Marxistas - Textos Diversos LXX

 

Michel Aires de Souza - Marx e Nietzsche, Diálogo Possível - Atalho:

1124 - Nietzsche: Para ele o “logos” subjugou os instintos criadores. O homem trágico que age guiado pelos instintos foi substituído pelo homem racional.

1125 - Ambos concordam que a natureza humana não está pronta e acabada. Em Marx, o sujeito é determinado por aquilo que ele faz, ou seja, pelo seu ser social (é a infraestrutura). Em Nietzsche, especialmente na Genealogia da Moral, o sujeito se constitui no terreno dos acontecimentos históricos, das contradições, das relações de força e poder. Ou seja, nas condições materiais de existência.

1126 - Com Nietzsche aprendemos que “estabelecer preços, medir valores, imaginar equivalência, trocar – isso ocupou de tal maneira o mais antigo pensamento do homem que num certo sentido constituiu o pensamento: aí se cultivou a mais velha perspicácia, aí se poderia situar o primeiro impulso do orgulho humano, seu sentimento de primazia frente aos outros animais”.

1127 - Materialismo: Para Marx o pensamento é o reflexo do desenvolvimento material objetivo da história.

1128 - Para Nietzsche, foram os castigos cruéis que criaram a razão, a civilização. O homem aprendeu a calcular e contar… Relacionar meios e fins. Deveres… Obrigações… Compromissos...

1129 - Ainda Nietzsche: A culpa não surge ligada à autonomia da vontade ou ao pecado religioso. Ela surge das relações de comércio e troca de bens e dinheiro. Ela surge da dívida. Através do medo e do terror das penalidades se fomentou a culpa na espécie humana.

1130 - (Pra haver dívida, tem que ter excedente, logo, creio que Marx vai mais fundo)

1131 - Do nosso ponto de vista, portanto, Marx e Nietzsche possuem uma mesma perspectiva quanto à gênese do sujeito e do pensamento. As formas de ser e pensar do ser humano foram determinados por aquilo que ele faz.

 

Miguel Urbano Rodrigues (Stalinista) - Apontamentos Sobre Trotsky:

1132 - Afirma que matar Trotsky, minimizar a importância deste na Revolução Russa e, ainda por cima, insinuar que agia em conluio até com Hitler (declarações dos processos de Moscou) para desmembrar a URSS foram erros dos soviéticos. Não passam de calúnias. Ao fim do texto, diz ser crítico e elogiador de ambas as figuras. Nega que possa ser rotulado (como fiz),

1133 - A atribuição do Nobel de Literatura a um escritor reaccionário tresloucado como Solzenitzyn (que se orgulhava de odiar a Revolução Francesa) traduziu bem a necessidade que a burguesia sentia no Ocidente de satanizar a União Soviética, negando a herança progressista e humanista da Revolução de Outubro.

1134 - Critica Trotsky também: na sua "História da Revolução Russa" valoriza muito as convergências desde o início da Revolução de Outubro e são escassas as referencias a questões fundamentais em que assumiram posições diferentes, por vezes antagónicas. Somente nos ensaios editados sob o título de "A Revolução Permanente" , ao responder a criticas de Karl Radek e Stáline, reconhece que Lenine o criticou por divergirem no tocante ao papel dos sindicatos e ao Gosplan, mas subestima a importância dessas discordâncias.

1135 - A ideia de que Lênin, perto de morrer, via em Trotsky seu principal sucessor “carece de fundamento”. O seu passado, como menchevique, não fora esquecido. O carácter de Trotsky, a sua vaidade, o estilo autoritário, a sua tendência para a crítica demolidora quando discordava de companheiros de luta inspiravam desconfiança e até rancor.

1136 - (Obs idiota: tem, no texto, uma foto “fofinha” dos dois juntos em 1919)

1137 - Lênin, em carta de dezembro de 1922, dizia não estar certo de que Stálin saberia utilizar o poder com suficiente prudência. Sobre Trotsky, disse: é talvez o homem mais capaz do actual CC, mas peca por excessiva confiança em si próprio e deixa-se arrastar excessivamente pelo aspecto puramente administrativo das coisas.

1138 - Lênin queria um novo secretário-geral do partido em 1923, pois Stálin era muito “rude”. Pedia que escolhessem alguém que seja mais tolerante, mais leal, mais cortês e mais atento para com os camaradas, menos caprichoso, etc.

1139 - Afirma que, algum tempo antes de morrer, Lênin se reuniu com Trotsky e pediu-lhe que colaborasse numa acção conjunta contra a burocratização do Partido e do Estado e de condenação da política repressiva que Stáline e Ordjonikidze tinham executado na Geórgia. (...) Mas são do domínio da fantasia as afirmações que atribuem a Lenine o desejo de ver Trotsky à frente do Partido ou do Estado.

1140 - Afirma que Lênin e Trotsky tretavam muito antes da vitória: Numa carta à sua intima amiga Ines Armand, datada de 19 de Fevereiro de 1917, Vladimir Ilitch incluiu o seguinte desabafo: "Chegou Trotsky e este canalha entendeu-se imediatamente com a ala direita do “Novi Mir” contra os zimmerwaldistas de esquerda. Tal como lhe digo! Assim é Trotsky! Sempre fiel a si mesmo, revolve-se, trafulha, finge de esquerdista e ajuda a direita quando pode."

1141 - Paz de Brest: a posição assumida por Trotsky ("nem paz nem guerra"), ignorando as instruções de Lenine, levou os alemães a romper a trégua e desencadear uma ofensiva de consequências desastrosas, ocupando enormes extensões do país. Quando o Tratado de Paz foi finalmente assinado, as condições impostas foram muito mais severas do que as inicialmente apresentadas pelo Império Alemão. Trotsky foi retirado das “Relações Exteriores” e foi para o Exército, onde comandou muito bem.

1142 - Lênin e outra importante discordância com Trotsky: "As teses do camarada Trotsky são politicamente prejudiciais. A base da sua politica é a pressão burocrática sobre os sindicatos. Estou certo de que o Congresso do nosso Partido a condenará e repudiará"

1143 - Afirma que Lênin aceitava a maioria quando perdia, mas era raro perder: Deutscher, um trotskista assumido, recorda que a estabilidade no Politburo e no CC nascia da "autoridade incontestável de Lenine e da sua capacidade de persuasão e habilidade táctica que, em geral, lhe permitiam conseguir a maioria de votos para as propostas que apresentava à medida que surgiam os problemas".

1144 - Rodapé mostra que Trotsky, após a crise de 29, previu, em livro, revolução em tudo quanto é canto do mundo avançado. Errou todas as previsões.

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