Libertários - Textos Diversos XVIII

 

 José Nuno Matos (PP) - Capital Humano e Empresas de Trabalho Temporário I a III:

362 - Texto de 2011.

363 - Em meados da década de 60, Theodore Schultz e Gary Becker propõem o conceito de capital humano, procurando ilustrar uma associação cada vez mais directa entre “o investimento no homem” (Schultz, 1962: 2) e o crescimento económico. A formação profissional no emprego, a escolarização ou a saúde física e psicológica dos trabalhadores passam a ser analisados como factores de produtividade, confirmando, na sua visão, o anacronismo por trás da divisão entre capital e trabalho.

364 - Capital humano: é tanto maior quanto mais motivação, flexibilidade, iniciativa e inovação tiverem os trabalhadores da empresa. A ideia é transformá-los em empreendores autônomos, com atenção para os desejos das clientelas. O próprio diretor de Rh da Chrysler deu delcaração nesses termos.

365 - O trabalho tem que deixar de ser um dever para se tornar uma expressão da própria pessoa. Ela mesma vai se realizar no trabalho, não na religião ou outro aspecto. Seu sucesso de vida será o sucesso no trabalho.

366 - O autor comenta que a ordem agora é induzir, não disciplinar/controlar: “de facto, são poucos os trabalhadores obrigados, a título de exemplo, a cumprir horas extraordinárias; porém, são muitos os que são aconselhados a fazê-lo…com todas as consequências que uma recusa possa implicar - avaliação de desempenho, cumprimento de objectivos, renovação contratual”.

367 - Agências privadas de emprego recrutando migrantes e desprotegidos pelo país. “Mais do que uma força de trabalho barata, estas empresas providenciavam uma força de trabalho não organizada, extremamente útil na substituição de grevistas: nos EUA, no período entre 1881 e 1894, 50% das greves teve como resposta a contratação temporária de trabalhadores.”

368 - Em 2008, de acordo com a Confederação Internacional de Agências Privadas de Emprego (CIETT), os Estados Unidos apresentavam cerca de 2,66 milhões de pessoas empregadas [1] em ETT. Este tipo de trabalho se adapta aos altos e baixos da economia. A empresa não fica com excesso de trabalhadores.

369 - O autor pesquisou anúncios de ETT num site português. “Ao contrário de grande parte das ofertas analisadas, em particular as referentes a empregos mais qualificados, constatamos quase ou nenhuma menção a aspectos de personalidade, apostando na procura do típico trabalhador industrial, mais marcado pela disciplina do que propriamente por uma autodinâmica”.

370 - Um socíologo dos EUA traz três tipos de trabalho. Os de rotina, ainda monótonos e exigindo qualificação baixa (logo, condições salariais também).

371 - No pólo oposto, tanto em termos de qualificação como de rendimento, encontramos os trabalhadores dos serviços simbólico-analíticos. A importância das suas capacidades, seja a manipulação das mais recentes inovações tecnológicas, seja a concepção de ideias e signos, e o desequilíbrio de mercado a seu favor levam a que o preço da sua força de trabalho seja, muitas vezes, superior ao lucro obtido por um empresário.

372 - No meio desses dois tipos, há os de “serviços interpessoais”. Em vez de fabricarem peças, atendem pessoas. O trabalho flexível é bem difundido por aqui.

373 - Trabalho como “teste permanente” é ideal para gerar uma automobilização constante. O importante é que o trabalhador desenvolva habilidades de satisfação da clientela. Deverá ter mais imaginação sobre os meios, e não esperar que o empregador diga o que fazer. O patrão quer saber de resultado. O meio é o de menos. .

374 - ... Uma estratégia que, nas palavras de André Gorz, traduz uma deslocação da “dominação directa da actividade de trabalho para a dominação sobre a autoprodução, isto é, sobre a extensão e divisão das capacidades e dos saberes que os indivíduos devem adquirir”

375 - JB comenta: “Na Rússia, nos primeiros anos do regime bolchevista, houve um grupo de pesquisadores que tentou determinar de maneira quantitativamente rigorosa o grau em que cada tipo de trabalho era múltiplo do trabalho simples, através de medições da fadiga biológica e psicológica”. Os capitalistas souberam substituir esse tipo de pesquisa (e gastos com a mesma) simplesmente pela comparação dos níveis de crescimento, diz JB. Não detalha muito.


Karl Korsch - A Comuna Revolucionária:

376 - Textos de 1929 e 1931. Marx sobre a comuna: essencialmente um governo da classe operária, o resultado da luta da classe dos produtores contra a classe dos apropriadores, a forma política enfim encontrada, que permitia realizar a emancipação económica do trabalho.

377 - Marx e Engels afirmaram que a ditadura do proletariado era simplesmente a Comuna de Paris. Para Korsch, isso foi uma concessão para atrair os admiradores daquela experiência. Pudesse criticar abertamente, Marx teria dito que não via utilidade nas caraterísticas federalistas da Comuna. Como Lenine depois deles, Marx e Engels, desejosos de escamotear, tanto quanto possível, o carácter federativo e anti-centralista da Comuna de Paris, destacaram dela sobretudo o elemento negativo, dizendo que encarnava precisamente a destruição do estado burguês actual.

378 - Marx: “passado um certo limiar, cada forma histórica de desenvolvimento das forças produtivas bem como da acção e da consciência revolucionárias transforma-se num pesado entrave ao próprio desenvolvimento

379 - Marx em “Miséria da Filosofia”: Na burguesia, temos duas fases a distinguir: aquela durante a qual ela se constituiu em classe sob o regime do feudalismo e da monarquia absoluta e aquela em que, já constituída em classe, ela derrubou o feudalismo e a monarquia, para fazer da sociedade uma sociedade burguesa. A primeira destas fases foi a mais longa e a que necessitou de maiores esforços. Também ela tinha começado por coligações parciais contra os senhores feudais. Essas coligações eram as comunas e municípios. Ou seja, no caso da classe trabalhadora, greves e sindicatos podem ser mais que úteis.

380 - Marx e Engels: "a classe operária não pode contentar-se em tomar a máquina do estado tal e qual e fazê-la funcionar por sua própria conta".

381 - (Achei o texto bem confuso em algumas conclusões. Pode ser “eu”... ou a ”tradução”... ou o “autor”... Mas não entendi bem onde quer chegar)


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