Libertários - Textos Diversos XV

 

Jacques Camatte - A Errância da Humanidade:

277 - Texto de 1975. O autor foi da esquerda comunista italiana e atuou com Bordiga.

278 - Crê (erroneamente? exageradamente?) que a lei do valor e a distinção entre valor de troca e de uso estão cada vez mais superadas/nebulosas: Além disso, o consumo é a utilização não só de produtos materiais, mas principalmente de representações que cada vez mais estruturam os seres humanos como seres de capital e revitalizam o capital como representação geral. Os preços não têm mais a função que tinham no período de dominação formal do capital, quando eram representação de valor; eles se tornaram meros índices ou signos de representações do capital.

279 - Diz que o capital praticamente negou as classes visto que o capitalista como pessoa foi eliminado… O que há são apenas gangues do capital mediadas pelo Estado… A tarefa do proletariado teria, assim, se encerrado. Nas palavras dele, o capital realizou a negação das classes - mediante a mistificação, posto que ele assimila os conflitos e colisões que caracterizam a existência de classes.

280 - (Ele faz muitas afirmações extremamente pretensiosas e traz pouco elementos para suportá-las. Isso em várias partes. Tira, por exemplo, várias conclusões sobre Marx, como a de que sua “ditadura” era uma reforma dentro do capitalismo baseada principalmente na redução de jornada, sem trazer qualquer trecho que mostre isso. No geral, não gostei)

281 - Livro de 1892 de H. Mueller: “Este livro mostra claramente a dualidade-duplicidade de homens como Bebel, que se expressava como "direitista" no parlamento e como "esquerdista" nas reuniões com os operários; para um público dizia que só depois de muito tempo os princípios do socialismo poderiam ser realizados, para outro público dizia que o socialismo era iminente. Este livro também é interessante porque contém posições que foram depois assumidas pelo KAPD (Partido Comunista Operário da Alemanha).”

282 - Vê diversas consequências na expropriação humana (enquanto trabalhador com seus meios e enquanto membro de uma comunidade), sendo o homem atual mero realizador de trabalho abstrato. Exemplo de consequência de relação complexa: “O homem, tornado um ser abstrato, tem paixão pela música que ainda preserva a sensualidade ancestral (daí a popularidade do jazz e da música sul americana)”. (Será? Uma boa hipótese)

283 - ... O que é o subconsciente senão a vida afetiva-sexual do ser humano reprimida pelo capital? O ser humano deve ser domesticado, formatado a uma racionalidade que ele tem de internalizar - a racionalidade do processo de produção do capital. Assim, crê que o inconsciente não existiu sempre…

 

Jacques Camatte - Revolução:

284 - Este é de 1972. Texto na mesma linha do anterior. Afirmações grandiloquentes e sustentação evidente zero.

285 - Contra a forma partido, propõe a unificação das diversas lutas.

 

Jacques Távora Alfonsin - Entre o Menino Jesus e o Papai Noel:

286 - Na verdade, é um conto. Atualiza a história de Jesus no Natal. Daria um filme social.

 

João Bernardo - Sobre o Filme A Onda:

287 - O fascismo é a política da emoção. O ritual que anula o individuo em nome de uma ordem coletiva. Gestos. Depois um uniforme… O socialismo de alfaiate, para mascarar as diferenças sociais.

288 - Vida privada foi eliminada. Ademais, as aulas deixaram de ser − ou de pretender ser − a transmissão ou a partilha de um conhecimento e converteram-se na mera afirmação da identidade do grupo.

289 - O carisma não emana do chefe, é-lhe dado pelos que acreditam nele e que não têm consciência de que recebem de volta no plano simbólico aquilo que lhe concederam no plano real.

290 - O fascismo mobiliza os fracos e incapazes que se sentem fortes em grupo. Muito baseado em ressentimento, costuma mobilizar gente que odeia os ricos e despreza os pobres.

291 - Fascismo como revolta dentro da ordem: “Do mesmo modo, aquele fascismo escolar surgiu no interior da hierarquia docente e contou com a protecção discreta, embora significativa, da directora da escola, numa ocasião em que o barulho dessas estranhas aulas começara a incomodar os professores conservadores que davam aulas ao lado”.

292 - Passei aos comentários do artigo no site. “Feito para a televisão, ‘A onda’ [The wave], foi baseado em um incidente real ocorrido em uma escola secundária norte-americana em 1967, em Palo Alto, Califórnia”.

293 - JB: Após a segunda guerra mundial, uma das figuras mais representativas do fascismo não só francês como europeu, Maurice Bardèche, que era aliás um intelectual de mérito, especializado na obra de Balzac, escreveu que existem hoje «milhares de homens que são fascistas sem o saber» (Qu’Est-ce que le Fascisme?, Paris: Les Sept Couleurs, 1961, pág. 12), acrescentando que «desde que a palavra fascismo não seja pronunciada, não faltam os candidatos ao fascismo» (pág. 160). Com efeito, salvo grupúsculos insignificantes de lunáticos, quem hoje se intitula seriamente fascista? Esta constatação explica o que eu pretendi dizer quando mencionei «o fascismo difuso no quotidiano e que só entendemos como fascismo depois de ele já estar instalado».

294 - Fascismo adora apelar para questões morais: Um ensaísta norte-americano, Mencken, escreveu um dia que pretender resolver o problema da corrupção elegendo políticos honestos é o mesmo que pretender resolver o problema da prostituição enchendo os bordéis de virgens.


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