Anarquistas - Textos Diversos XXVI


Isabelle Felici - A Verdadeira História da Colônia Cecília de Giovanni Rossi:

485 - Já li e fichei em “dados relevantes…”.

 

Jaime Cuberos e o Movimento Anarquista Brasileiro:

486 - Entrevista de 1997 com o anarquista brasileiro, meses antes de sua morte. Tinha 70 anos na época.

487 - Com onze anos, trabalhava dez horas por dia numa fábrica. Ao fim do dia, fazia umas reuniões e leituras coletivas com os amigos.

488 - A partir daí, desenvolvemos essas actividades de leituras comentadas e resolvemos um dia, já adolescentes com 16/17 anos, criar (sem contactos nenhum com o movimento anarquista) o que pomposamente resolvemos chamar de "Centro Juvenil de Estudos Sociais". Convidávamos para aí conviver todas as moças das nossas relações. As pessoas diziam que o que queríamos era "paquerar" (namorar) as raparigas. E de facto, dali saíram algumas uniões, inclusive a minha com a Maria (companheira da minha vida), a do Liberto com minha irmã e outras. Foi aí que começou tudo.

489 - Além das leituras, mais tarde foi criado um grupo de teatro.

490 - O problema da entrevista, até aqui, é que são citadas diversas atividades sem detalhar, porém, objetivos, estratégias e impactos reais de cada uma. Ex: “Depois ainda fiz parte também do jornal "A Plebe". Tínhamos uma actividade tremenda. Não havia descanso. Trabalhávamos de segunda a segunda. Fazíamos a nossa propaganda via teatro, jornais e comícios que convocávamos para recintos mais ou menos fechados”.

491 - Afirma que, após a ditadura varguista, até tentavam influenciar e participar das reuniões dos respectivos sindicatos (ele era do “dos sapateiros”), mas os comunistas eram muito resistentes à ação direta e se impunham.

492 - Dá exemplo da força que o movimento anarquista já teve no Brasil, a greve de 17: “A proporção dessa greve foi enorme. Após a morte de um operário espanhol chamado José Martinez, assassinado pela polícia, no seguimento do enterro dele foi aí que eclodiu o movimento. Chegaram a participar nessa greve mais de 200 mil pessoas quando a cidade pouco mais tinha que 400 mil. Logo, mais de metade da população da cidade envolveu-se na greve. Foi a maior greve geral da história do Brasil.”

493 - Cita o comício de outubro de 34 dos integralistas. A intenção era simular a “marcha sobre Roma” e esperavam centenas de milhares de pessoas. Mulheres e crianças na frente, pois tinham medo das forças de esquerda atirarem. Estavam armados inclusive. Porém, um anarquista esperou “o escudo” passar e abriu fogo contra a “marcha”, matando seis pessoas e dispersando tudo aquilo. Ou seja, apesar da repressão estatal (principal fator de refluxo segundo o entrevistado) e do PCB (que soube inclusive continuar nos sindicatos varguistas), o anarquismo brasileiro não estava “morto” na década de 30.

494 - Após a II Guerra: “Muitas actividades como conferências, cursos e outras. Em São Paulo chegámos a ter milhares de alunos”. As atividades de teatro juntavam centenas de pessoas.

495 - Policiais infiltrados costumavam participar de reuniões do CCS.

496 - Na segunda ditadura, tudo era mais clandestino. A polícia aparecia ainda mais e diziam ser meras reuniões/aulas sem fins políticos, apenas culturais. E realmente era difícil ir além das peças, discussões de temas e afins.

497 - Anos 50/60 e a greve que os jornalistas fizeram, inclusive com piquetes para impedir a circulação dos jornais, em apoio aos gráficos: “Depois de a greve terminar, só no Rio foram demitidos cerca de 80 jornalistas. O representante do nosso sindicato marcou um encontro com o Roberto Marinho com o objectivo de sermos readmitidos.”

498 - Roberto Marinho tentou cooptá-lo se declarasse arrependimento hehe. A resposta é sensacional. Vale ler no texto.

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