Econ - Blog Conhecimento Econômico - As falhas da Escola Austríaca (parte)


Blog Conhecimento Econômico - As falhas da Escola Austríaca:

238 - Como sempre, o excesso monetário é a causa de todos os problemas de curto-prazo nessa escola. A explicação segue afirmando que caso haja um excesso de demanda no curto prazo, os lucros serão maiores nesse período, deslocando os produtores de longo prazo para o curto prazo em busca da mesma lucratividade. Esse fato iria acarretar em queda dos lucros (por excesso de concorrência), o que ocasionaria em produção em excesso sem a demanda nesse mesmo curto prazo, por queda no lucro ou falta de demanda.

239 - Ele se baseia em um artigo sobre Hayek: Segundo o artigo, para que não ocorra esse deslocamento dos triângulos VOA e VDA, alterando as taxas de lucratividade na medida tempo, a taxa de juros deveria ser regida de acordo com uma tal “propensão a poupar”, que seria uma poupança real, diferente da tal “poupança forçada” (a qual imagino que seja devido a juros “artificiais”). Afirma que o artigo não ensina a detectar nem quantificar a tal poupança real.

240 - Afirma que Hayek associa de tal forma poupança e investimento que parece esquecer da possibilidade de superar deficiência na primeira com a “poupança externa”.

241 - Nos tempos do “padrão-ouro”, o sistema monetário defendido pelos adeptos da Escola Austríaca, ainda sem a existência do FED (fundado em 1913) e da maioria dos bancos centrais pelo mundo, houveram diversas outras crises econômicas. O contra-argumento deles (o texto cita artigos) é o de que as crises eram menores e menos nocivas antes.

242 - A tese da Escola Austríaca para a depressão de 1929 é que a bolha de ativos financeiros da bolsa foi causada por uma expansão monetária, ocorrida para neutralizar a breve crise americana menos conhecida do biênio 1921-1922, o que teria ocasionado uma inflação nos anos seguintes e uma retirada brusca de moeda no período da crise de 1929, o que teria ocasionado o fenômeno de “boom-bust”, que seria expansão e contração.

243 - E sobre o crescimento da economia mundial durante o século XIX, esqueceram que esse período foi marcado pelo auge da segunda revolução industrial, com o encadeamento da criação do motor de combustão interna como grande marco e as consequentes escalas industriais em massa surgidas nos países da Europa ocidental (sobretudo Alemanha, França e Reino Unido) e nos EUA. Era o que eu tinha falado sobre o furo da teoria de Hayek de omitir o ciclo de inovações tecnológicas. Um erro tremendo. (...) Foi o período da eletricidade em escala de Thomas Edison e Nikola Tesla, do primeiro carro a combustão com Karl Benz , da criação da Ford Motor Company, da busca acelerada pelo petróleo nos EUA (que culminou na riqueza dos Rockefeller), da ferrovia inovadora de George Stephenson na Inglaterra, da navegação com barco a vapor de Robert Fulton, da revolução da comunicação com o telégrafo de Morse, etc. Época de notável progresso técnico-científico. Não foi o “padrão-ouro” que criou isso, como quer a escola austríaca. O surgimento da indústria moderna e a revolução da logística consequente dela não tem relação direta com a mineração do ouro e a sua conversibilidade em forma de títulos bancários (monopolizados pelo Banco da Inglaterra), que pouco diferia do bimetalismo (ouro e prata) anterior ao padrão ouro clássico em essência.

244 - Coloca que o Encilhamento (cita livros que abordam, inclusive um de Boris Fausto) e a Argentina de 1890 passaram sufoco com crises terríveis na época do padrão-ouro. Não explica muito.

245 - O texto sobre “padrão-ouro” não é muito bem explicado, mas ele conclui que o resultado era o mesmo que o atual. Países ricos-centrais com “privilégios exorbitantes” do ponto de vista monetário - inclusive a coisa de usar os juros para reter capitais alheios - e os demais tendo que se virar.

246 - Houve deflação no “padrão-ouro”. Oferta de bens crescia acima da oferta de ouro minerado. A deflação mundial defendida por Reisman (mesmo que de maneira implícita, fazendo uma diferenciação com a contração monetária) era um verdadeiro desastre para os países pobres e emergentes, uma vez que as suas dívidas eram percentualmente infladas também de maneira inorgânica. Ou seja, sem expandir os gastos sociais (saúde, educação, etc.) ou com a infra-estrutura (estradas, ferrovias, novas indústrias, etc.) no país. (...) Um cenário parecido com a explosão da dívida externa brasileira em 1982 durante o regime militar, depois que Paul Volcker (presidente do FED na época) subiu a taxa de juros dos EUA e a dívida brasileira contraída em períodos anteriores era praticamente inteira lastreada nos juros deles.

(continua...)

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