Econ - Textos Variados VI (Blog Conhecimento Econômico)

 (continuação...)

247 - Sobre valor-trabalho: em Menger, os bens finais (mercadorias) são os “inferiores” e os de capital são os “superiores”. Ele explica que não é o valor do bem de ordem superior que define o valor dos bens de ordens inferiores, mas o inverso que acontece. Na verdade a relevância dos itens de ordem inferior é que daria valor aos bens de ordem superior. No caso também, a utilidade previsível e a necessidade humana dos bens de ordens inferiores é que fazem o bem de ordem superior (no caso a ferramentaria e os bens de capital) terem utilidade, e consequentemente – segundo ele -, valor.

248 - Afirma, não sei se com razão, que Menger utiliza uma teoria do valor na produção e outra no consumo, o que seria absurdo. O valor subjetivo tem caráter individual, o que faria cada pessoa ter uma teoria do valor diferente para uma mesma mercadoria e para cada mercadoria diferente, evidentemente não servindo para definir uma teoria única do valor. Uma contradição claríssima.

249 - Água no deserto. A meu ver, o preço muda pelo fator que ele lançou: faz a demanda por trabalho humano ser alterada.

250 - Acho que isto aqui serve para muita coisa que esse povo critica: Os bens de luxo tem uma concepção individualista e hedonista (mesma coisa do “vinho caro”), a qual entraria no mesmo erro de obter uma teoria do valor para cada consumidor. Além de que, mais uma vez, confunde – ou tenta confundir – valor com preço. Estão consumindo mais que o mesmo produto.

251 - Além de confundir valor com preço a todo momento, dependendo da rigidez da leitura, o pensamento de Menger leva a crer que na economia de mercado é possível cada pessoa atribuir um preço aos seus produtos requeridos, porém, a realidade é que os preços são dados e só o consumo que pode ser moderado.

252 - Sobre a questão da escala decrescente de valor da utilidade marginal, além desse exemplo falar a respeito da utilidade (e não do valor especificamente), isso envolve os conceitos de oferta e demanda. A escassez, além da oferta e demanda, também determinam a necessidade por trabalho humano, então portanto o tempo médio socialmente necessário à produção, que é o cerne do valor-trabalho para Marx. Afinal, se o bem é mais escasso, dará mais trabalho médio para ser produzido. Uma boa obra de arte pode se encaixar nessa máxima, eu diria.

253 - Bohm_Bawerk continua os erros de Menger. Só que mais sofisticado. No caso das fórmulas por exemplo, na maioria das vezes não se explicam os produtos, mas sim as marcas. A Coca-Cola por exemplo é uma marca, não um produto, já que este seria o refrigerante. Além de repetidamente confundir valor com preço, pois os segredos industriais e as patentes influenciam nos preços, mas não no valor. (...) No caso de uma patente por uma fórmula de medicamento, por exemplo, esta influência sobre o seu preço de mercado e sua condição de lucratividade para o seu criador. Mas o valor seguiria inalterado, dependendo do tempo de trabalho social para se ter chegado naquela descoberta científica que gerou uma nova tecnologia (a fórmula do medicamento).

254 - A crítica a Marx sobre não ter, supostamente, levado em conta o trabalho qualificado (múltiplo) é maluquice. Ignora toda a parte do superlucro e etc. Na verdade (...) a multiplicidade (qualificação) poderia alterar a escala da produção, e esta sim, poderia alterar o valor. Mas tudo isso tem descrito em “O Capital” de forma minuciosa, basta examinar. E a multiplicidade está inserida, logicamente, no tempo de trabalho socialmente necessário de Marx.

255 - Não concordo com tudo do texto e ressaltei os pontos com que tendo a discordar, mas a análise está em progresso.


Blog Conhecimento Econômico - As reservas do Banco Central:

256 - Reservas internacionais: as reservas seriam um canhão para ser usado numa guerra e o custo de carregamento seria o aluguel do canhão.

257 - Para manter essas reservas em caixa, o BC precisa lançar títulos conhecidos como OPERAÇÕES COMPROMISSADAS, pagando juros de curto prazo aos credores e suavizando a demanda por dólar no mercado interbancário, e assim controla razoavelmente o preço da moeda estrangeira através da supressão de demanda. (...) Na verdade o custo de carregamento clássico se dá pela diferença do juro (juro interno e o juro dos títulos americanos comprados pelo BC).

258 - O que geralmente ocorre se o BC não conter a alta do dólar: Se o dólar está subindo acima do juro de títulos internos, ou o Banco Central emite mais dívida (operações compromissadas) ou então aumenta o juro SELIC (ou seja, aumenta o custo fiscal da dívida interna). (...) Se ele não fizer isso, o dólar vai embora, pois o hedge mais seguro e mais líquido do mundo, o dólar, ainda rende mais que o juro de um país ainda subdesenvolvido. Nessa situação ninguém é burro de preferir um ativo menos líquido e que ainda rende menos. E aí entra o componente especulativo e a corrida dos touros (comportamento de manada).

 

Blog Conhecimento Econômico - Auditoria da dívida e MMT:

259 - Cita expoentes da MMT: George Knapp, Abba Lerner, Randall Wray, David Graber etc.

260 - MMT consiste basicamente no raciocínio de que a moeda não é uma mercadoria, mas um sistema de crédito para produção e trocas. É a antítese da ideia da moeda como um substituto da prática do escambo para suprir a demanda por uma mercadoria conversível universalmente. Seria, por sinal, a ideia de todos os clássicos e neoclássicos/marginalistas.

261 - Moeda para Graeber e outros vem desde a idade antiga: Isso vai de uma descrição do uso de talhas de madeiras até pedras com marcações(Mesopotâmia) em antigas civilizações. Seriam versões rústicas do famoso “caderninho do fiado”, tão famoso no Brasil inteiro. (Às vezes me parece uma luta semântica essa).

262 - A regra é que o governo não “paga” o estoque da dívida, mas apenas o fluxo.

263 - Títulos do governo: Esses títulos ficam na carteira do Banco Central do Brasil e são vendidos aos ‘Dealers’ no mercado primário. No mercado secundário circulam como ativo circulante interbancário e mercado de ativos financeiros para pessoas físicas ou investidores institucionais. Esse segundo é o Tesouro Direto, pelo que explicou.

264 - O pagamento feito é o de fluxo (que é juro, ou, despesa financeira).

265 - O Estado tem o poder de criação da sua própria moeda e acesso a políticas de incentivos à produção, logo, deve utilizar as finanças públicas para turbinar a sua própria economia (com pleno emprego), e não para pagar dívida. A dívida então deve servir à economia, mas não ter uma dívida para servir à própria dívida (em bom português, ao rentismo). Essa é a ideia da MMT (modern monetary theory).

266 - Após a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal no Brasil, ficou proibido o recurso da Senhoriagem (impressão de moeda) para financiamento público. No entanto a Senhoriagem não é um recurso único para fins expansivos, uma vez que existe a ferramenta de imposto inflacionário e a criação de crédito. Para tentar entender melhor isso, seria interessante pesquisar as leis das finanças funcionais de Abba Lerner.

267 - Você pode pensar que a MMT ganhou fácil essa polêmica, mas não é tão simples assim… O estoque influencia o fluxo. O juro é o preço do risco-país, que envolve também sempre o volume do estoque. A auditoria e o possível confisco pode ser uma penalização do rentismo e parasitismo financeiro, forçando uma entrada dos recursos na economia real. Se isso causaria ou não uma possível aceleração inflacionária, é outra questão.

268 - A inflação também não pode tutelar toda uma política econômica de um país. Os próprios documentos do FED e do Banco da Inglaterra mostram entre as metas o pleno emprego, a produção, a utilização da capacidade ociosa, o PIB, enfim… A inflação pode ser uma métrica de avaliação da escassez. 

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