Econ - Blog Conhecimento Econômico - A teoria do valor
Blog Conhecimento Econômico - A teoria do valor:
224 - O mesmo Ricardo fala logo no comecinho da obra sobre casos específicos de quadros valiosos (obras de arte, no caso), moedas raras, vinhos escassos (produzidos com uvas raras), etc. Porém, o grosso das mercadorias seria determinado, segundo ele, por trabalho necessário à produção (que eu chamo de “trabalho demandado”). Assim, a leitura de Ricardo, você poderá confirmar logo adiante nesse mesmo texto, refuta a ideia central (e absurda) da teoria do valor de Eugene Von Bohm-Bawerk.
225 - Marx escreve que algo pode ter valor-de-uso sem ter necessariamente valor, como: o ar, a terra, a água, o mar, enfim, grandezas naturais úteis ao ser humano. Mas por que não são valor? Porque não possuem trabalho social médio “cristalizados” (ele utiliza essa expressão).
226 - A teoria dos “riscos do capitalista” é ridícula. Primeiro que o lucro é a regra. Segundo que “os trabalhadores em geral correm vários riscos sim (de perder o emprego, de se acidentar, etc.).” (Ademais, pode perguntar a um trabalhador e um patrão se não querem trocar de papel)
227 - Lembra que Mandel observou que toda mercadoria pode ser decomposta em trabalho humano: mercadorias, matéria-prima, máquinas, construções, etc.
228 - A crítica austríaca da “fábrica de gelo” no deserto é ridícula. … o trabalho para você levar uma fábrica de gelo ao Deserto do Saara, mesmo sendo um mero exercício mental e fictício, seria enorme. Ou seja, reforça a tese de que trabalho é valor.
229 - Austríacos comparam bens diversos. ... quando se metem a falar sobre valor, eles sempre confundem valor com preço. Eles fazem a análise deles sempre com a cabeça fixada em preços, não em valor. Toda hora eles confundem esses conceitos. O estudo do valor deve se pautar sobre o produto vinho tinto, e só. Não sobre “vinho tinto francês com a uva tal, de região tal, com uvas raras, etc”.
230 - Uma coisa é uma marca (e o trabalho de marketing envolvido, por sinal). Outra é um produto.
231 - Menciona os maus resultados da Coca-Cola nos testes de sabor desvinculados de marketing.
232 - Os austríacos gostam de usar a exceção da “obra de arte”. Quadro de Picasso.
233 - Bentham e Mill influenciaram a galera “neoclássica” da utilidade marginal.
234 - Utilidade marginal da água ou do chocolate são bons exemplos. No primeiro copo, o valor é mais alto, pois se está com muita sede. E chocolate depois do terceiro ou quarto vai enjoando.
235 - A água tem pouca utilidade marginal, basicamente, porque havia muita oferta dela, então haveria muito consumo, logo, uma escala decrescente de utilidade marginal (valor). Já o diamante seria um bem escasso e pouco utilizado devido a sua própria escassez, logo, sua utilidade marginal seria alta.
236 - Afirma que há muitos consumos nos quais não há essa característica. Exemplifica com os colecionadores de bem x ou y. A ostentação. O consumo ostensivo. O valor nao vai caindo a cada consumo adicional, como supostamente, segundo o texto, deveria ocorrer na teoria do “valor-utilidade”.
237 - Ele faz críticas ao “valor-utilidade” sobre as quais quero pensar depois: Então por exemplo, se o preço da mão de obra e o preço da energia aumentam na produção de determinada mercadoria, seu valor aumenta, independente da escala de consumo (crescente ou decrescente). Há mercadorias que aumentam o valor sem necessariamente terem seus consumos aumentados. E mesmo se tivessem, ainda assim estariam contradizendo a utilidade marginal, já que esta determina uma universalização geral no decréscimo de consumo (ou seja, quanto mais consumo, mais cai a utilidade marginal e consequentemente o seu valor).
237.1 - Em outro texto marxista avulso vi uma consideração interessante de Marx sobre essa coisa de valor e preço e coisas abstratas: “A forma preço [que é a expressão de valor das mercadorias em dinheiro…] pode encerrar uma contradição qualitativa, de modo que o preço deixa de todo de ser expressão de valor, embora dinheiro seja apenas a forma valor das mercadorias. Coisas que, em si e para si, não são mercadorias, como por exemplo consciência, honra etc., podem ser postas à venda por dinheiro pelos seus possuidores e assim receber, por meio de seu preço, a forma mercadoria. Por isso, uma coisa pode, formalmente, ter um preço, sem ter um valor. A expressão de preço torna-se aqui imaginária, como certas grandezas da Matemática. Por outro lado, a forma imaginária de preço […] pode encerrar uma relação real de valor ou uma relação derivada dela.” Karl MARX, O Capital, Livro primeiro, Tomo 1, op. cit., p. 91-92. Ademais, o artista é o “paradigma simbólico do trabalho emancipado”: … o artista é simultaneamente livre do comando gerencial e goza, como resultado, de um maior acesso à democracia no local de trabalho.
237.2 - (Tem uma coisa nessa questão da arte. Além de não ser exatamente o mesmo quadro o meu e o de Picasso - mesmo que eu copie, não se estaria comprando “o dom raro”, mas mera cópia -, mesmo se pensarmos em tempo de trabalho médio pra fazer um quadro, Picasso pode ser só o cara do “superlucro”, com técnico dificilmente replicável. É aquela história. “Quanto mais rara uma coisa-técnica-bem-etc., mais trabalho(!) dá para encontrá-lo”.)
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