Anarquistas - Textos Diversos XXII - A Doença Infantil de Lenine (Franz Pfempfert)

 

Franz Pfempfert - A Doença Infantil de Lenine:

412 - Texto de 1920 ou 1921 que deveria estar em “Os Libertários”. Contexto: “A seguir aos assassinatos de Luxemburgo e Liebknecht, a maior parte do Partido Comunista Alemão (KPD), que tinha chegado a posições anti-parlamentares e anti-sindicais, foi expulsa por meio duma manobra em 1920 e formou o KAPD”. Partido do autor do texto.

413 - Diz que os proletariados revolucionários foram qualificados de infantis por Lênin por não quererem se submeter à sua centralização: “Nos Princípios do Segundo Congresso da Terceira Internacional, Lenine formulou este postulado de um modo ainda mais claro: não só deu instruções gerais, mas também todos os detalhes de táctica, de organização, e inclusive prescreveu o nome que deveriam assumir os partidos em todos os países”.

414 - Coloca o absurdo de tal disposição: “Num país tão pequeno como a Alemanha, temos a experiência repetida, a mais recente em Março de 1920, do facto de que uma táctica que conduz à vitória, por exemplo, no Ruhr, era impossível em outra parte; que a greve geral dos operários industriais na Alemanha Central era uma piada para a Vogtland, onde o proletariado foi condenado ao desemprego desde Novembro de 1918.”

415 - Lamenta a posição de Lênin pois tem o mesmo objetivo que ele, a ditadura do proletariado, ainda que exercida por conselhos operários. Diz que o texto do russo é injusto.

416 - Viraram as costas aos sindicatos e partidos políticos “de chefe” e teriam sido criticados, devido a isso, por Lênin.

417 - Lênin pregou a necessidade de saber utilizar a eleiçao parlamentar e sua tribuna.

418 - Pfempfert defende seu partido: “É fácil de demonstrar: o KAPD utilizou com maior efectividade a ‘luta eleitoral', no sentido de levar a cabo a agitação revolucionária, e foi capaz de utilizá-la mais efectivamente do que os comunistas parlamentares precisamente porque não tem nenhum ‘candidato' que persiga a vitória eleitoral. O KAPD desmascarou a trapaça parlamentar e levou as ideias dos conselhos às aldeias mais remotas.”

419 - Já que Lênin o citou, também Pfempfert o fará para criticar a burocracia nos moldes atuais: Eu citarei Karl Liebknecht contra Lenine: (...) a supressão da burocracia remunerada ou a sua exclusão de toda a tomada de decisões, e a limitação da sua actividade ao trabalho administrativo técnico. A proibição da reeleição de todos os funcionários depois de um certo tempo de mandato, que será estabelecido de acordo com os proletários disponíveis que entretanto se tenham tornado especialistas na administração técnica; a possibilidade de revogar os seus mandatos em qualquer momento; a limitação do escopo de cada cargo; descentralização; a consulta de todos os membros sobre questões importantes (veto ou referendo).

420 - Afirma que as conjunturas russas e alemãs são bem diferentes o que torna o texto de Lênin um atentado contra a revolução. Na Rússia, não havia tradição de cretinismo parlamentar para iludir o proletariado, argumenta. Na Alemanha, essa tática - utilizar o parlamento - exige mais cuidado.

421 - Ademais, diz que Lênin superestima sua infalibilidade (da sua tática e autoridade legítima para dizê-la) desconsiderando, novamente, contextos: “A vitória dos Bolcheviques em Novembro de 1917 não se deveu unicamente à força revolucionária do partido! Os Bolcheviques assumiram o poder e conseguiram a vitória graças ao lema pacifista-burguês de "Paz"! Só este lema derrotou os Nacional-Mencheviques, e permitiu que os Bolcheviques conquistassem o exército para o seu lado!

422 - Afirma que o bolchevismo nunca cumpriu uma de suas tarefas declaradas, que era ser: “capaz de misturar-se com, confraternizar com e, se assim o deseja, até certo ponto unir-se com as massas mais amplas dos operários, principalmente com as massas proletárias, e também com as massas não proletárias”.

423 - Afirma que esta era a conjuntura da Alemanha na época: “O proletariado alemão está organizado em diferentes partidos políticos que são partidos de chefes com características claramente autoritárias. Os sindicatos reaccionários, controlados pela burocracia sindical devido à natureza estritamente centralizada de suas estruturas, estão a favor da “democracia” e da recuperação do mundo capitalista, sem o qual eles não poderiam existir.”

424 - Denuncia muito os “chefes de partido traidores”.

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