João Bernardo - A Legitimidade Democrática do Fascismo - Parte I

 

A Legitimidade Democrática do Fascismo:

113 – Artigo de 1992. Afirma que logo após a Revolução Francesa (1971) o patronato, digo, o Estado, proibiu a associação livre de trabalhadores ao mesmo tempo que facilitou a das empresas, que passaram a investir em políticas paternalistas, o que, ao contrário do que parecia que iria ocorrer com a proibição de algo como sindicatos, acabou resultando na não-dispersão dos trabalhadores, agora sob a vigilância dos patrões. Construiam bairros operários e coisas do tipo. Para JB, isso é a cara do fascismo.

114 - Crê que há três tipos de fascismo. “Regimes como, por exemplo, o salazarismo em Portugal, a regência de Horthy na Hungria, o reinado de Carol II na Roménia e também, durante a ocupação alemã da França, o governo de Vichy, reduziram a um mínimo a componente populista”. Não se apoiaram nas grandes massas, seus desfiles e etc. Era mais uma questão de reforço da autoridade e do nacionalismo, como o disse uma vez Salazar.  Preferia-se manter a população na indiferença política.

115 - Logo após a Revolução Francesa (1791) a aptidão para votar se baseava em critérios de propriedade e/ou pagamento de impostos em determinado limite mínimo.

116 - Ainda sobre os tipos de fascismos… Se o conservador adorava critérios censitários, o populista foi uma continuidade das formas burguesas radicais assentes no sufrágio universal.

117 - Necessário não perder de vista o que acontece no sufrágio universal: “Deste modo o poder que a camada dirigente já antes detinha é apresentado como se procedesse de uma população que jamais o deteve.”

118 - Em 1972, o sufrágio universal masculino ganhava corpo na Revolução.  JB vê clara ligação entre o fascismo populista e o jacobinismo radical. “Robespierre foi o primeiro dos dirigentes políticos modernos a fundir num processo único o culto do chefe e a fragmentação popular subjacente ao sufrágio universal".

119 - Trecho muito bom sobre o antiparlamentarismo do fascismo: “Esta crítica correspondia, por um lado, aos ódios daqueles aristocratas que não tinham conseguido operar uma reconversão económica e que o desenvolvimento do capitalismo arruinara; na extrema-direita do leque político, a sua hostilidade ao parlamento dos ricos vinha do facto, para eles indesculpável, de se tratar de novos-ricos. Mas o anti-parlamentarismo dos populistas seduzia também, na outra ponta do espectro, muitos activistas do movimento operário; transmutavam para o campo moral os temas da luta de classes e o combate à exploração económica apresentava-se então como uma mera denúncia da corrupção.”

120 - O romantismo trabalha com a ideia do artista acima da sociedade. Assim, o grande louco criador é louvado, por mais que não se possa entendê-lo em termos estritamente racionais. O populismo fascista aproveitou isso e apresentou seu chefe como um artista da política. Hitler inclusive afirmava essa identidade entre arte e política sem qualquer cuidado.

(continua...)

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