Robert Kurz - Antieconomia e Antipolítica
Robert Kurz - Antieconomia e Antipolítica:
1400 - É contra a existência de um momento em
que, logo após a desapropriação dos capitalistas, organiza-se o programa
socialista. Para ele, essas coisas devem se dar ao mesmo tempo. Assim, critica
o socialismo clássico/ortodoxo/sei lá: O
poder político aparece aqui como o ponto de Arquimedes, e um aparato estatal
alternativo ("Estado-trabalhador'), como a alavanca central da reviravolta.
1401 - Cita o domínio gradual do capitalismo
sobre o feudalismo como exemplo de superação a que almeja. O movimento político não precedeu a nova forma de reprodução como
expressão de vontade abstrata e simbólica; ao contrário, ele foi a sua
consequência secundária, a sua necessária forma-fenomênica. Em contrário,
reconhece a argumentação de que o caráter totalizante do capitalismo dificulta
qualquer socialismo embrionário. Este tenderia a morrer antes.
1402 - … Mesmo
as iniciativas da Comuna de Paris de 1870 e dos anarquistas derrotados na
guerra civil espanhola não legaram nenhuma ideia legítima da reprodução
não-mercantil.
1403 - Para ele, a abolição da propriedade
privada só funcionaria com a eliminação do dinheiro e da mercadoria. (Parece
que nada fala sobre a divisão entre gestores e trabalhadores). Assim, a
autogestão de empresas falidas também parece ser inútil, para o autor.
1404 - Coloca dificuldades para possíveis
conselhos de produção ou do local de moradia. Como controlar um processo de
produção tão moderno e interdependente? Do alfinete à turbina de avião, tudo
passa por várias empresas diferentes. Por vezes, países.
1405 - Critica as soluções que pregam uma
(impossível) substituição gradual da economia de mercado por uma “sociedade de
prestadores de serviços”, como se esta pudesse cortar em algum momento seu
vínculo com a primeira.
1406 - … Porém, o que ele defende me parece um
pouco parecido (tirando a parte de que o foco não será “produção de
mercadoria”): As iniciativas para setores
desvinculados da reprodução podem muito bem ser chamadas cooperativas, só que
não se trataria, justamente, de empresas produtoras de mercadorias, mas de
esferas autônomas, com uma identidade social entre produção e consumo.
Reprodução da vida para além do capital, de forma autônoma. Ele cita as
cooperativas de consumo como exemplo parecido do que quer.
1407 - Detalha mais, citando o precedente de
Robert Owen: De fato, a intenção era
eliminar todo um setor do sistema de mercado para os integrantes, a saber, o
comércio individual. Em seu lugar, surgiria a organização autárquica das
compras no comércio por atacado. Não rompia com a lógica mercantil, mas ao
menos diminuia os custos das transações para os trabalhadores.
1408 - Cita os mutirões de autoconstrução como
exemplo de iniciativa que une produtores e consumidores. Preferencialmente, com
o saber politécnico especializado. O
importante é que o produto não reingresse no mercado como mercadoria, ou seja,
que a cooperação não represente uma cooperativa produtora de mercadorias. A
dicotomia entre economia de mercado e economia planificada diz muito pouco a
Kurz. O importante seria produção ou não de mercadorias. E coloca que a
esquerda nunca deu o devido valor a iniciativas do tipo.
1409 - … Isso
inclui também aquele complexo econômico sob a rubrica "prestação de
serviços", que foi gerido na forma dos antigos "refeitórios
públicos", das salões de convenção, dos centros de comunicação etc.
Estabelecimentos desse tipo sempre foram um momento importante de todo
movimento social, pois as pessoas precisam de lugares onde se encontrar,
discutir, comer e beber em conjunto. Na história cultural, existem exemplos
famosos desses fatos. Pense-se, por exemplo, nos "clubes de rua"
jacobinos da Revolução Francesa, nos célebres "salões" dos
românticos, na cultura literária dos cafés ou nos "clubes" ingleses.
(...) Em termos económicos, isso significaria que cada membro pagaria, de
acordo com as suas possibilidades, uma contribuição única e/ou periódica, com o
que se providenciaria, então, tudo o que é preciso, sem que essa própria
empresa retorne ao mercado - no molde, por exemplo, das creches auto-organizadas,
que constituem um outro exemplo (e um dos poucos que nos legou o movimento de
68). É indiferente que, para as atividades necessárias, alguns dos membros
sejam em parte mantidos financeiramente - o que importa é o todo não se
transformar numa empresa voltada ao mercado.
1410 - Também não descarta associação de
cooperativas ou ao menos transações - que não envolvam preço, apenas empenho de
trabalho - entre as mesmas. Durante a
época de transição, pode-se imaginar que determinadas produções serão
fornecidas em parte a um contexto autônomo, numa forma não-mercantil, em parte
também ao mercado.
1411 - Necessidades básicas orientando o
movimento: E, de fato, todos os exemplos citados, desde as associações de consumo,
passando pelas cooperativas de construção até os clubes, os centros de
convenção ou as creches, referem-se a necessidades básicas materiais, sociais
ou culturais.
1412 - Fala algumas besteiras autoevidentes (hoje
em dia) sobre celular ser luxo capitalista…
1413 - Outra proposta: Se a meta não é mais a obtenção de "empregos" na economia no
mercado, mas a criação de um fundo de tempo para as formas autônomas de
reprodução, então, sob essa meta, podem ser reunidas perspectivas totalmente
diversas de conflitos, como o problema da redução universal da jornada de
trabalho e a extinção das horas-extra, de um lado, e a exigência de um trabalho
parcial conveniente e integralmente remunerado ou a luta contra os cortes no
seguro-desemprego e na previdência social, de outro.
1414 - Para um novo movimento político, propõe
organização em redes, sendo que não precisa haver ultraespecialização de cada
instância.
1415 - O pacifismo absoluto será inócuo aqui. O
Estado vai querer taxar e controlar, o que pedirá uma reação. E a greve deverá
ser substituída por outros meios de paralisação mais efetivos. Cita bloqueio de
transporte ou de energia como uma possível arma.
(...)
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