Manolo - Extrema-Esquerda e Desenvolvimentismo - Parte VI
(continuação...)
646 - Mário Pedrosa critica os comunistas desse período (imagino que se refira a 45 a 66). Quando não seguiam o stalinismo seguiam um tosco oportunismo, alianças com governos nacionais.
647 - Socialismo ou Bárbarie surge em 1949 pra estudar isso. Castoriadis, Morin, Lefort...
648 - O PCB desde 1927 sofria com cisões (1927 foi um grupo trotskista) e tinha dificuldades de ter um núcleo dirigente estávcel até 1940. Sem contar que foi desmantelado em 1935 (insurreição).
649 - Um grupo de comunistas cariocas do PCB em 1943 propôs uma “união nacional democrática” após Getúlio declarar guerra ao Eixo.
650 - Earl Browder. Sindicalista estadunidense do PC de lá. Alçado à secretaria geral do partido em 1930 após um ataque cardíaco de seu antigo titular Willam Z. Foster, levou o partido a apoiar o new deal rooseveltiano. Preso em 1940 nos EUA por viajar rumo à URSS com passaporte falso, foi solto logo após a entrada dos EUA na guerra ao lado da URSS. Em 1944, antecipou em nove anos a teoria da coexistência pacífica entre as duas potências, mas levou tal teoria ao extremo de defender a coexistência pacífica entre classes e a desnecessidade dos partidos comunistas. Em 46 foi expulso do PC.
651 - Todos os grupos do PCB queriam alianças com setores “progressistas” - até pela URSS estar lutando ao lado dos Aliados na guerra. Alguns, os “liquidacionistas” pregavam mesmo a perda de importância histórica dos PC’s. Browderismo total.
652 - Por essas e outras, o PC se aliou ao seu algoz; foi contra greves em 46; apoiou Adhemar de Barros temporariamente e Jânio em algumas eleições… E por aí vai. Só barbeiragem. Ficava difícil manter células de base que tinha que se virar pra não desrespeitar a “situação delicada de Moscou” que temia novos ataques no pós-guerra e, por isso, o ideal era se aliar aos capitalistas mais “mansinhos”, digamos. Certamente o povo que queria lutar por uma vida minimamente melhor não estava nem aí para a dificuldade de Stálin do outro lado do mundo.
653 - O PCB passou por um período de guinada à esquerda entre 54 (ou até 50) e 58. Denunciando a farsa democrática. Enfim, no pior cenário possível (auge desenvolvimentista desse período). A sede foi depredada no suicídio de Vargas (oposição era toda igual para os revoltosos). Voltaram a se aliar ao nacionalismo e desenvolvimentismo após uma limpa nos quadros à direita (uma revista coloca que FHC faria parte desse grupo, fato inédito ainda não confirmado) e à esquerda do partido (esta parte foi que mais tarde fundaria o PC do B).
654 - Era mais pela ausência de desenvolvimento capitalista comparável ao das grandes potências que pelo alinhamento a URSS que essa nova fase do PCB (e Prestes) abraçava o nacional-desenvolvimentismo.
655 - A aliança com Jango tinha suas benesses. “É esta a política que levou os comunistas galgar postos cada vez mais altos na burocracia sindical e em setores do governo federal. Diz-se que antes de março de 1964, além do aparato sindical organizado no Comando Geral de Trabalhadores (CGT) e de uma coesa rede de colaboradores militares organizados secretamente na Antimil, dispunham de um projeto de autodefesa, aprovado pelo Comitê Central, que previa a criação de fábricas clandestinas de armas, aparelhos secretos e um plano político-militar nas fábricas; o plano não saiu do papel, e no 1º de abril de 1964 militantes comunistas viram-se perseguidos por todos os lado, alguns deles forçados inclusive a dormir na rua para não serem apanhados em casa enquanto tentavam retomar as conexões com a estrutura partidária”.
656 - O resto da esquerda no período: Enquanto ED era uma corrente da UDN, nela conviveram desde socialistas convictos como João Mangabeira a liberais conservadores como Gilberto Freyre. A USP era vista como um agrupamento trotskista que pretendia instrumentalizar a ED. A UDS – composta por socialistas independentes, metalúrgicos, integrantes do movimento negro e remanescentes do antigo Partido Socialista (PS) paulista como Aziz Simão – buscava compor uma corrente nacional com a ED, mas havia muita divergência com o núcleo carioca. UDN foi fundada em abril de 45.
657 - ED ficou independente em 1946 e, no ano seguinte, virou o PSB (o terceiro PSB). Foi este mesmo PSB que se aliou ao PDC para levar Jânio à prefeitura e fazer campanha para o governo de SP anos depois. O partido tinha uma ala que queria crescer pela via eleitoral e outra que queria organizar os trabalhadores. A verdade é que houve momentos na carreira de Jânio em que ele recebeu oferta de apoio até mesmo do PCB.
658 - Ainda sobre o PSB, só foi romper com Jânio em 1960. Antes foi se tornando cada vez mais janista e menos socialista devido a ter atraído novos políticos e quadros com tais características. “Em 1955, quando foi eleito governador, o partido se dividiu, e os janistas tomaram conta do Partido Socialista. Enfim, em 1956 fomos expulsos eleitoralmente da direção.”
659 - Nota de rodapé interessante. O primeiro partido socialista do Brasil (PSB) foi fundado em 1902 e era liderado por um imigrante italiano que defendia reformismo étnico. A missão do partido era se aliar aos imigrantes industriais para que estes formassem a burguesia nacional. Só após esse “banho de capitalismo” é que se poderia pensar em passar ao socialismo.
660 - Tragtenberg jovem criticava o PSB. Só tinha intelectual e só falava de voto.
661 - A bossa nova foi um grupo de centro-esquerda surgido no seio da própria UDN a partir de uma convenção de 1961; dizendo-se influenciada pela doutrina social da igreja, apoiava os projetos sociais do governo de João Goulart, chegando a defender as reformas de base. Composta, dentre outros, por José Sarney (então com trinta e poucos anos), José de Magalhães Pinto, João Seixas Dória, Petrônio Portela, Clóvis Ferro Costa e José Aparecido, a bossa nova disputou duramente a direção da UDN com os bacharéis, tentando incessantemente renovar o discurso político do partido.
662 - PSB cogitou “fundir” com todo mundo no início dos anos 60. Com o PTB; bossa nova; Frente Parlamentar Nacionalista (suprapartidária e beirando a centro-esquerda…). Não deu em nada. Com abril de 64 foi pega de surpresa.
663 - Programa do PTB: “O patrimônio e o conjunto de leis sociais que se incorporam na nova Constituição. As novas conquistas são a regulamentação da participação de lucros e da remuneração nos domingos e feriados. E ainda uma revisão imediata dos salários, para reajustá-lo ao nível do custo de vida. Esse programa social está incorporado aos postulados da religião e representa a primeira etapa das aspirações sociais do povo. A evolução política do Brasil se deve processar em ordem, com disciplina e respeito ás autoridades. Não precisam nem precisarão recorrer a greves, porque a bancada trabalhista, na Câmara e no Senado, defenderá intransigentemente as fórmulas mais práticas para a solução dos seus problemas.” Apesar disso falava em construir o Brasil socialista.
664 - Havia alas mais à direita e mais à esquerda.
(continua...)
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