelos administradores, e então é o governo, o Estado, que é fatalmente tirânico.”
Malatesta - Os Anarquistas e o Sentimento Moral:
696 - Este é de 1904. Afirma que a crítica à moral, geralmente burguesa. Não pode ser substituida por nenhuma moral. Há de se ter critérios, regras que tornam a convivência possível. O bom e o mau.
697 - Muitos gostam de obscurecer o que seria “direita” e “esquerda”, digamos assim. Malatesta nem falou sobre isso aqui, mas pra mim ajudou a delimitar quem é quem: “Somos, todos sem exceção, obrigados a viver, mais ou menos, em contradição com nossas idéias; mas somos socialistas e anarquistas precisamente na medida em que sofremos esta contradição e que procuramos, tanto quanto possível, torná-la menor. No dia em que nos adaptássemos ao meio, não mais teríamos, é óbvio, vontade de transformá-lo, e nos tornaríamos simples burgueses; burgueses sem dinheiro, talvez, mas não menos burgueses nos atos e nas intenções.”
Malatesta - Vias e Meios:
698 - Coloca como primeira tarefa a necessidade de persuadir as pessoas a terem solidariedade com o “próximo”, digamos. A anarquia não pode ser imposta pela força. E contra os burgueses? Trata-se de violência contra violência. Assim que fossem retirados os seus privilégios, reagiriam.
699 - Círculo vicioso de Malatesta: “para transformar a sociedade é preciso transformar os homens, e para transformar os homens é preciso transformar a sociedade”. ‘Transformar os homens’ que ele fala é educá-los a um novo tipo de vida nunca pensado, pois todos crescem achando que um governo é natural, inevitável e mesmo benéfico… E como não se pode impor a anarquia pela força (não funcionaria)... É preciso transformar o homem… O que, por sua vez, implica a…
700 - Para Malatesta, a solução é brigar sempre pela maior transformação social possível no momento. Parece crer que a consciência da classe trabalhadora tende sempre a avançar… (Sei não…). È como se fosse ir abrindo caminho, impulsionando, ajudando o povo a “passar de fase”, digamos.
Malatesta - Você é Anarquista:
701 - É um diálogo curto que ja vi em algum outro texto aqui. Portanto, reli só porque é legalzinho. E curto.
Comentários
Postar um comentário