Anarquistas - Textos Diversos XXVIII - A Negação do Comunismo (Stein)
(continuação...)
512 - Queda da taxa de lucros exigiria uma massa cada vez maior de lucro, digamos assim. Isso levará necessariamente a uma centralização (não sei se devo usar exatamente esse termo, mas é ele que melhor define na minha cabeça o que estou pensando), pois “Somente os maiores capitalistas poderiam ter ganhos a baixas margens de lucro. Os pequenos capitalistas seriam arruinados e se juntariam aos quadros do proletariado.” (aqui Marx exagerou, pois podem sobreviver em setores, especialmente de serviços, onde os grandes ainda têm dificuldade de monopolizar ou oligopolizar)
513 - Chegaria a um ponto em que essa queda contínua da taxa de lucro tornaria inviável a produção nos moldes capitalistas, devido à estagnação produtiva de um sistema que não pode estagnar. Stein chega a falar em diminuição da produção, que não lembro se é uma “tradução” fiel da ideia de Marx neste ponto.
514 - Stein contraria algumas coisas da teoria marxista. Coloca que o trabalho, embora possa ser o principal fator de produção, não é o único elemento comum que permitiria comparação e trocas de mercadorias. A escassez (de recursos naturais e etc.) e a energia seriam outros fatores. (Claro que posso estar errado, mas o problema, a meu ver, “caro Stein”, aqui nos primeiros e provisórios raciocínios ainda, é que “escassez” de matéria-prima tem a ver com quantidade de trabalho socialmente necessária para conseguir a matéria-prima. Ou seja, voltamos ao trabalho!)
515 - Diz que a terra fértil tem valor de troca independentemente de qualquer coisa e que isso se dá pela “escassez”. (Isso não tem a ver, também, com trabalho? Uma vez que capitalistas tomam e cercam - materialmente e formalmente, com a instituição da propriedade privada em cartórios - as terras na acumulação primitiva, o que se pode até chamar de formação de monopólio, como vou ter acesso a elas? Gere uma perturbação na garantia estatal/judicial da propriedade privada e observe o que ocorrerá com o valor de troca dessas terras. Pois bem, se não houvesse, por parte de qualquer pessoa, o mínimo trabalho para adquirir seu pedaço de terra fértil, tal bem não teria valor de troca. A terra ganha valor de troca porque é transformada em mercadoria. Enfim, me parece que todo tipo de escassez tem tudo a ver com trabalho socialmente necessário, mas vale aprofundar)
516 - Outra observação de Stein: “Na medida que a produção se torna mais mecanizada, o valor do trabalho de uma mercadoria cai, enquanto o seu valor de energia sobe, parcialmente compensando a economia de trabalho envolvida. O ascendente custo da energia resultante tanto de um aumento da demanda quanto de uma diminuição da sua disponibilidade, agirá impedindo que o valor das mercadorias caiam próximo a zero, como era previsto pela teoria do valor do trabalho de Marx”. (Não dá pra simplesmente colocar em outros termos? Tipo… Se o ato de conseguir/produzir energia na quantidade socialmente necessária se tornar algo cada vez mais trabalhoso, até pela escassez chegando, a mercadoria terá, sobre ela, uma força contrária no sentido de aumentar seu valor)
517 - Por tudo, conclui Stein que “a força de trabalho sozinha não determina o valor de troca na sociedade capitalista, nem o fará em qualquer outra sociedade futura”.
518 - Nunca me aprofundei nesta questão, mas se Marx disse assim, ponto pra ele (mas faltaram os efeitos da luta políticas/sindical, de fato): “Marx, para distinguir sua teoria da chamada "lei de ferro dos salários", qualificou esta teoria dizendo que o nível salarial necessário era "culturalmente determinado". Portanto o nível salarial dos trabalhadores deve incluir mais do que apenas um simples mínimo para se manter vivo, mas também deve incluir os custos de educação, e ser capaz de sustentar ao trabalhadores e suas famílias num patamar considerado apropriado para o país.”
519 - A crítica que Stein faz à queda da taxa de lucro eu não concordo ou não entendi. Por que deveria haver um aumento do poder aquisitivo do trabalhador, necessariamente, para a taxa de lucro cair? Não bastaria, para isso, o aumento da composição de capital constante?
520 - Negação da negação… A centralização levaria ao comunismo… O que ocorreu foi um tremendo crescimento da burocracia, tanto no governo quanto ao nível das corporações. Ao invés de desaparecerem, os capitalistas constituíram as fileiras de executivos de corporações. Diz que Marx não previu tal movimento na sua dialética.
521 - Stein conclui, após tudo, que as contradições do capitalismo não levam a qualquer comunismo. (Realmente acho que discordo dele e de “Marx” - o Marx mais determinista de alguns trechos - ao mesmo tempo. Nem 8 nem 80 nessa aí)
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