Fatos e Dados (Brasil) - Parte VI - O Nascimento da Organização Sindical no Brasil

 

Jorge Silva - O Nascimento da Organização Sindical no Brasil:

849 - Esta dominação branca barrou desde os seus primórdios, com as inúmeras ações de resistência dos povos indígenas, destacando-se a dos índios Tupinambá (1530-1540), a Confederação dos Tamoios (1562), os Potiguara da Paraíba (1586), Aimoré da Bahia (1686), e a revolução dos Cairiri do Ceará (1712), para só evocar as mais famosos exemplos da resistência secular à ocupação de suas terras a à política de escravização levada a cabo pelos colonizadores europeus.

850 - Com D. João VI, vieram as manufaturas, mas não as indústrias. “No século XIX, o Brasil viu nascer as primeiras indústrias metalúrgicas e manufatureiras, como a fabrica de ferro de Sorocaba (1801), a fabrica de armas de Minas (1811), a indústria Mauá, em Niterói (1845). Segundo Roberto Simonsen, em 1850 havia já cerca de 50 indústrias, entre fábricas de tecidos, alimentação, metalurgia e produtos químicos.”

851 - Os franceses influenciavam mais que os alemães. “Através dos jornais vindos do exterior, dos livros e até da literatura, era o socialismo não marxista que ia se tornando mais conhecido no Brasil, trazido na bagagem dos emigrantes ou através do intercâmbio internacional estabelecido pelas publicações, grupos e sindicatos brasileiros.”

852 - Cita o exemplo de um engenheiro estrangeiro - Vauthier - que chegou para trabalhar numa secretaria de obras públicas - Recife - e influenciou tal cidade com ideias progressistas, críticas à propriedade latifundiária e etc.

853 - O primeiro livro sobre o tema no Brasil tem 300 páginas e é 1855. Fala especialmente de Proudhon e dos “utópicos”.

854 - E Tobias Barreto foi o primeiro a escrever sobre Marx no Brasil.

855 - O falanstério de Vauthier, em SC, fracassou: “Essa experiência comunitária acabou se frustrando devido às divergências surgidas entre as principais membros do grupo, mas também em razão das condições precárias da região em que se instalaram, na qual artífices tinham de desempenhar as tarefas de agricultores pioneiros, para as quais não estavam preparados.”

856 - Alguns exilados da Comuna de Paris também vieram parar por aqui.

857 - No Imperio, sindicatos e associações operárias eram proibidas, mas havia certa tolerância vigiada. “Nos primórdios do sindicalismo brasileiro, caberia aos tipógrafos e gráficos o orgulho de serem um dos mais combativos setores dos trabalhadores, a que não era estranho o fato de sua realidade. cultural se distinguir da dos demais assalariados, já que a maioria sabia ler e tinha condição de acesso à informação e ao conhecimento, em decorrência da própria profissão.”

858 - A partir de 1870 começa a nascer e se proliferar a imprensa operária e socialista.

859 - O socialismo reformista ganha adeptos no Brasil bem antes do marxismo.

860 - Anota que: “A imprensa operária noticiando essas lutas, divulgando os resultados, popularizando as estratégias, informando sobre o movimento operário em outros países, permitiu aos trabalhadores brasileiros criarem uma visão coletiva da luta que os opunha ao Capital”.

861 - O anarcossindicalismo surge na França (1890, por aí) e se espalha em menos de vinte anos. Não quer dizer que os anarquistas já não militassem antes com os operários. Afinal, AIT (1864 a 1872), Comuna de Paris e os mártires de Chicago (1887) em favor das oito horas, e outros exemplos, estão aí.

862 - Coloca que havia relevante grau de cooperação entre anarquistas e socialistas até “o predomínio do marxismo-leninismo que levou à partidarização do sindicalismo e à sujeição das lutas operárias à estratégia dos partidos comunistas nos anos 20 em todo a mundo”. Tanto o é que “A Plebe” colocava “O Capital” como um dos livros a serem lidos (tinha uma lista de indicações e tal…).

863 - É nesse contexto que o jornal A Greve do Rio de Janeiro publicou em 1903, as bases para a estatuto da Federação das Associações de Classe. (...) Nesse mesmo ano ocorreu uma greve generalizada que paralisou as cocheiros e carroceiros do Rio, tendo ocorrido também uma greve geral que paralisou os têxteis, envolvendo milhares de trabalhadores (cerca de 40.000), trazendo a vitória das 9.30 h de trabalho.

864 - Ano e pouco depois já se lutava pelas oito horas.

865 - O I Congresso Operário elegeu a ação direta como método de luta. “Nesse congresso foi recusado explicitamente em diversas moções, a vinculação do sindicalismo a partidos políticos”.

866 - Função remunerada em sindicato? Só excepcionalmente e, ainda assim, num salário nunca superior ao da profissão. E, para tais cargos, os preferidos deveriam ser “os sócios inutilizados pelo trabalho”.

867 - Chefes (os gerentes da vida) não poderiam se filiar ao sindicato. Meios de ação: “a greve parcial e geral, o boicote, a sabotagem e a manifestação pública, segundo as circunstâncias.”

868 - Obviamente aprovou como principal pauta a redução da jornada.

869 - Aprovadas incluem-se ainda decisões sobre a necessidade da propaganda contra o alcoolismo; sobre a importância da organização das mulheres; a fundação de escolas livres; e a colaboração dos operários na constituição de organizações de trabalhadores do campo.

870 - Ainda 1906: “Em Porto Alegre, explodiu nesse mesmo ano, uma greve geral, deflagrada pelos marmoristas, mas que teve a adesão dos têxteis, pedreiros, pintores, alfaiates e marceneiros. Durou doze dias e resultou na conquista da jornada de trabalho de 9 horas”.

871 - Com o assassinato de Ferrer em 1909, muitos sindicatos passam a incentivar as escolas modernas.

(continua...)

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