Anarquistas - Textos Diversos XXIX
Jeffrey Arnold - Anarquia é Ordem:
522 - Texto de 2004. O terrorismo era uma parte acessória (e não necessária) do anarquismo, porém foi muito útil para demonizá-lo. “O anarquismo contou certamente com assassinos e fazedores de bomba, figuras como Ravachol e Emile Henry, no século XIX, e Leon Czolgosz, que matou o presidente estadunidense McKinley, em 1901.”. A longa tradição é pacífica, desde Godwin, passando por Proudhon, Kropotkin e Tolstoi.
523 - Em Proudhon, anarquia é ordem. Vem dele. A sociedade busca ordem na anarquia, diz.
524 - Em Tolstoi, das leis não surge nada de bom. Leis representam a aptidão daqueles que estão no poder de usar a violência para lhes efetivar práticas lucrativas.
525 - Anarquismo hoje em dia. Conscientemente ou não, rola muito a estratégia das zonas autônomas: “São realizadas tentativas de abordar residentes locais com escolas gratuitas, refeições comunitárias, troca de roupas e mesas de bens gratuitos. A visão mais ampla inclui estender esses espaços autônomos a um número cada vez maior de bairros, na medida em que os recursos e condições o permitam”.
526 - Muitos anarquistas ocupam posições marginais, indo até ao extremo dos “mergulhos no lixo” para sobreviver. Muitos por opção.
527 - O texto me parece ter o problema de considerar tudo como “anarquismo”: “Os participantes são estimulados a identificar problemas locais e a ampliar e unir ações FVM (faça você mesmo) individuais, como salvar um parque ou limpar um terreno abandonado, com as quais já estão envolvidos.”
Jo Freeeman - A Tirania das Organizações Sem Estrutura:
528 - Observa que sempre surgem estruturas, ainda que informais (e, em verdade, as informais estão presentes mesmo nos grupos de estruturas formais). Defende estruturas explícitas, para que as regras de deliberação sejam abertas/acessíveis.
529 - Quando se sabe quem é importante consultar antes da decisão ser tomada e a aprovação de quem é garantia de aceitação, então se sabe quem está mandando.
530 - Coloca que as elites surgem mais de identidades entre amigos que resolvem fazer a mesma atividade que propriamente de conspirações. O vínculo de amizade torna difícil quebrar a elite.
531 - Redes de comunicação informal por meio de amigos podem virar verdadeiras instâncias decisórias, substituindo ou tornando desnecessária a rede formal. Tudo isso é um problema quando o grupo não é formado exclusivamente por tais amigos.
532 - Há, ainda, o risco das pessoas serem escutadas porque são legais e/ou pertencem ao grupo de amigos. A fala deixa de ser julgada pelo seu conteúdo.
533 - Apenas três técnicas foram desenvolvidas para estabelecer a opinião de grandes grupos: o voto ou o referendo, o questionário de pesquisa de opinião pública e a seleção, num encontro apropriado, de porta-vozes do grupo.
534 - Grupos inestruturados podem ser muito eficazes para fazer as mulheres falarem sobre suas vidas, mas eles não são muito bons para fazer as coisas acontecerem. (...) Enquanto os grupos de amizade forem o principal meio de atividade organizacional, o elitismo se torna institucionalizado.
535 - Não sei com qual frequência se verifica, mas é uma hipótese: “quanto mais adere a uma ideologia de "ausência de estrutura", mais vulnerável está a ser tomado por um grupo de companheiras oriundas de organizações políticas”.
536 - Faz uma série de propostas. Esta aqui exige preferencialmente a livre manifestação de interesse prévia - também a análise das habilidades deve ser levada em conta: delegação, por meios democráticos, de autoridade específica a indivíduos específicos para tarefas específicas. Qualquer polêmica, porém, o grupo terá a última palavra.
537 - Quanto mais distribuição de autoridades (variadas), melhor. Ademais, certo nível de rotação de tarefas é muito bem vindo desde, é claro, que a pessoa tenha tempo de ir aprendendo as coisas antes de passar para a outra tarefa da “roda”.
538 - As pessoas devem ter a oportunidade de aprender habilidades que não possuem, mas isso é melhor implementado por uma espécie de programa de "aprendizes" do que pelo método do "ou nada ou afoga".
539 - Informação é poder. A difusão de informação tem que ser a mais ampla possível.
540 - Por fim, deve-se perseguir o “acesso igualitário aos recursos necessários ao grupo”.
John Moore - Maximalismo Anarquista - Anarquismo Maximalista - BPI:
541 - Não sei bem a utilidade prática da diferenciação que ele propôs. Maximalista seriam os anarquistas que querem mexer em todos os aspectos da vida cotidiana. (Algum não quer?).
542 - Diz que os maximalistas dão prioridade à questão psicológica. A pergunta fundamental deles é “por que as pessoas desejam a opressão?”... Diz que o discurso político é limitado e essa vontade de controlar tudo não leva a nada. Os seres humanos seriam reféns primeiramente de seus desejos e irracionalismos e, apenas depois, da razão, daí a luta ter que se concentrar na psicologia anarquista…
543 - (Eu obviamente discordo disso e poderia discorrer algumas linhas, mas, de toda forma, acho importante estar atento a algumas coisas nesse sentido para poder temperar o racionalismo)
544 - Assim, propõe transformar a arte, desmercantilizando-a, colocando a arte a serviço dessa libertação anárquica, digamos.
545 - Diz que as faculdades racionais das pessoas estão bloqueadas, sendo portanto ineficaz centrar a ação na luta objetiva.
546 - Não explica bem o porquê, mas diz que isso não é “de maneira alguma, o mesmo processo de manipulação do desejo inconsciente, dos medos e ansiedades como é no fascismo”.
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