Libertários - Textos Diversos XXV (Tragtenberg)
Mauricio Tragtenberg - A atualidade de Errico Malatesta:
521 - Durante a II Internacional, Malatesta denunciou que a socialdemocracia estava a se tornar “cão de guarda” do sistema opressor. Não espante que tenham matado Rosa e espartaquistas.
522 - Após 1874, a repressão italiana ganha força e persegue internacionalistas e afins.
523 - Militou a vida toda. Na Europa, de volta da Argentina, participa do movimento operário na Espanha, Bélgica e França, insistindo na auto-organização do trabalhador a partir do local de trabalho, como elemento fundante de sua ação político-social.
524 - Apresenta o Partido Social-Democrata Alemão como, essencialmente, um partido de burocratas e tecnocratas.
525 - Para Malatesta, a solidariedade no processo produtivo é a base da solidariedade no social e político. (Estas últimas seriam passíveis de desenvolvimento sem, antes, a primeira? É algo a se pensar)
526 - Preso por Mussolini em 1921, estava com 70 anos e continuava a sobreviver exercendo a profissão de mecânico e eletricista, espantando a burguesia italiana, que tinha dificuldades em enxergar naquele operário idoso e gentil o “terrível” Malatesta.
Maurício Tragtenberg - A contribuição de Freud Para o Esclarecimento do Fenômeno Político:
527 - Para Freud, o Estado tem a ver com a "nostalgia do pai". O governo não surge de um contrato social, mas, de uma resposta contra-revolucionária, que emerge após a queda do governo patriarcal e representa o desejo majoritário dos cidadãos-irmãos, não é uma manifestação de prudência do grupo. Os mitos do contrato social, no universo psicanalítico, podem ser vistos como reafirmação da vontade do pai acima dos impulsos rebeldes dos filhos.
528 - Em Freud, parece haver uma dialética entre repressão e rebelião que leva a novas repressões. A liberdade procurada é a liberdade para se tornar um amo. Os impulsos conscientes de rebelião, para Freud, originam- se na inveja.
529 - Para Freud (contra Marx): (...) fatores psicológicos, como o excesso de tendências agressivas constitucionais, a coerência organizatória da horda e a posse das armas, decidiram a vitória; os vencedores se transformaram em senhores e os vencidos em escravos; isso exclui o domínio exclusivo dos fatores econômicos.
530 - Em Freud, o líder atua como um "centro" para organizar vidas que procuram um sentido.
531 - Tragtenberg critica essas e outras ideias de Freud: Freud vincula o fenômeno político aos delírios paranóicos, no exagero da importância de uma pessoa. Partir da participação libidinal é, para ele, decifrar a genética do poder.
532 - A grande receptividade da Psicanálise nos EUA consistiu no fato de ela postular a vinculação das idéias de mudança social à conduta neurótica, assim, revolucionário, seria aquele que estivesse em rebelião contra o seu pai. O público e o aspecto social mascaram "conteúdos latentes", as ideologias revolucionárias seriam "racionalizações" de complexos edípicos.
533 - Freud trata a sociedade como um bando de criancinhas, digamos. Na medida em que a sociedade mantém sua coesão graças ao sentimento de dependência e respeito pelo líder, possui um fundamento autoritário. A sociedade para Freud é sempre uma sociedade de desiguais, a igualdade é vista como utópica.
534 - Encara o auto-sacrifício como doença. Sua tarefa consiste em controlar o custo entre o princípio de prazer (satisfação) e o princípio de realidade (renúncia), nisso define-se a Psicanálise como terapia e doutrina.
535 - Tragtenberg vê Freud da seguinte maneira: “A medida psicológica, para ele, não é perfeição social, é a saúde individual. Há luta individual pelo auto-domínio; a psicoanálise é a vitória do ego (consciente) sobre o id (inconsciente), condição do domínio sobre o ambiente.”
536 - Na medida em que, para ele, a liberdade é um estado psíquico, sua possibilidade de existência se dá em qualquer sociedade. Assim, pode haver escravos livres em Roma Antiga como cidadãos escravizados na Europa.
Maurício Tragtenberg - Delinquência Acadêmica:
537 - Já li e fichei duas vezes. Em 2010 e na pasta “Educação Popular”.
Maurício Tragtenberg - Introdução a Rudolf Rocker - Socialismo ou Estatismo:
538 - Rocker é não respeitar a ordem, mesmo que se diga revolucionária. É ainda ter a igualdade como base para a liberdade.
539 - Rocker discute a espinhosa questão do “Estado de transição”, iniciando por uma crítica ao “socialismo de Estado” de Louis Blanc e Lassalle que pretendiam utilizar o Estado burguês para acelerar a mudança social, pretensão essa retomada pelos partidos social democráticos da II a. Internacional e pelo “euro comunismo”, uma social democracia “recuperada”.
540 - Tragtenberg (não sei se “confere” tudo que ele disse a seguir): É mister esclarecer que o conceito de “ditadura do proletariado” é de Blanqui e foi desenvolvido por Lenin num sentido mais blanquista que marxista, como notou Rosa Luxemburgo em “A Revolução Russa”. Embora Marx tenha utilizado o conceito “ditadura do proletariado” na Crítica ao Programa de Gotha, o fez raramente depois. Entre a definição marxista e a leninista do conceito há uma diferença básica: Marx caracteriza como “ditadura do proletariado” uma forma de sociedade, enquanto Lenin caracteriza-a como uma forma de governo. Dai ter usado a “Comuna” como exemplo, embora os anarquistas acusem-no (Marx) de querer simplesmente se apropriar do grande evento. Enfim, de não ser sincero.
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