Marxistas - Textos Diversos LXXV


Os Teóricos de Frankfurt:

1207 - Benjamin se suicidou fungindo da Gestapo, em 1940, ao ser barrado numa alfândega.

1208 - Fundado em 1924, o Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt, do qual a revista era porta-voz, foi obrigado, com a ascensão ao poder na Alemanha do nacional-socialismo, em 1933, a transferir-se para Genebra, depois para Paris, e, finalmente, para Nova York. Nesta cidade a revista passou a ser publicada com o título de Estudos de filosofia e Ciências Sociais. Com a vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial, os principais diretores da revista puderam regressar à Alemanha e reorganizar o Instituto em 1950.

1209 - Os nomes mais marcantes - Benjamin (muito interessado em cinema), Adorno (estudou composição com Berg e criou o conceito de “indústria cultural), Marcuse, Horkheimer e Habermas (herdeiro).

1210 - Adorno criticava a visão otimista que Benjamin tinha do cinema. Não é arte, mas negócio, defendia.

1211 - Por que “indústria cultural” e não “cultura de massas”? Os defensores da expressão “cultura de massa” querem dar a entender que se trata de algo como uma cultura surgindo espontaneamente das próprias massas. A indústria acaba por determinar o consumo. A indústria cultural, nas palavras do próprio Adorno, “impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente”. Está diluída a fronteira com o trabalho: Para Adorno, a diversão é buscada pelos que desejam esquivar-se ao processo de trabalho mecanizado para colocar-se, novamente, em condições de se submeterem a ele. (Talvez ele tenha certa razão. Não sei se é o mesmo argumento, mas… Como contemplar uma arte se o meu “tempo livre” deve ser utilizado para descanso e relaxamento?)

1212 - Algumas partes do pensamento são difíceis de entender: A indústria cultural não sublima o instinto sexual, como nas verdadeiras obras de arte, mas o reprime e sufoca.

1213 - A indústria criaria necessidades. Explica pouco essa parte.

1214 - (Também não sei se entendi alguma coisa das 2 páginas de “resumão Horkheimer”.)

1215 - Marcuse foi da Liga, do “espartaquismo”. Mais tarde, assistente de Heidegger.

1216 - Para os membros do grupo de Frankfurt, o proletariado se perdeu ao permitir o surgimento de sistemas totalitário como o nazismo e o stalinismo por um lado, e a "indústria cultural" dos países capitalistas pelo outro lado. (...) Quem substitui os proletários? Aqueles cuja ascensão a sociedade moderna de modo algum permite, os miseráveis que o bem-estar geral não conseguiu incorporar, as minorias raciais, os outsiders.

1217 - Conexão EUA-Alemanha: Quando em 1950 Theodor Adorno e Max Horkheimer voltam para a Alemanha, Marcuse prefere não acompanhá-los, ficando como professor de Ciência Política na Universidade Brandeis.


(vou colar também outra versão de fichamento desse mesmo texto):


369 - Walter Benjamin se suicidou em 1940 após tentativa da Gestapo de entrar no Instituto, pelo que entendi. Fundado em 1924, o Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt, do qual a revista era porta-voz, foi obrigado, com a ascensão ao poder na Alemanha do nacional-socialismo, em 1933, a transferir-se para Genebra, depois para Paris, e, finalmente, para Nova York. Nesta cidade a revista passou a ser publicada com o título de Estudos de filosofia e Ciências Sociais. Com a vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial, os principais diretores da revista puderam regressar à Alemanha e reorganizar o Instituto em 1950.  (...) Walter Benjamin era a personalidade mais enigmática do grupo, seus interesses eram freqüentemente contraditórios e sua conduta oscilava entre a intransigência quase ríspida e a polidez oriental.

370 - Além de Fromm, Benjamin e os principais... Ao grupo da Revista pertenceram também Wittfogel, F. Pollock e Grossmann, autores de importantes estudos de economia política.

371 - Theodor Wiesengrund-Adorno nasceu em 1903, em Frankfurt, cidade onde fez seus primeiros estudos e em cuja universidade se graduou em filosofia. Em Viena, estudou composição musical com AIban Berg (1885-1935), um dos maiores expoentes da revolução musical do século XX. Lançou vários livros sobre música.

372 - Segundo Adorno, passou despercebido a Benjamin que a técnica se define em dois níveis: primeiro “enquanto qualquer coisa determinada intra-esteticamente” e, segundo, “enquanto desenvolvimento exterior às obras de arte”. Adorno vê a racionalidade da técnica como a racionalidade do domínio do mais forte. Rádio e cinema seriam negócios da indústria cultural. Diz, portanto, que Benjamin foi ingênuo ao ter esperança no cinema.

373 - Os defensores da expressão “cultura de massa” querem dar a entender que se trata de algo como uma cultura surgindo espontaneamente das próprias massas. Para Adorno, que diverge frontalmente dessa interpretação, a indústria cultural, ao aspirar à integração vertical de seus consumidores, não apenas adapta seus produtos ao consumo das massas, mas, em larga medida, determina o próprio consumo. (...) Exemplo disso encontra-se nas situações eróticas apresentadas pelo cinema. Nelas, o desejo suscitado ou sugerido pelas imagens, ao invés de encontrar uma satisfação correspondente à promessa nelas envolvida, acaba sendo satisfeito com o simples elogio da rotina. (...) A indústria cultural não sublima o instinto sexual, como nas verdadeiras obras de arte, mas o reprime e sufoca. Difícil entender esses exemplos.

374 - Os críticos acusaram Adorno de buscar esperança, após o nazismo e o stalinismo, meramente na estética, invalidando a prática política. A resposta dele foi mais ou menos isso: “ou a humanidade renuncia à violência da lei de talião, ou a pretendida práxis política radical renova o terror do passado”.

375 - O marxismo de Horkheimer exalta o desenvolvimento concreto do pensamento: Desse modo, as categorias marxistas não são entendidas como conceitos definitivos, mas como indicações para investigações ulteriores, cujos resultados retroajam sobre elas próprias.

376 - A teoria tradicional, diz Horkheimer, remete ao projeto de Descartes e pretende unificar o conhecimento como um todo coerente e logicamente dedutível de regras/princípios  cada vez menores.

377 - Afirma que há subjetivismo no positivismo: … Por outro lado, mesmo quando os positivistas atribuem maior peso aos dados, esses acabam sendo selecionados pela metodologia utilizada I utilizada. E esta atribui maior relevo a determinados i nados aspectos dos dados, em detrimento mento de outros.

378 - Critica a razão instrumental que visa mero domínio técnico sobre a natureza: os conceitos são considerados como meras abreviaturas de muitas coisas singulares, como ficções destinadas a melhor sujeitá-la.

379 - A vinculação nos EUA, por exemplo, entre ciência e complexo industrial-militar leva a Habermas a continuar várias das críticas de Horkheimer: Para Habermas, o tecnicismo é a ideologia que consiste na tentativa de fazer funcionar na prática, e a qualquer custo, o saber científico e a técnica que dele possa resultar. Nesse sentido, pode-se falar de um imbricamento entre ciência e técnica, pois esta, embora dependa da primeira, retroage sobre ela, determinando seus rumos. (...) Assim, esse contexto, não apenas técnico-científico, mas também econômico-político , passa a ser a conotação da técnica. Nesse sentido, o autor ataca a ilusão objetivista das ciências.

380 - Para os membros do grupo de Frankfurt, o proletariado se perdeu ao permitir o surgimento de sistemas totalitários como o nazismo e o stalinismo por um lado, e a "indústria cultural" dos países capitalistas pelo outro lado. (...) Quem substitui os proletários? Aqueles cuja ascensão a sociedade moderna de modo algum permite, os miseráveis que o bem-estar geral não conseguiu incorporar, as minorias raciais, os outsiders.

381 - Quando em 1950 Theodor Adorno e Max Horkheimer voltam para a Alemanha, Marcuse prefere não acompanhá-los, ficando como professor de Ciência Política na Universidade Brandeis. Serão publicados na década de 50 dois de seus mais importantes livros, o Eros e Civilização e o Marxismo Soviético. A KKK ameaçou de morte o “asqueroso cão comunista” Marcuse.

 


Panfleto da Luta dos Trabalhadores Contra a Crise II:

1218 - Programa de 2009 pedindo outra política econômica, praticamente. CUT, MST, MTST, Intersindical… Até a Força Sindical assinou. Garantia do emprego… Fim do superávit… Juros baixos...

 

Panfleto da Luta dos Trabalhadores Contra a Crise:

1219 - Idem anterior. De 2008 pra 2009. No Brasil, desde que a crise econômica “estourou” até o mês de maio quase 1 milhão de trabalhadores foram demitidos.


Paul Lafargue - Recordações Pessoais Sobre Karl Marx:

1220 - “A ciência não deve significar apenas um prazer egoístico”, dizia Marx. “Os que têm a oportunidade de se consagrar aos estudos científicos deverão ser os primeiros a pôr seus conhecimentos a serviço da humanidade.” Uma de suas frases favoritas era: “Trabalhar pela humanidade”.

1221 - Ainda que se comovesse profundamente com os sofrimentos das classes trabalhadoras, não foram considerações de ordem sentimental que o levaram ao comunismo. (...) Entendia que todo espírito imparcial, não influenciado pelo interesse privado ou pelos preconceitos de classe, deveria chegar a essas mesmas conclusões.

1222 - Não permitia que ninguém lhe arrumasse – ou, melhor, lhe desarrumasse – os papéis. Na realidade, essa desordem era apenas aparente. Tudo estava no seu devido lugar.

1223 - Seu sistema de sublinhar permitia-lhe ir ao assunto sempre que julgasse oportuno. Tinha o costume de reler seus cadernos de anotações e as passagens sublinhadas nos livros, guardando os assuntos fielmente na memória.

1224 - Marx lia com perfeição todas as línguas européias e escrevia em três: alemão, francês e inglês, causando admiração aos nativos dessas línguas.

1225 - Trabalhei com ele. Apesar de não passar de um secretário a quem ele ditava os textos, pude observar sua maneira de pensar e escrever.

1226 - Marx sempre foi extremamente consciencioso em seus trabalhos. Não se utilizava jamais de um fato, uma cifra ou de uma data sem que se apoiasse nas fontes mais autorizadas. Não se satisfazia com informações de segunda mão, mas procurava sempre as fontes, qualquer que fosse o esforço que isso lhe custasse.

1227 - Para ele, era verdadeiro martírio ser obrigado a mostrar seus manuscritos antes do último toque. Tão forte era esse sentimento, que, um dia, me disse que preferiria queimar seus manuscritos a deixá-los incompletos.

1228 - Diz que era bem humorado. Era pai doce, terno e indulgente. Nunca autoritário, afirma. Suas filhas viam nele um amigo e o tratavam com camaradagem. Contava histórias e brincava com as filhas.

1229 - Afirma que a sra. Marx nunca se arrependeu de ter deixado a riqueza e nutria um profundo sentimento de igualdade. Marx tinha opinião tão elevada a respeito da inteligência e do espírito crítico da mulher, que – dizia-me em 1866 – sempre a punha a par de seus escritos e dava grande valor às suas observações. Era a senhora Marx quem passava a limpo os manuscritos de Marx, preparando-os para a impressão.

1230 - Pela descrição de Lafargue, Helena era tipo uma governanta. Jogava xadrez com Marx. Era devotada à sra. Marx mesmo antes do casamento desta.

1231 - No dia em que Engels anunciou sua vinda para Londres, houve verdadeira festa na casa de Marx. Não se falou noutra coisa muito tempo antes e muito tempo depois de sua chegada. Marx ficou tão impaciente que nem podia trabalhar. Vivia falando bem de Engels. Levou Lafargue a Manchester exclusivamente para conhecê-lo.

1232 - Vi-o, uma vez, revolvendo livros e manuseando-os, de ponta a ponta, até encontrar referência a certos fatos, que eram necessários exumar, para modificar a opinião de Engels no que se referia a um ponto sem importância, de que já me esqueci, da cruzada política e religiosa dos albigenses. Para Marx, era um triunfo conquistar a aquiescência de Engels.

1233 - Com o progresso da Internacional e o primeiro volumo do “Capital”, Marx não mais podia ser ignorado (pelos burgueses, digamos). A obra de Marx tomou o mundo, chegando até aos EUA. O Capital é, hoje, realmente, aquilo que o Congresso da Internacional designava por “Bíblia operária”.

1234 - A enfermidade, que acabou levando a vida da senhora Marx, também terminou por abreviar os dias do marido. Durante o tempo em que durou aquela longa e dolorosa doença, Marx, esgotado pelas emoções, vigílias, falta de ar e de exercícios, contraiu uma bronquite que quase o levou.

1235 - Morte posterior da filha mais velha: Desde esse momento, Marx perdeu de vez a saúde. Morreu, em sua mesa de trabalho, a 14 de março de 1883, com 65 anos de idade.

 .

Comentários