João Bernardo - Textos diversos - Parte IV


A Propósito da Economia dos Conflitos Sociais:

146 – Mais um de 1992. Em JB, o “ciclo longo da mais valia relativa” é a assimilação pelo capital de uma novidade trazida na luta da classe trabalhadora. A relação autonomismo e toyotismo é um exemplo, creio.

147 - Dá um resumão das teses do livro. Serve mais pra dar vontade de ler que pra explicar.

 

Depois do Marxismo, o Dilúvio:

148 – Também 1992. Afirma, entre várias coisas, que na década de 30 o “marxismo da URSS” - sua centralização política do planejamento econômico - gozou de grande prestígio e era de certa forma imitado - virou corporativismo em outros países - por ser o único a conseguir grandes taxas de crescimento durante o Crash de 29. Parecia ser o capitalismo do futuro. Talvez isso explique os desesperos dos Schumpeters e Hayeks da vida.

149 - Afirma que o crescimento do mercado de ações levou a uma dispersão e fragmentação dos “proprietários”. Ou seja, a concentração econômica (do lucro e tal) até existe, mas não o “cada vez menos proprietários” do marxismo. Acho que ele tem razão. Boa ponderação.

150 - Ademais, como bem sabemos, “O grande capital deixou de se apropriar formalmente das entidades menores e tem-nas mantido num quadro juridicamente autónomo, que encobre uma completa dependência.”

151 - Cita dos dados referentes a porcentagem absurda das transações entre transnacionais e filiais no que se crê ser negócio entre países. Coloca que nenhum governo consegue regular isso, pois pelo seu poder acabam atraindo capitais nacionais. Se algum governo se opõe a isso, enfrentará reprovações.

152 - Para JB, os gestores também são capitalistas, isso por exercerem controle sobre o tempo alheio.

153 - Define de forma bem diferente o “trabalhador produtivo”: “todo aquele cujo trabalho se insere num sistema de organização que lhe retira o controle sobre o seu próprio tempo”.

154 - Ao fim tem um longo trecho que é simplesmente outra versão bem parecida do “a legitimidade democrática do fascismo”.

155 - Um dizer de Samuelson bem vale para mostrar o poder político das transnacionais hoje em dia. “Um dólar vale um voto”.

156 - A Suprema corte dos EUA inclusive proibiu limitações ao financiamento privado de campanha por ferir a 1ª Emenda. Seria um limite indevido à liberdade de expressão. E quem pode se expressar? As empresas.

157 - Em tal contexto, explica-se o absentencionismo eleitoral. Pra quê votar se o poder não está ali?

158 - Não, no mundo atual, uma livre concorrência clássica e sim uma planificação pluricentrada.

 

Desagregação do Sistema Soviético e Transformação das Formas de Propriedade:

159 – Para uma revista de administração de empresas de 1993.

160 - Bresser Pereira de certa forma identifica os gestores. Chama de “tecnoburocracia”.

161 - Algo mais para entender de onde surgem os gestores - das estatais, mas também do mercado de ações: “Fragmentada a antiga propriedade burguesa numa multiplicidade de parcelas ínfimas, que não conferem aos detentores nenhum poder de decisão, este passou a caber inteiramente aos gestores das empresas.”

162 - Importante: “Em 1963, 59% das acções das sociedades britânicas com cotação oficial estava nas mãos de particulares, reduzindo-se a 37,5% em 1975 e, em 1984, a 23%. O resto pertencia sobretudo a instituições de poupanças, como companhias de seguros e fundos de pensões, além de empresas estrangeiras. Os particulares preferiam canalizar as suas economias para aquelas instituições, de maneira que o número total de accionistas individuais diminuiu no período considerado. Eram 2,5 milhões em 1966, 2,1 em 1973 e 2,0 em 1980, número que se mantinha em 1983.”

163 - Nos EUA de 1987, 27% dos adultos eram proprietários de ações.

164 - Por fim, trata minuciosamente dos processos de privatização no Leste Europeu, China e etc. Como os fundos de investimento viraram uma febre.

165 - Com a dispersão de ações, os gestores ganham ainda mais autonomia.

166 - Sobre o processo “mafioso” de privatizações no Leste, a “The Economist” assim se posicionou: "Não é perseguindo os semi-criminosos que constituem a base da classe capitalista ucraniana que se pode favorecer as reformas. Pelo contrário, e ainda que seja difícil para os políticos aceitar o facto, deve manter-se um ambiente empresarial aberto".

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