Anarquistas - Textos Diversos XXXII (Mais Kropotkin)


Kropotkin - A Moradia:

600 - Critica a propriedade imobiliária, em regra advinda do trabalho alheio. Não apenas a casa, mas toda a estrutura que a cerca e valoriza. “Paris o que ela é hoje em dia: um centro industrial, comercial, político, artístico e científico; porque ela tem um passado; porque , graças à literatura, suas ruas são conhecidas, tanto no interior da França como nos países estrangeiros; porque ela é o produto do trabalho de dezoito séculos, de cinqüenta gerações de toda a nação francesa. (...) Assim, quem tem o direito de se apropriar da mais ínfima parte desse terreno ou da última de suas construções, sem cometer uma injustiça gritante? Quem, portanto, tem o direito de vender a quem quer que seja a menor parcela desse patrimônio comum?”.

601 - Abolição dos aluguéis sempre foi uma pauta dos trabalhadores. É pouco. Defende a expropriação das moradias.

602 - Não é o Estado e sim a iniciativa popular que deve organizar a expropriação e posterior distribuição.

603 - O povo estará armado para evitar uma reação.

604 - E como trazer o bom senso? Acredita que bastaria eliminar os “escritórios”: Mas quando o povo mesmo, reunido nas ruas, nos bairros, nos setores da cidade, se encarrega de fazer os habitantes mudarem dos casebres para os apartamentos muito espaçosos dos burgueses, as inconveniências, as pequenas desigualdades seriam mais levemente consideradas. (tenho minhas dúvidas quanto a todo esse otimismo…)

605 - Injustiças ocorrerão, claro, mas serão menores.

606 - Obviamente a desigualdade entre as moradias, digamos assim, permanecerá, mas devem ser mobilizados esforços diários para saná-las.

607 - Ninguém que tem uma casa obviamente compatível com suas necessidade deve ser expropriado.

608 - (Não sei se quando Kropotkin escreveu isso tudo o capitalismo já não convivia com mais imóveis vazios que sem tetos…)

 

Kropotkin - Anarquismo - BPI:

609 - É o excelente verbete dele sobre anarquismo na “Britânica”. Basicamente é a livre associação no lugar da obediência e o federalismo no lugar do Estado. “... constituirão uma rede composta por uma variedade infinita de grupos e federações de todos os tamanhos e graus, locais, regionais, nacionais e internacionais temporárias ou mais ou menos permanentes -- para todos os possíveis propósitos: produção, consumo e troca, comunicações, arranjos sanitários, educação, proteção mútua, defesa do território, e assim por diante; e, por outro lado, para a satisfação de um número crescente de necessidades científicas, artísticas, literárias e sociais.”

610 - ´É contra o sistema salarial. Crê que o Estado é o que explica a existência de monopólios (principal instrumento para tanto), o que, por sua vez, permite explicar a existência de exploração do trabalho alheio.

 

Kropotkin - O Que a Geografia Deve Ser:

611 - Texto de 1885. Porpõe que a geografia seja ensinada às crianças a partir de relatos humanos, tipo as viagens. Homens enfrentando forças hostis da natureza, por exemplo, gerará a curiosidade quanto ao funcionamento de tais forças.

612 - “As pequenas diferenças de características nacionais, que aparecem especialmente entre as clas-ses médias, tendem a ocultar a imensa semelhança que existe entre as classes trabalhadoras de todas as nacionalidades, semelhança que se converte no fato mais significativo à medida que se obtém um maior conhecimento. É tarefa da Geografia esclarecer essa realidade, e com grande ênfase devido ao contexto de mentiras acumuladas pela ignorância, presunção e egoísmo.” Também se preocupava com a necessidade de quebrar os preconceitos de raça. Seria a terceira tarefa.

613 - A aristocracia - e Kropotkin veio da russa - tolerava essas ideias de Kropotkin. Era aquele estranho curioso e utopista que queriam ter por perto pra dar sensação de diversidade.

614 - Kropotkin, ao contrário de Marx, via a educação universal como algo progressista.

615 -Comentário: Quando consultamos um bom texto sobre como deve ser a educação no século XXI – por exemplo, o excelente trabalho de Edgar Morin ou então o relatório de um grupo de pesquisadores/educadores realizado a pedido da Unesco – logo notamos que ele sublinha que a educação não deve ser um mero ensinamento de conceitos e sim uma oportunidade para o educando aprender a aprender, a ser, a conviver (combatendo assim todas as formas de preconceitos) e a fazer.

 

Kropotkin - Sobre o Governo Representativo ou Parlamentarista:

616 - O regime político é sempre a expressão do regime econômico, coloca.

617 - Junto com o parlamentarismo vêm os direitos? Nada disso. “Liberdade de associacção - tudo isto foi arrancado ao Parlamento à forca, pela agitação, prestes a transformar-se em revolta. Foi por meio das trades-unions, e a greve contra os editos do Parlamento e as execuções pela força no ano de 1813, foi saqueando, há apenas cinquenta anos, as fábricas que os operários ingleses obtiveram o direito de se associarem e de fazerem greve.”

618 - Leis sobre horas de trabalho: “As primeiras leis deste gênero votadas na Inglaterra, não foram extorquidas senão pondo barris de pólvora sob os maquinismos das fábricas.”

619 - A delegação/representação nasceu como algo - um negócio privado - bem delimitado e controlado, sendo inclusive revogável. Na eleição, porém, perde-se o fim específico. Pessoas que mal se conhecem elegem alguém para legislar sobre simplesmente tudo. Os mandatários sequer discutem as propostas, passada a eleição.

620 - Especialistas em nada terão poder para votar sobre tudo…

621 - Passa a descrever como são feitas as leis… Digamos. Tipo as salsichas mesmo…

622 - Elogia aspectos dos primeiros anos das Comunas na Idade Média. (Entendo pouco do assunto). Tudo antes da desigualdade se agravar devido ao comércio e às guerras.

623 - À medida que os pobres iam se tornando cada vez mais pobres, sujeitos cada vez mais aos ricos pela usura, ia-se estabelecendo na Comuna a representação municipal, o governo por procuração, isto é, o governo dos ricos. A Comuna constituía-se em Estado representativo, com cofre municipal, milícia mercenária, condottieri armados, serviços públicos, funcionários.

624 - Diz que uma sociedade nova, baseada na igualdade de condições, não pode ser compatibilizada com o regime representativo.

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