Anarquistas - Textos Diversos XIX
Eric Vilain - A Questão Econômica (Marx):
362 - É um dos artigos do livro “Os anarquistas julgam Marx”. Propõe ser, sim, possível certa síntese entre o anarquismo e o pensamento de Marx.
363 - Afirma que o materialismo de Engels é mais “ortodoxo” que o de Marx. Não entendi o porquê.
364 - O “é a vida que determina a consciência”, do “A Ideologia Alemã”, significa mais ou menos isto aqui: “o materialismo implica que, na base de todas as ações humanas, se encontrem causalidades que têm suas raízes nos fatos reais - materiais - da sociedade, no caso presente, principalmente nos fatos econômicos, e não nas idéias, nas convicções ou até mesmo na vontade dos homens”.
365 - Materialismo não implica determinismo porém. Ou seja, a história não está toda escrita. (Como é possível saber se está ou não? Nunca entendi certas certezas filosóficas…)
366 - Segundo Asnart, na obra ‘Marx e o Anarquismo’, o “reconhecimento da pluralidade das determinações nào é, em Marx, uma concessão à complexidade de experiência, mas sim, seu método explícito em suas análises empíricas"
367 - Associa “dialeticidade” a evolucão necessariamente (o movimento nunca é estático). E esta se dá a partir das contradições.
368 - Ou seja, o texto interpreta tudo resumidamente assim: “As contradições da sociedade, resolvendo-se por uma sucessão de sinteses que constituem progressos históricos em relação às situações anteriores, e o proletariado sendo a última classe social da história cuja emancipação corresponderá à emancipação de toda a humanidade, resulta em que chegará um momento onde não haverá mais antagonismos, evolução, síntese, história.” (se for isso mesmo, resumir a história à luta de classes não é algo um tanto quanto pretensioso não? É como se só isso importasse. E olha que sou adepto da ideia de que é a maior tarefa. Pode ser só uma discussão sobre nomes também. Inicia-se outra história que não é mais “história”... Se for essa discussão, tou fora)
369 - Um rodapé pretende demonstrar que Marx não é determinista, pois, em várias análises, o alemão identificou classes agindo diferentemente do que seria o esperado (determinado por interesses materiais): "Na França, o pequeno-burguês faz o que normalmente deveria fazer o burguês industrial; o operário faz o que normalmente seria a tarefa do pequeno-burguês, e a tarefa do operário, quem a realiza? - Ninguém." (As Lutas de Classe na França).”
370 - Acusa Marx e Engels de otimismo filosófico - seria inclusive uma contaminação do seu tempo - e, por isso, incapazes de reconhecer a possibilidade de regressos históricos. Diz que a queda de Roma mostra que o modo de produção posterior nem sempre é mais evoluido. (Não era? Não sei se esse argumento vale)
371 - Marx: "Nunca uma sociedade expira antes do desenvolvimento de todas as forças produtivas que ela é capaz de conter". Por quê não? Não sei. Ela não pode cair por fatores políticos, militares, etc.? Não há nessa frase um determinismo?
372 - Não entendi bulhufas de parte da defesa que ele faz de Proudhon.
373 - Em Miséria da Filosofia, Marx censura Proudhon pelo abandono da análise histórica e sua escolha por uma sucessão abstrata dizendo respeito ao domínio da razão pura. Afirma que Marx agarra o método do censurado (décadas depois, em “O Capital”): “É precisamente este método que retomará Marx em O Capital, eliminando as ambigüidades do vocabulário proudhoniano. Ele renunciará a tudo que tinha declarado em A Ideologia Alemã e em Miséria da Filosofia, para substituir a análise dialética pelo modelo proudhoniano”. (E eu ainda não entendi qual a diferença prática entre os métodos…)
374 - Acusa Proudhon de não ter percebido a importância das lutas operárias (diz que Proudhon disse que suas consequencias eram facilmente neutralizadas), eis que estas podem gerar redução da jornada de trabalho, por exemplo, o que é um avanço concreto.
375 - Já aqui eu achei o ponto de vista do autor do texto extremamente interessante: “Porque a infra-estrutura econômica não é única a determinar a ação dos grupos sociais; porque as ilusões, as crenças, os medos representam um papel é que o método analítico, válido ao nível econômico, dá lugar ao método dialético, que apreende os atores sociais em sua especificidade. (Por aqui a dialética me parece o oposto do mecanicismo ou do determinismo. Na minha cabeça visualizo dois trampolins. A capacidade de impulsionar de cada um é o “contexto econômico”, digamos, mas a pessoa do trampolim mais fraco pode até pular mais alto se botar mais força e jeito nas pernas)
A verdadeira dialética marxista é talvez aquela que une esses dois métodos de investigação, um analisando o sistema capitalista em seus mecanismos, o outro descrevendo os atores da história real na abundância de suas determinações, e que considera estas determinações em seu movimento.”
376 - Enfim, resumindo, defende que Marx fez no “O Capital” justamente o que ele criticou em Proudhon ao escrever (Marx) A Miséria da Filosofia.
377 - “Kropotkin partiu da idéia que o motor da história não é a luta de classes entre si, mas a tendência dos homens de se solidarizar para sobreviver.”. (Me deu vontade de pedir: fale mais sobre isso)
378 - Kropotkin: “É preciso que a ação revolucionária, vinda do povo, coincida com o movimento do pensamento revolucionário, vindo das classes instruídas”.
379 - O mero emprego do bom método não garante necessariamente resultado bom: “É o erro idealista que cometeram numerosos marxistas considerando o materialismo histórico como uma arma infalível. É o uso que se faz de uma arma que lhe confere sua eficácia.”
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