Manolo - Extrema-Esquerda e Desenvolvimentismo - Partes IX e X
(continuação...)
695 - Em 1962, apesar de toda a crítica da POLOP às ilusões do nacional-desenvolvimentismo, resolveram apoiar Cid Franco, do PSB, para o governo de SP. A desculpa leninista de usar as eleições como momento de mobilização popular/construção de programa de reivindicação e ação próprio das massas…
696 - As Ligas Camponesas organizam posseiros. Contavam com os advogados contra os proprietários. Francisco Julião, do PSB, era a principal figura. A POLOP ajudou a organizar em MG e outros estados. … I Congresso Camponês em Minas, o Partido Comunista defendia uma tese, era de reforma agrária mais limitada, o Julião defendeu uma reforma agrária mais radical e uma exigência muito grande à Jango neste sentido. E de fato as palavras de ordem nossa predominaram durante o Congresso, a massa camponesa era grande e bastante vinculada as nossas palavras de ordem.
697 - Até 1963, só tinham um operário, o Otavino. Depois de 63 ficou um pouco menos “estudantil”. Inclusive começaram a virar “partido mesmo”, com centralismo democrático e tal.
698 - Gostavam de Brizola, financiador do jornal Política Operária nos meses pré-golpe, por atrair as massas camponesas e operárias.
699 - O golpe se deu em meio ao III Congresso da POLOP.
700 - Alguns integrantes da POLOP acham que apesar de não terem penetração nas massas, “valiam mais” por seu discurso diferente que ajudava inclusive, em tese, a gerar dissidências no campo nacional-desenvolvimentista (vários falam de uma influência sobre parte do PCBR, por exemplo). Marini aponta isso, por exemplo. Sachs crê que a esquerda atual debate em um nível mais alto e eles começaram isso...
701 - Sachs: A derrota de abril e a clandestinidade aumentou automaticamente o peso específico da Organização no cenário político; isso se deve menos à nossa expansão e ao nosso fortalecimento de que à debandada do movimento de massa e da esquerda tradicional. É verdade que do ponto de vista político estávamos melhor preparados para enfrentar os acontecimentos do que os reformistas. Nós não tínhamos tido ilusões democráticas. Para nós o golpe não era “um raio vindo do céu azul”. Tampouco era simples produto de “conjuras maquiavélicas de fora”. Sabíamos que as nossas classes dominantes ansiavam por um regime forte para sair do impasse econômico. Embora ficássemos tão atônitos como os demais (até os próprios golpistas) com a absoluta falta de resistência do regime deposto, a ditadura militar não foi uma surpresa para nós.
702 - Em 1967 a POLOP realizou seu IV Congresso. Lançada a palavra de ordem da luta armada guerrilheira e já tendo se envolvido no episódio da “Guerrilha de Copacabana”, a organização colocou-se o problema de desenvolver, na clandestinidade, um programa estratégico de ação.
703 - A luta armada provocou cisões internas. Juntaram-se a setores mais radicais do PCB para formar o POC.
704 - … “outra, a cisão de São Paulo, se fundiria rapidamente com os remanescentes do MNR [Movimento Nacionalista Revolucionário], dando lugar à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), uma das organizações político-militares mais ativas e influentes do período subsequente; e a terceira, a cisão de Minas Gerais, que compreendia além disto elementos do Rio de Janeiro, constituiria o Comando de Libertação Nacional (COLINA), de caráter também político-militar.”
705 - OCML-PO foi a rearticulação dos que ficaram no Brasil durante a década de 70, sempre tentando contato com o pessoal do exílio - os militantes mais conhecidos. “A OCML-PO participou ativamente do movimento pela fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) entre 1978 e 1980 e incorporou-se a ele enquanto tendência”.
706 - Estado Novo não foi fascista pela falta de partido único? “Para isso empreenderam, em 1938, debaixo de grande propaganda, a fundação de um organismo denominado Legião Cívica Brasileira, núcleo do futuro partido totalitário. Mas as Forças Armadas, co-responsáveis pelo golpe de 10 de novembro, viram nessa manobra uma clara ameaça à sua autonomia e se opuseram – em boa hora, devemos reconhecê-lo – ao prosseguimento do plano que, se executado, viria colocá-las na situação subordinada em que se encontravam nos países verdadeiramente fascistas’. Edgard Carone também registra a resistência das oligarquias locais ao projeto.”
707 - O PTB e suas bases sindicais se usavam mutuamente. Se rolava um claro “anéis pra não perder dedos”, também as reivindicações crescentes das massas empurravam o partido do centro para a esquerda.
708 - O PSB por vezes cedia a legenda para candidaturas da “esquerda clandestina”.
709 - Historidadores e doutores do PCb, em sua maioria, acreditavam que a burguesia era o carro chefe da Revolução. Iriam, por exemplo, apoiar a reforma agrária pra gerar mercado consumidor para a burguesia industrial nascente… Apostas...
710 - O Partido Operário Revolucionário (POR), coerente com a teoria da revolução permanente, previa igualmente o caráter socialista da revolução no Brasil, embora precisasse fazer malabarismos para conciliá-la com as frequentes alianças com forças nacionalistas características de sua atuação.
711 - A base do PCB era de trabalhadores urbanos, disputados com o PTB.
712 - Segundo Manolo, “na medida em que os camponeses conquistaram direitos trabalhistas básicos e os primeiros sindicatos começaram a instalar-se no campo – não sem luta, evidentemente – as Ligas Camponesas, campo preferencial de atuação da extrema-esquerda, começaram a diminuir sua influência, perdendo espaço para comunistas, trabalhistas e católicos”.
713 - Manolo traz um dado importantíssimo para mostrar que as comparações entre épocas podem ser perigosas. Vivemos num Brasil totalmente diferente (dados de 2010, acho); “Diferentemente de 1949, quando a agricultura respondia por 77,3% dos postos de trabalho, a indústria por 11,1% e os serviços por 11,6%; diferentemente de 1959, quando a agricultura respondia por 72% dos postos de trabalho, a indústria por 13% e os serviços por 15%; diferentemente de 1970, quando a agricultura empregava 65,7% da mão-de-obra, a indústria 17,7% e os serviços 17,3%; hoje, os serviços empregam 62,1% da mão-de-obra, a indústria 21,3% e a agricultura 16,6%.”
714 - Sem contar a terceirização e alta rotatividade que caracterizam nossos tempos.
715 - ORM-POLOP e Colina eram os grupos de que Dilma fez parte. Curiosidade.
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