Fatos e Dados (Brasil) - Parte VII - O Nascimento da Organização Sindical no Brasil

 (continuação...)

872 - Lei Adolfo Gordo, pra expulsar estrangeiro subversivo. Essa lei que teria uma aplicação freqüente levou à expulsão de cerca de 1000 trabalhadores nascidos em Itália, Portugal e Espanha, sendo aplicada até a muitos naturalizados e aqui residentes há longos anos, chegando ao extremo caricato de ter sido aplicada a brasileiros natos.

873 - Em São Paulo os 22.355 operários, que existiam em censos de 1907 , passaram na década de 20 para 83.898. E as indústrias cresceram de 324 para 4.145.

874 - Em 1912, o filho do Presidente Hermes da Fonseca ensaiou a instrumentalização do sindicalismo que viria no Estado Novo, mas o congresso operário fantoche que este organizou teve baixa adesão na maioria das categorias. Teve muito funcionário público e trabalhador de porto só.

875 - Também em 1912 foi criada, em São Paulo, a Liga Popular de Agitação contra a Carestia da Vida, onde participavam anarquistas e socialistas.

876 - O segundo COB foi em 1913. "Entre as decisões destaca-se a decisão de recusar a utilização dos tribunais para garantir a pagamento dos salários, servindo-se somente da ação direta."

877 - O teatro social e a criação de escolas continuava como marca deste sindicalismo.

878 - Um operário morto na greve pro aumento salarial em 1917 provou uma série de consequências: "O funeral do operário morto concentrou uma enorme manifestação que resultou em conflitos em larga escala no centro da cidade. Alguns batalhões da polícia recusaram-se a intervir, sendo necessária a convocação de tropas do exército. Também em Santos se agudizaram os conflitos, com saques a armazéns de víveres, movimento que se alastrou a outras cidades. No Rio a Federação Operária declarou sua solidariedade e alguns sindicatos declararam-se em greve. A expansão desse movimento começava a tomar proporções ameaçadoras e isso foi compreendido por diretores dos principais jornais paulistas que se reuniram e elaboraram uma proposta conciliatória na tentativa de pacificar a situação. As exigências operárias eram em grande parte atendidas, aceitando a governo inclusive libertar todos os presos. A comemoração operária deu-se num imenso comício realizado no Largo da Concórdia." Vários estados apoiaram a greve.

879 - “A Plebe” surge em 1917 também. No mesmo ano, uma ação ousada visava “invadir na Capital a Intendência de Guerra, o depósito de material de guerra, delegacias de polícia, além do corte de luz. Manifestos, foram distribuídos nos quartéis apelando aos soldados para que se solidarizassem com o movimento”. Houve infiltração policial no movimento, denúncia e prisão dos mais ativos. “Trabalhadores de diversos setores articularam ações de solidariedade a favor dos presos, o que permitiu sua libertação meses mais tarde”.

880 - Enquanto isso, a Igreja defendia o peleguismo sindical e tentava aumentar sua influência.

881 - O Terceiro Congresso. 1920: Novamente se reafirmou a luta pelos 8 horas, a necessidade de salários iguais, a luta pela abolição do trabalho feminino noturno e a necessidade de persistir no apoio à criação de organizações de trabalhadores rurais, apelando-se aos sindicatos ferroviários e dos caixeiros para que se envolvessem na propaganda do sindicalismo no interior do país.

882 - Em 1920 também começam a surgir os primos artigos críticos à URSS. Com “A Plebe” divulgando criticas de Emma Goldman, por exemplo, as divergências entre anarquistas e comunistas iam aumentando. 1922: “Esta crítica aberta ao leninismo por parte das anarco-sindicalistas não impediu que seus jornais, entre os quais A Plebe, continuassem a aconselhar a leitura de Marx, ao lado de Kropotkin, Malatesta, Gorki, Nietzsch e Darwin”.

883 - Para Lênin, o sindicalismo era marcado pelo economicismo e corporativismo e por isso precisava de intervenção externa dos partidos, direcionando-os pela vanguarda consciente dos trabalhadores (o partido).

884 - O PCB dividia os sindicatos onde era minoria.

885 - Em 1924: “A Comissão Pró-Presos informou ao congresso que nesse momento existiam 500 libertários presos, o que correspondia à totalidade dos militantes do PC na época, segundo dados dos próprios comunistas”.

886 - O mesmo iria acontecer na Argentina, onde a repressão e o populismo de Perón iriam derrotar o mais poderoso movimento anarco-sindicalista da América latina reunido em torno da Federação Operária Regional Argentina (FORA).

887 - A ampliação da classe operária nos anos 30 trouxe a base para o peleguismo e trabalhismo, já que no interior a tradição de luta do sindicalismo era bem fraca.

888 - “As medidas adotadas pelo Estado Novo atrelando o Sindicato ao Estado favoreceu a corrente marxista leninista, já que favoreceu a centralização e unificação, Favorecendo a política de ocupação de lugares chaves da burocracia... não carecia mais aplicar-se na instituição um sistema que lhe fosse estrategicamente vantajoso, uma vez que isso foi feito pelo próprio Estado”.

889 - Edgar Rodrigues e o cenário do início dos anos 30: “[Depois da fundação do PC] não se realizava uma assembléia sem que não acabasse em discussão estéril e muitas vezes violência... Por esta época muitos militantes já tinham sido expulsos pelos governos Epitácio Pessoa e Artur Bernardes, quando se desencadeou a divergência interna que haveria de durar anos e desorientar os trabalhadores menos preparados, enfraquecendo consideravelmente a resistência operária."

890 - Na década de 20, comunistas e anarquistas disputavam. PCB “em 1930 ainda não tinha passado dos mil militantes”. Entre 29 e 34, o próprio partido, inclusive, se esfacelou por disputas internas, segundo o dirigente comunista Otávio Brandão. Em 1935, com a ALN de Prestes, isso iria mudar.

891 - Além da solidariedade e internacionalismo, “Os sindicatos anarco-sindicalistas desenvolveram também a propaganda anti-militarista e a favor da paz, promoveram escolas livres nos sindicatos, organizaram debates sistemáticos sobre temas como livre-pensamento, esperanto, alimentação vegetariana, combate ao alcoolismo, a situação da mulher, além de outros sobre temas científicos e literários. “

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