Libertários - Textos Diversos XXIV

 

María Galindo - Mujeres Creando - Atalho:

501 - Entrevista de 2009. Trata-se de um coletivo boliviano. Critica a institucionalização do feminismo: Os feminismos, por exemplo, no Peru foram aliados de Fujimori em troca de vantagens e espaços dentro do Estado e na Bolívia foram aliados de Sánchez de Lozada. E adotaram simplesmente a agenda oficial dos organismos internacionais. Recebendo milhões, claro.

502 - Afirma que são raros os feminismos que não sejam alheios à sociedade. Esse divórcio ou distância entre sociedade e feminismo deu origem a feminismos inócuos e repetitivos que não afetam nem interpelam à sociedade nem ao poder estatal.

503 - Ao falar de estratégia, elogia o mercado desobediente e falsificador de tudo - de computadores a sapatos. Não entendi como isso é tão importante estrategicamente, mas ela deu o seguinte argumento: “têm em comum a capacidade alucinante de gerar longas correntes de informação, de solidariedade, de resistência”. (Se funciona como tal ponto de partida, desde que assim encarado, agora já me calo). Poucos detalhes.

 

Maurice Brinton - A Revolução Russa:

504 - Texto extraído da introdução ao livro Os Bolcheviques e o Controle Operário, de Maurice Brinton. É de 1967.

505 - Embora crítico da propaganda que enaltece a revolução, rejeita a visão dos anarquistas de que nada de realmente importante aconteceu. A classe operária fez uma revolução que foi além de uma simples mudança de pessoal político na cúpula. Ela foi capaz de expropriar os antigos proprietários dos meios de produção (modificando dessa forma profundamente as relações de propriedade).

506 - Brinton considera que as relações de produção são determinantes numa sociedade e desde muito tempo que ocorre o seguinte: “o produtor não domina os meios de produção mas é, pelo contrário, simultaneamente "separado deles" e dos produtos do seu trabalho”. Com isso, não há, para ele (e para mim), sociedade verdadeiramente livre.

507 - Afirma que há classes sociais se alguém controla a produção de outras pessoas, não importando que se tenham modificado as relações de propriedade.

508 - Não é de espantar que a burguesia se tenha sentido aliviada quando se apercebeu de que os dirigentes da Revolução "não iriam mais longe do que a nacionalização" e que faziam questão de manter intatas as relações dirigentes-executantes na indústria e alhures. É verdade que uma parte importante da burguesia lutou desesperadamente para reconquistar a sua propriedade perdida. A Guerra Civil foi sangrenta, e demorada.

509 - Os mencheviques eram abertamente contra os Comitês de Fábrica. A revolução tinha que ser democrático-burguesa. Os bolcheviques apoiaram para depois, nas últimas semanas de 1917, tentarem “discipliná-las” em sindicatos.

510 - Bolcheviques: a clandestinidade e a perseguição explicam parcialmente (se bem que a não justifiquem) a estrutura organizativa do Partido e a sua concepção das relações com a classe.

511 - Trotsky em 1905 sobre a democracia interna no bolchevismo: “Desenhava-se um tipo de jovem burocrata. As condições da conspiração limitavam estreitamente, é verdade, as formas da democracia (eleições, controle, mandatos), mas não se pode negar que os membros dos comitês tinham feito recuar, mais do que o necessário, os limites da democracia interior e se tinham mostrado mais rigorosos para com os operários revolucionários do que para com eles próprios, preferindo dar ordens mesmo quando teria sido aconselhável escutar as massas”.

512 - ...Os congressos já eram mais de intelectuais que de operários, praticamente ausentes.

513 - Antes de decidir lutar pela direção dos sovietes: Broué, um dos mais hábeis defensores do bolchevismo, vê-se obrigado a escrever que "aqueles que no Partido bolchevique eram mais favoráveis aos sovietes viam unicamente neles, e no melhor dos casos, auxiliares do Partido (...)

514 - Era comum os bolcheviques se “surpreenderem” com ações espontâneas dos sovietes e afins. Como se consideravam dirigentes da revolução, viam qualquer movimento “por fora do partido” como suspeito.

515 - … Brinton afirma que os bolcheviques “encontravam-se numa situação que apenas lhes permitia laços muito pouco estreitos com o movimento operário real”. Daí tantas “surpresas” e afins. Os agitadores não tinham que estar, como admitiu em escrito o próprio Lênin, no chão da fábrica.

516 - Outra razão para tal distanciamento: “Um trabalhador só podia tornar-se dirigente bolchevique com a condição de deixar de trabalhar e de se colocar à disposição do Partido, que podia então enviá-lo em missão especial para qualquer cidade”.

517 - O partido, por tudo isso, era imune a um controle real por parte da classe operária russa.

518 - Brinton critica a ideia de que certas pessoas nasceram para dominar e outras não podem realmente desenvolver-se para além de um certo limite. Ideia que foi, desde tempos imemoriais, o postulado tácito de qualquer classe dominante.

519 - Os sovietes não foram capazes de se generalizar nem oferecer resistência. Ao contrário, passaram para as mãos dos funcionários bolcheviques. Um aparelho de Estado, separado das massas, reconstituiu-se rapidamente.

520 - (Uma coisa posso concluir. Tenho que ler esse livro. Essa introdução dá muita vontade.)

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