Manolo - Extrema-Esquerda e Desenvolvimentismo - Parte IV

(continuação...)

622 - Embora os trabalhadores alemães apoiassem majoritariamente os social-democratas antes da Primeira Guerra, nos dois últimos anos do conflito voltaram-se para as propostas apresentadas pelos social-democratas independentes (USPD), espartaquistas e Revolutionäre Obleute (Delegados de Fábrica Revolucionários), todos a favor do fim das hostilidades. Ainda durante as negociações do tratado de Brest-Litovsk, em 28 de janeiro de 1918, quatrocentos mil operários alemães entraram em greve em solidariedade aos trabalhadores russos, liderados não mais pela social-democracia, mas pelos Delegados de Fábrica Revolucionários, contra quem os social-democratas tiveram que lutar duramente para controlar, amansar e paralisar o movimento grevista. Chegaram a formar conselhos operários, tipo sovietes durante 1918.

623 - Carr, Brinton e etc. mostram que os comitês de fábrica de 1917 na Rússia, mais relevantes que os sovietes, foram o grande empecilho à gestão por só pessoa proposta pelos bolcheviques (que anteriormente utilizaram esses comitês a seu favor). Graças à política destes que os gestores voltaram pra Rússia, controlando a produção novamente junto a outros que o próprio partido formou.

624 - Ressentimentos nacionalistas grassavam na Alemanha através da teoria da Dolschstoss (“punhalada por trás”): a culpa pela derrota na guerra seria de comunistas, social-democratas e judeus, todos envolvidos na agitação política que precedeu à abdicação do Kaiser. (em 1918)

625 - Em 1920, Keynes já escrevia condenando as punições contra os derrotados na guerra. A integração econômica era preferível. Bem, para a estabilidade e paz capitalista, ele estava certo.

626 - Churchill pretendia ter um plano de ataque e um de defesa contra a URSS. Foram julgados impraticáveis pela superioridade militar soviética. Hoje os documentos são públicos.

627 - Os aliados começaram pouco a pouco a denunciar “más intenções” da URSS. Churchill falou em cortina de ferro no leste já em 1946. Sob a influência destes fatos e dos pedidos de ajuda dos governos da Grécia e da Turquia, em 12 de março de 1947 o presidente Harry S. Truman enviou mensagem especial ao Congresso estadunidense dizendo ser necessário conter a expansão soviética sobre a Grécia e a Turquia através de apoio militar e econômico.

628 - O nazismo queria transformar eslavos, judeus e afins num grande celeiro humano no leste europeu. Destruição de potencialidades industriais ou educacionais, supressão das elites, campanha de analfabetização e colonização pela raça superior. O que talvez seja “novo”, e até mesmo chocante para alguns, é saber que sob a justificativa da “compensação” pelos prejuízos causados pela guerra os Aliados fizeram quase a mesma coisa, pois na debelação da Alemanha durante os dois primeiros anos do pós-guerra prisioneiros de guerra alemães foram escravizados tanto pelo bloco soviético quanto pelo bloco ocidental. A arraia-miúda espremida entre as mós da burguesia e dos gestores era agora responsabilizada pelas decisões daqueles a quem haviam confiado seus destinos. A URSS manteve mais escravos (600 mil a 1 milhão, contra 500 mil dos EUA) e por mais tempo - 8 anos. Isso para limpeza de campos minados e etc. Na Inglaterra teve muito trabalho agrícola.

629 - Os EUA inicialmente portanto, pretendiam medidas duríssimas de punição contra a Alemanha. Era o Plano Morgenthau. Tirar qualquer capacidade industrial alemã inclusive. Controlar imprensa, etc.

630 - Houve ainda um plano de cooptação de cientistas alemães, antes que a URSS ou a Inglaterra o fizessem.

631 - Os escravos eram proibidos de confraternizar com os britânicos.

632 - Ainda o plano Morgenthau: “O presidente Truman chegou a proibir expressamente a entrada de alimentos na Alemanha até 1946, cedendo após muita pressão internacional e interna.”

633 - Razões econômicas (melhor para a economia mundial como um todo o capitalismo alemão que o trabalho escravo pouco produtivo) e políticas (tentações comunistas) fizeram os EUA começar a mudar de ideia de 1947 em diante, quando planos de apoio econômico começaram a ser discutidos. O Plano Marshall saiu no mesmo ano.

634 - Um comentador dessa parte do “livro” de Manolo (parte 4) retoma, baseado em Brinton, como Lênin fez para controlar comitês de fábrica e consequentemente os sovietes: “Incentivaram um movimento de gestão da produção pelos operários surgido espontaneamente para, depois de utilizar sua força como apoio à tomada do poder, institucionalizar esses comitês de fábrica dentro das estruturas do estado recém tomado. O partido, após outubro, dominando os soviets e o estado iniciou o processo de subordinação dos comitês de fábrica às instâncias econômicas de decisão do estado, já com preponderância dos técnicos e especialistas capitalistas. O segundo passo foi colocar a administração das fábricas nas mãos de um única pessoa.”

(continuação...)

Comentários