Marxistas - Textos Diversos LXXI - Stálin e Livro de Domenico Losurdo

 

Miguel Urbano Rodrigues (Stalinista) - Stálin e Livro de Domenico Losurdo:

1145 - Afirma que foi acusado, pelo seu texto anterior, de ser trotskista e de ser stalinista.

1146 - Aqui é resenha de livro (2009). Domenico Losurdo aborda no seu Stalin aspectos muito polémicos da intervenção na História do homem que na prática dirigiu a União Soviética durante quase três décadas. Não conheço obra comparável pela ausência de paixão e pela densidade e profundidade da reflexão sobre o tema. Afirma que as outras obras que leu eram extremistas ou fracas. Um abismo separa os críticos como o polaco Isaac Deutscher (trotskista) dos epígonos como o belga Ludo Martens (maoista).

1147 - Deixa claro que não é só a direita que critica Stálin: O peso do anátema é tão forte que a Fundação Rosa Luxemburgo atribuiu em Janeiro passado um prémio ao historiador alemão Christoph Junke pelo seu livro Der lange Schatten des Stalinismus, uma catilinária impiedosa sobre um "fenómeno histórico" que é também "uma teoria e uma prática política" que exorciza.

1148 - Lênin ao fim do I Congresso: "A vitória da revolução comunista em todo o mundo está assegurada. Aproxima-se a fundação da Republica soviética internacional".

1149 - Às críticas de Trotsky – então no exílio – à Constituição Soviética de 36, Stalin responde que as lições de Marx e Engels não devem ser transformadas em dogma e numa nova escolástica. A função repressiva do Estado dava lugar à de defesa da revolução.

1150 - Afirma que Stálin exagerava na “caça às bruxas”, mas havia seus pretextos: E quando Trotsky, nas vésperas da II Guerra Mundial, em 22 de Abril de 1939, deu o seu apoio aos que pretendiam "libertar a Ucrânia soviética do jugo staliniano", intensificou-se a perseguição a quadros suspeitos de ideias trotskistas.

1151 - Trotsky começou a conspirar com Kamenev e Zinoviev logo após a morte de Lenine. (...) Losurdo define o conflito ideológico da época como uma "guerra civil" que foi permanente no Partido até aos últimos processos do ano 38. Na primeira fase da luta pelo poder, Stalin conseguiu isolar Trotsky dos velhos bolcheviques, desencadeando contra ele uma campanha em que foi recordado o seu passado menchevique e as polémicas mantidas com Lenine.

1152 - Bukharin discordava das coletivizações agrícolas e passou a entender que a revolução tinha que se tornar democrático-burguesa. Curiosa guinada à direita, já que era da ala esquerda do Partido em 1917/18. Antes das coletivizações, era “aliadaço” de Stálin. Após a extinção da NEP (1928?) começou a chamá-lo (Stalin) representante do “neotrotskismo”.

1153 - Rogowin, um historiador trotskista citado por Losurdo, afirma que Stalin tomou então a iniciativa de desencadear "uma guerra civil preventiva" contra aqueles que pretendiam derrubá-lo. Nesse período de conspirações labirínticas, o envolvimento de (...) dirigentes em manobras de bastidores foi permanente, delas participando alguns membros da velha guarda bolchevique. A abertura dos arquivos soviéticos veio esclarecer que alguns mudaram com frequência de campo.

1154 - O embaixador dos EUA em Moscovo, Joseph Davies, alude também a uma "conspiração dos militares". O próprio Trotsky, não obstante o seu ódio a Stalin, afirma evasivamente, num comentário à execução de Tukachevsky e outros oficiais, que "tudo depende daquilo que se entenda por conspiração".

1155 - Afirma que nacionalismos eram comuns na época e que a própria Rosa Luxemburgo exortava os bolcheviques a reprimir com punho de ferro qualquer tendência separatista de "povos sem história", incluindo o da sua Polónia natal.

1156 - A maioria dos historiadores ocidentais sérios, lembra, coincidem em que no início dos anos 30, Stalin não era ainda um autocrata. Segundo Werth não existia nesse tempo o culto da personalidade. (...) Foi a decisão de industrializar o país rapidamente que provocou a viragem estratégica que desencadeou a repressão sobre os camponeses.

1157 - Stálin argumentava que foi a guerra mundial (talvez a preparação para a mesma) que o empurrou para a concentração de poder. O que está comprovado por uma abundante documentação é a convicção que Stalin tinha de que após a derrota do III Reich hitleriano se abriria à Aliança com os EUA e a Inglaterra um grande futuro. Acreditou numa era de boas relações com o Ocidente capitalista.

(continua...)

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