Libertários - Textos Diversos XIX
Karl Korsch - Dez Teses Sobre Marxismo Hoje:
382 - “Hoje” é 1950. O primeiro passo para restabelecer uma teoria e uma prática revolucionárias consiste em romper com esse marxismo que pretende monopolizar a iniciativa revolucionária e a direção teórica e prática. O texto só apresenta teses - esta e as demais. Não desenvolve.
Karl Korsch - O Fim da Ortodoxia Marxista:
383 - Aqui é 1937. PSD alemão e sindicalistas: “Os chefes desse movimento admitiam, claramente, em privado, que "revendo" o programa marxista da social-democracia Bernstein apenas revelava oficialmente a evolução realizada desde há tempos na prática”. Não sem motivo, Bernstein termina o livro convidando o partido a ousar ser o que é.
384 - Quando o congresso do Partido, em Hanôver, em 1899, durante um debate de quatro dias aberto por Bebel com um relatório de seis horas, Bernstein foi submetido a um processo em regra. Escapou por pouco à expulsão. Passaram quinze anos malhando o “coitado” nos congressos e reuniões e fazendo tudo que ele recomendava (na prática).
385 - Bernstein: O objetivo final, qualquer que seja, nada é para mim; o movimento é tudo.
386 - Korsch critica Rosa por esta limitar sua crítica à falta de objetivo final, como se o problema não fosse essencialmente a própria prática socialdemocrata. Os próprios meios, digamos.
387 - Afirma que não é de se estranhar que as rusgas entre Kautsky e Bernstein sempre se resolveram sem traumas e com beijos e abraços. Eram mais jogo de cena, ao que me parece.
LEL - Nossa Visão Sobre a Plataforma de Makhno:
388 - LEL é o Laboratório de Estudos Libertários. Afirma que o plataformismo é, de certa forma, a mesma proposta bakunista das organizações clandestinas e semiclandestinas. Não aprofunda. (O texto como um todo é meio curto e superficial)
Lilian - Da Paidéia à Elucidação da Escola Pública (Cornelius Castoriadis):
389 - As significações imaginárias sociais são, na expressão cunhada por Cornelius Castoriadis, formas particulares ou totais da instituição da sociedade: nação, república, civilização brasileira, família, escola pública...
390 - (Texto academicista que vai do quase nada ao lugar quase nenhum, a meu ver. Não gostei)
Lílian do Valle - Democracia e Movimentos Instituintes:
391 - Começa dizendo um monte de obviedades filosóficas, ao menos para mim (há dez anos eu teria outra opinião). Algumas pequenas discordâncias também.
392 - “Mônada psíquica” é tipo o bebê. “Como pudemos pressentir ao falarmos da mônada psíquica, a individuação depende de um movimento instituinte de abertura ao mundo, a sentidos externos. Assim, como o filósofo não cessava de repetir, o que se opõe à sociedade não é o indivíduo, mas a mônada psíquica. O indivíduo social, como ele o denominava, é "psique socializada", ainda que a socialização da psique sempre seja parcial, nunca se dando nem inteiramente, nem permanentemente.”
393 - Referi-me anteriormente à sublimação, que consiste na substituição do prazer de órgão pelo prazer de representação: trata-se, como afirmado, de um mecanismo essencial na auto-instituição de todo humano, que consiste na capacidade de a criança paulatinamente deixar de investir afetivamente apenas nos objetos de prazer mais imediatos, mais sensoriais e próximos - portanto, objetos privados - para investir em "objetos" imateriais (que não nos fornecem qualquer experiência dos sentidos, mas que são socialmente instituídos, que só existem na e pela sociedade), aí encontrando prazer.
Makhaiski - A Ciência Socialista, Nova Religião dos Intelectuais:
394 - Texto de 1905. Afirma que a “religião” socialista promete um paraíso autorrealizável. Acredita cegamente em desenvolvimentos econômicos puros. Em caminhos necessários. Sua posição é bem clara: “... não há clarividência socialista, não há nenhuma lei de desenvolvimento da sociedade independente da vontade dos homens. Não há forças da natureza que possam recompensar os "bons" oprimidos em razão de suas infelicidades, e que punissem os opressores injustos por suas más ações”.
395 - Afirma que o anarcossindicalismo se contenta com reformas. Não aprofunda muito a crítica. Acusa vários anarquistas, inclusive de Kropotkin, de reforçarem o mito de que o capitalismo iria ruir por conta própria, por sua própria decadência. Seria uma pseudociência isso. Falsas leis.
Makhaiski - A Conspiração Operária:
396 - Aqui é 1908. O intelectual vende aos capitalistas sua habilidade para extrair o melhor possível o suor e o sangue dos operários. Ele vende o diploma que adquiriu graças a essa exploração. Enquanto estudava, os operários se debatiam nas fábricas para sustentar este ensino.
397 - … Lá, com o patrão, encontra-se o engenheiro e uma dezena de seus ajudantes, e de um outro lado encontram-se, ainda, uma matilha de empregados a "serviço" da sociedade, assim como membros das diversas profissões liberais.
398 - Afirma que o “socialismo” quer apenas suprimir o patrão para acabar com a divisão da mais valia. Ficará toda com os organizadores… Os intelectuais… Os proprietários passaram a ser parasitas dispensáveis já que deixaram a tarefa de organizar a exploração e extração da mais valia a cargo dos intelectuais enquanto vivem na vida boa dos dividendos de suas posições acionárias. Isso ele já diz em 1908.
399 - “(...) nós podemos observar desde agora, nas empresas publicas do Estado, que a ausência de propriedade privada sobre os meios de produção não resolve em nada a questão da exploração, mesmo chamando esta situação de fato, em um contexto diferente, uma "produção socializada".
400 - Critica veementemente algumas das ideias marxistas centrais: “Segundo eles, os grandes capitalistas, por sua concorrência, esmagam sem interrupção os pequenos capitalistas, e assim, muito cedo, toda a classe dos capitalistas reduzir-se-á a um insignificante punhado de bilionários e todo o resto da sociedade burguesa transformar-se-á em proletários assalariados. É acompanhada destas canções hipócritas de que cada dia nascem milhares de novos burgueses de "colarinho branco", que se instalam nos bairros mais elegantes das grandes cidades, lá vivendo com mais luxo que os pequenos proprietários que "perecem" com a concorrência do grande capital”.
401 - (o texto é interessante, mas meio repetitivo/prolixo às vezes)
402 - Acusa o socialismo atual de se empenhar por reformismos inúteis e reversíveis. O que os socialistas pretendem é democratizar a exploração, ou seja, aumentar o número de exploradores. Reforma agrária para que se tenha mais donos de terras, por exemplo. “A todas estas elucubrações socialistas, os operários respondem com sua reivindicação essencial: aumento do salário, diminuição de tempo da jornada de trabalho! "Como isto é sórdido, grosseiro", repete o socialista comentando esta palavra de ordem.”
403 - Sua esperança, portanto, parece ser a seguinte: “Quando os operários conseguirem organizar uma greve econômica geral, quando eles tiverem afastado as ciladas socialistas e democráticas, suas reivindicações serão tão elevadas e tão invencíveis que sua satisfação necessitará não somente da expropriação dos grandes capitalistas, mas igualmente unia diminuição importante das rendas privilegiadas.”
404 - Defende que as últimas greves econômicas gerais recentes - cita, por exemplo, Ucrânia 1903 -explodem por fora dos sindicatos, sem, também, qualquer preparação partidária prévia. E nem poderiam, pois organização ou sindicato que organizasse uma greve dessas seria dissolvida/o pelos governos, na lei ou na marra.
405 - … Ou seja, defende que apenas por organizações operárias clandestinas, seguradas pelo segredo face aos inimigos, pode ser organizada tal conspiração.
406 - Uma necessária obviedade sobre os intelectuais que se julgam seres iluminados por ideias vindas de alguma entidade (ou gênio) especial e não-terrena: “Por nada do mundo, desejariam lembrar que esses conhecimentos têm sido adquiridos graças ao dinheiro, graças aos rendimentos parasitários que se encontram no bolso de suas famílias burguesas; que eles puderam freqüentar diferentes estabelecimentos de ensino porque outros, despojados de tudo, lhes forneceram, durante certo tempo, alimento, roupa e habitação, enviando seus próprios filhos, desde a mais tenra infância, ao trabalho forçado que agüentaram toda sua vida”
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