Anarquistas - Textos Diversos XXXV - Anarquia e Organização (Malatesta)
Malatesta - Anarquia e Organização:
660 - Texto de 1927.
661 - A organização outra coisa não é senão a prática da cooperação e da solidariedade, é a condição natural, necessária, da vida social.
662 - Diz que as polêmicas com os “anarcoindividualistas” (eu que estou usando essa expressão) pode ser minorizada, digamos: “Assim é que camaradas, os mais opostos, em palavras, à organização, organizam-se como os outros e amiúde melhor do que os outros, quando querem fazer algo com seriedade. A questão, eu repito, está toda na aplicação.”
663 - O movimento sindical aparece, em Malatesta, como útil e importante para gerar a consciência revolucionária e conseguir conquistas que antecedem a revolução. Trata-se de cooperar com o sindicalismo, portanto. Porém, crê que esse só vai além na base do “empurrão”, sem temer mudanças.
664 - Por que então se opõe a proposta da “plataforma”? Malatesta resume neste parágrafo: “Os meios e as condições de luta diferem muito, os modos possíveis de ação que dividem a preferência de uns e dos outros são muito numerosos, e muito numerosas também as diferenças de temperamento e as incompatibilidades pessoas para que uma União Geral, realizada de modo sério, não se torne um obstáculo às atividades individuais, talvez mesmo uma causa das mais árduas lutas intestinas, ao invés de um meio para coordenar e totalizar os esforços de todos.”
665 - O exemplo que dá é bom. Como reunir na mesma organização uma associação pública para propaganda e uma sociedade secreta (lembrei de todos aqueles critérios desta… recrutamento mais rígido… programa idem… etc.)?
666 - Os pacifistas brigariam com os “violentos” numa mesma organização. Entretanto, ambos podem ser grandes militantes anarquistas se atuarem separadamente.
667 - É pra reunir só os verdadeiros anarquistas? “A verdade anarquista não pode e não deve tornar-se monopólio de um indivíduo ou de um comitê. Ela não pode depender das decisões de maiorias reais ou fictícias.”
668 - Também é contra um comitê executivo dirigente, como propõe a “plataforma”. Malatesta diz que isso é governo e igreja, já que querem inclusive evitar os desvios ideológicos…
669 - O programas da plataforma tinha, para Malatesta (e para mim), alguns dizeres bem complicados. Deu uns exemplos. Um trecho dá a entender que um anarquista só poderia realizar qualquer ação após a aprovação da “União”;
670 - Também não gosta da ideia de Congressos com delegados tomando decisões pelos anarquistas: “Os anarquistas fizeram mil vezes a crítica do governo dito de maioria, o que, na aplicação prática sempre conduz ao domínio de uma pequena minoria. Será preciso que eles a refaçam para o uso de nossos camaradas russos?”
671 - No anarquismo, a aceitação de um resultado qualquer de votação por parte de uma minoria não pode se dar por regra estatutária, e sim, tão somente, devido à livre flexibilidade desses companheiros, compreendendo que a decisão foi tomada de forma justa e tal.
672 - ...Congresso não deve impor deliberação a ninguém. Servem para ampliar camaradagem, aprofundar estudos, colocar análises de conjunturas locais em contatos e formular opiniões e estatísticas. São proposições e conselhos, o que sai de um congresso.
673 - E quais são as bases que Malatesta propõe? (Para não ficar só na crítica) Plena autonomia, plena independência e, conseqüentemente, plena responsabilidade dos indivíduos e dos grupos; livre acordo entre aqueles que crêem ser útil unir-se para cooperar em um trabalho comum, dever moral de manter os engajamentos assumidos e de nada fazer que esteja em contradição com o programa aceito.
674 - Mais. Numa organização anarquista, cada membro pode professar todas as opiniões e empregar todas as táticas que não estejam em contradição com os princípios aceitos e não prejudiquem a atividade dos outros. Em todos os casos, determinada organização dura enquanto as razões de união forem mais fortes do que as razões de dissolução, e dê lugar a outros agrupamentos mais homogêneos.
675 - O final diz que não dá pra ser um anarquista impaciente. Não dá pra abrir mão do meio devido ao fim. Resultaria em mais uma falsa vitória para os revolucionários.
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