Fatos e Dados (Brasil) - Parte XII
Reintegração de Posse Com 'Caveirão' Em Belo Horizonte:
979 - Mostra os passos de uma reintegração de posse covarde como quase todas. Juiza se “sensibilizando” com mera intenção declarada da prefeitura de dizer que precisava da área pra fazer um parque… Juiza prometer cadastro das famílias e audiência de conciliação para, no fim das contas, passar por cima até de embargo de declaração exigindo despejo imediato… Mais de 400 PM’s e tropa de choque, com caveirão, cães, gás e cavalaria, pra cercar a área impedindo qualquer solidariedade externa (às sete da manhã… antes, às uma e pouca, um oficial militar anônimo e choroso ligou pro Frei pra avisar)...
980 - Helicópteros sobrevoantes com metralhadoras e crianças chorando com a ameaça. Centenas de solidários sem poder entrar. Quebraram as 350 barracas de lona preta.
981 - Para a imprensa, o comando policial dizia estar cumprindo tudo na paz e normalidade. E tinha a velha desculpa de que estarão todos seguros no abrigo da prefeitura ao sair dali. Abrigos nos quais, curiosamente, ninguém quer ficar.
982 - Não vi, mas penso, nessa segunda madrugada sem dormir, que os que autorizaram o covarde despejo da Ocupação Eliana Silva, sem alternativa digna, devem estar dormindo tranqüilos em quartos e mansões confortáveis, enquanto cerca de 300 famílias que não se vergaram estão passando essa noite fria ao relento no meio dos escombros de onde por 21 dias estavam vivendo felizes, em comunidade, com muita ajuda mútua, solidariedade e espírito fraterno de luta.
983 - Sobre o direito de morar, “A ausencia deste direito, retira nossa dignidade, nossa referencia, nosso chao. Sem isto, sem endereço nao se encontra trabalho. Nao se consegue identidade. Nao existe”.
984 - Mas, vi outras violencias: um casal de 79 anos que tinha ali colocado sua esperança de ter uma casinha sua, sendo colocado ao relento. Varias jovens maes, com bebes no colo, enfrentando a policia. Vi uma mulher que indignada quando levaram o botijao e o fogao da cozinha coletiva, correu atras e tomou o botijao e, so nao foi espancada mais porque todos entraram no meio. Vi os apoiadores da comunidade Camilo Torres e de outros movimentos sociais, fazerem uma manifestaçao e serem agredidos, recebendo spray de pimenta nos olhos atingindo inclusive varias crianças que estavam pertos. (...) A violencia de ficar durante todo um dia e a noite, cercada por todos os lados com a policia a cavalo, batalhao de choque, Gate (Grupamento de açoes taticas especiais), helicoptero equipado para a açao e dando voos razantes.
Le Monde - Da História Estranha de Uma Tal Classe Média:
985 - Critica o limite baixo para ser considerado “classe média”. Se presta a discursos políticos apenas.
Censo Mostra Que Maioria da População de Rua Não Bebe ou Usa Drogas:
986 - Vale apenas para a região metropolitana do RJ, mas enfim: “O estudo derruba mitos: dos 1.247 entrevistados em 32 abrigos públicos e privados, 62% não usam drogas; 65% não bebem; e só 13% são analfabetos.” Principais causas: “Desemprego, migração, enchentes, violência doméstica, alcoolismo, dependência química e pendências judiciais”.
987 - O registro civil é um problema grave. Até para ter acesso a políticas públicas mínimas. Ser atendido em hospital, etc. Defensoria, TJ e MTE começaram a atuar em unidades móveis pelo Rio.
(...)
Brasil, Soros e Ataques Especulativos em 1999 e 2002:
1003 - Coletânea pequena de textos que fiz para pesquisar a época dos ataques especulativos contra o Real.
1004 - Mais um do “Le Monde”. Trata de janeiro de 1999, época da desvalorização cambial. Malan e Francisco Lopes foram para Washington para se reunir com os credores do Brasil. Entre os convidados a este café-da-manhã a portas fechadas, figuravam o Sr. George Soros, dono do Fundo Especulativo Quantum; Sr. William Rhodes, vice-presidente do Citigroup; Sr. Jon Corzine do banco de negócios Goldman Sachs, e o Sr. David Komansky da Merrill Lynch, dentre outros. Noticiou o Estadão.
1005 - Afirma que o período em que os juros estiveram em 40% (SELIC) levou várias empresas locais à falência.
1006 - O empréstimo de 41 bilhões do FMI veio em novembro de 1998. Em vez de frear a fuga de capitais, esta se intensificou. As reservas que eram de 75 bilhões caíram para 27. (Eu lembro disso).
1007 - Para o texto, tanto Malan quanto o FMI sabiam que o Brasil não ia resistir (mantendo câmbio fixo) e a desvalorização era inevitável. Afirma que só em janeiro o FMI deixou que o Brasil “flutuasse” o câmbio. Ou seja, era como se a pilhagem dos especuladores tivesse que ocorrer mesmo…
1008 - Seria tudo meio que proposital para um novo plano. “Novas metas fiscais foram fixadas e o governo obrigava-se a "intensificar o esforço de privatização e de desestatização do setor público", o que abria a via de liquidação dos bancos federais e estaduais, a tomada do controle de setores estratégicos (aí incluído o de energia), assim como empresas rentáveis e infraestruturas públicas, pelo capital estrangeiro”. A desindexação de salários veio de brinde. Arrocho.
1009 - O outro texto, menor, é de Guilherme Delgado, do IPEA. Nele há um trecho interessantíssimo relatando um fato do qual eu não lembrava: Com todas as letras foi esta a mensagem do mega-especulador George Soros ao pontificar em entrevista à "Folha de S. Paulo" de 08/06/2002 sobre a vontade dos grupos financeiros que desejam a "continuidade com continuísmo" da política do Dr. Pedro Malan, sob pena de impor ao país o ataque especulativo contra a moeda na eventualidade de uma outra eleição presidencial diferente da candidatura oficial.
1010 - Enfim… a “carta aos brasileiros” não foi sem motivo. Por isso que o maluco do Eneás meteu o pau.
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