Manolo - Extrema-Esquerda e Desenvolvimentismo - Parte VIII
(continuação...)
681 - Passa-se agora a história da Organização Revolucionária Marxista – Política Operária (ORM-POLOP). Gorender viu um “doutrinarismo impotente” nos trotskistas de tal organização, incapaz de mostrar alternativa ao nacional-reformismo que criticava. Por isso que viraram um VPR de militarismo extremado em 1968, especula.
682 - Os sucessivos fracassos da POLOP em aglutinar a maioria dos grupos que abandonavam o Partido Comunista Brasileiro (PCB) – como a Aliança de Libertação Nacional (ALN) e o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) – e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) – Corrente, Ala Vermelha, Partido Comunista Revolucionário (PCR) – tal como suas próprias dissidências internas – Comando de Libertação Nacional (COLINA), VPR – não demonstrariam sua fragilidade? Cita ainda outras dissidências e fusões minúsculas pelas quais o POLOP/POC/ORM passou...
683 - Militantes eram basicamente estudantes, oficiais de baixa patente e alguns professores. Na melhor das hipóteses teve uns 300 militantes (no auge). Só 4% eram trabalhadores manuais urbanos - estes costumavam ser 14% nas demais organizações.
684 - Antonio Candido e outros estudantes formaram a UDS após se frustrarem na UDN (a da origem, que era meio balaio de gato de todo tipo de oposicionista a Vargas e Estado Novo). Diziam-se nem stalinista e nem trotskista. Candido acha que foi o primeiro partido assim. Alguns operários se juntaram
685 - Havia muita discussão e pouca prática, até que resolveram formar o PSB em 1947.
686 - Eric Sachs e outros - muitos saidos da UJC - fundaram em 57 a Esquerda Socialista e sua respectiva “Juventude Socialista”. Época de muitos debates. Havia reuniões com a LSI - se dizia luxemburguista - e o POR. Eric puxava pro luxemburguismo, digamos assim.
687 - Theotônio dos Santos: …a POLOP surgiu basicamente de uma iniciativa de um grupo do Rio de Janeiro. Eram membros da Juventude Socialista que criaram uma revista chamada Movimento Socialista, que chamou a necessidade de constituir uma alternativa marxista-socialista e contaram com vários grupos e um deles era o nosso grupo de Minas Gerais.
688 - Paul Singer: Fizemos uma assembleia, na qual estavam Michael Löwy, Emir e Éder Sader, Theotônio dos Santos, Juarez [Guimarães] de Brito, Simon Schwartzman, entre outros. Era a esquerda do Partido Socialista de São Paulo, com a esquerda do PTB de Minas e um grupo do Rio de Janeiro também do Partido Socialista.
689 - A LSI foi ao congresso de fundação também. O que unificava esse povo todo na POLOP era a ideia de que a revolução no Brasil teria que ser socialista (não havia etapa anterior). A tese do PCB era de que o Brasil era semi-colonial.
690 - Os militantes da LSI que aderiram foram os mais novos, como Eder e Emir Sader, Michael Löwy e outros. Hermínio Sacchetta e Alberto Luiz da Rocha Barros embora fizessem parte deste Congresso não aderiram à idéia. (...) A maioria não aderiu.
691 - Teve até gente do POR (considerado sectário) entrando na POLOP.
692 - A Mocidade Trabalhista, tendo à frente Theotônio dos Santos e Vânia Bambirra, foram os pilares da POLOP em Minas Gerais, assim como Rui Mauro Marini, que era da Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP), no Rio de Janeiro. Aluízio Leite Filho foi o principal articulador no meio estudantil, dando à POLOP importante papel na UNE.
693 - POLOP era, assim, uma reunião de descontentes de várias organizações de esquerda, inclusive tinha um marceneiro baiano oriundo do PCB (partido da tese do país semi-colonial). Este baiano por sinal comentou neste artigo (parte 8) no site do PP, trazendo que o amigo Sachs não entendia importante a disputa de direções sindicais e se assustava com o sindicato não poder bancar bicicleta ou óculos para o trabalho dos dirigentes.
694 - Para Manolo, aqui está portanto a originalidade da POLOP: “O descontentamento generalizado dos fundadores da POLOP com a esquerda tinha razões mais profundas que simples divergências pessoais transformadas em questões políticas, como na crise que levou o Comitê Regional de São Paulo a ser expulso do PCB em 1937 e fundar, quase involuntariamente, uma nova geração de trotskistas. Estava para além das divergências de tática que levaram à ruptura do grupo de José Maria Crispim com o PCB entre 1951 e 1952, uma discordância quanto aos meios de alcançar objetivos estratégicos com que uma parte e outra concordavam. Ia longe das divergências de interpretação da linha internacional correta que levaram a tantas críticas ao entrismo trotskista praticado pelo Partido Operário Revolucionário (POR) nos anos 1950 – afinal, o entrismo resultava de uma análise da conjuntura internacional e do papel dos trotskistas diante dela. Ultrapassava as meras questões de cessão de legenda que marcaram a relação do Partido Socialista Brasileiro (PSB) com o POR e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB). As divergências da POLOP com as demais organizações da esquerda diziam respeito à interpretação da realidade, aos objetivos estratégicos extraídos desta interpretação, aos meios para alcançá-los e à capacidade para empregá-los.”
(continua...)
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