Libertários - Textos Diversos XX - A Revolução Operária (Makhaisky)

 

Makhaiski - A Revolução Operária:

407 - Este já é de 1918. Ainda meio repetitivo, mas tem passagens muito boas.

408 - Entretanto, afirma a ciência comunista-marxista, a história não conhece outro meio de emancipação; até agora todas as classes liberaram-se por meio da conquista do poder do Estado. É assim que a burguesia obteve sua hegemonia na época da Revolução francesa.

Os eruditos comunistas negligenciaram um pequeno detalhe: todas as classes que foram libertadas na história eram as classes possuidoras, enquanto a revolução operária deveria garantir a hegemonia de uma classe não-possuidora. A burguesia não ocupou o poder do Estado senão depois de ter acumulado, no curso dos séculos, as riquezas cuja amplitude nada deixava a desejar com relação à de seus opressores, a nobreza; é somente por esta razão que a conquista direta do poder aparecia-lhe como a instituição efetiva de sua dominação, como o fortalecimento de seu império.

409 - Os "tribunais revolucionários" dos sans-culottes parisienses condenavam cotidianamente à morte muitas dezenas de inimigos do povo, e conclamavam a atenção dos pobres para o espetáculo das cabeças tombando do cadafalso, embora eles continuassem pobres e servis; igualmente agora, na Rússia, se adormece as massas operárias com detenções de burgueses, de sabotadores, com o confisco de palácios, com a coação da imprensa burguesa e espetáculos terroristas parecidos aos dos jacobinos.

410 - O poder que escapa aos capitalistas e aos grandes proprietários de terras não pode ser tomado senão pelas camadas inferiores da sociedade burguesa – pela pequena burguesia e a intelligentsia, na medida em que detêm os conhecimentos indispensáveis para a organização e a gestão de toda a vida do país.

411 - Qual seria então a saída? “Enquanto a intelligentsia continuar como antes, única detentora dos conhecimentos e da direção do Estado e da produção, a classe operária terá que levar uma luta pertinaz contra ela, a fim de elevar a remuneração de seu trabalho até o nível dos intelectuais (...) A emancipação completa dos operários realizar-se-á quando aparecer uma nova geração de pessoas, instruídas de maneira igual, decorrência inevitável da igual remuneração do trabalho manual e intelectual, dispondo todos assim de meios equivalentes para educar seus filhos”.

412 - Afirma que os bolcheviques até meados de 1917 sequer pensavam num golpe de Estado socialista. Eram legítimos socialdemocratas, dá a entender. Diz que ambos compartilhavam o projeto da democratização do sistema, e não da destruição do mesmo.

413 - No início da Revolução de Outubro, os bolcheviques não conseguiram domar sequer a “inteligência”. Porém, segundo o autor, as coisas foram mudando: “a intelligentsia deixava de rebelar-se pela simples razão de que o bolchevismo não se mostrava tão terrorífico como nas jornadas de Outubro. Todos compreenderam que as declarações sobre a igualdade dos salários entre intelectuais e operários, e os decretos e ameaças do mesmo gênero, eram apenas demagogia para atrair as massas operárias”.

414 - Visão dos bolcheviques: Ainda que a intelligentsia, em momentos decisivos como as jornadas de Outubro, tenha-se reconhecido como inimiga tão feroz da revolução operária quanto os próprios capitalistas, segundo a convicção dos socialistas, ela não teria feito, no caso, outra coisa que trair seus "interesses proletários", desviando-se provisoriamente e, portanto, não devendo-se declará-la "inimiga de classe" dos proletários.

415 - Trecho importantíssimo: Os bolcheviques deram pouca atenção ao fato de as greves dos intelectuais terem sido sustentadas financeiramente pelos capitalistas. Os sabotadores decidiram descansar no que diz respeito aos seus salários. Se eles não tivessem sido pagos, eles se veriam reduzidos à fome. Contudo, a revolução operária, que visava limitar os salários faraônicos dos altos funcionários, em nada os ameaçava.

416 - Por isso, defende que “Uma expropriação geral e simultânea, que paralisasse até a raiz a oposição da burguesia e previsse a sabotagem e a greve da intelligentsia, seria a garantia contra todo fracasso”. Os bolcheviques fizeram apenas expropriações e nacionalizações parciais, afirma.

417 - … (Acusa) Isso seria uma tática bolchevique para evitar que a revolução, uma vez acabada totalmente a burguesia, se voltasse contra os intelectuais e sua diferença salarial. O partido bolchevique é um partido de intelectuais tanto como os outros partidos socialistas, quer sejam mencheviques, quer sejam socialistas-revolucionários ou outros.

418 - Diz que ninguém quer abolir a escravidão do trabalho manual e sim democratizar a repartição do lucro. Nenhuma das tendências ou correntes do socialismo, mesmo entre as mais extremas como o anarquismo ou o sindicalismo revolucionário, admitiram a vida privilegiada dos trabalhadores intelectuais.

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