Econ - Textos Variados VIII (Blog Conhecimento Econômico)
Blog Conhecimento Econômico - Em toda esquina tem um especialista em gestão bancária:
287 - Texto de meio de 2015 sobre o BNDES
288 - BNDES para combater a crise em 2009 tomou dinheiro emprestado do Tesouro Nacional (que emitiu dívida para isso). Fez política industrial (subsídios), mas pagaram os juros da SELIC.
289 - Coloca que sem política industrial ou mesmo empreendedorismo estatal não vai surgir desenvolvimento algum espontâneo.
290 - BNDES e crise: Onde o crédito no BNDES entra nisso? Ele não visa estimular a inflação (uma visão burra e estúpida), e sim incentivar o investimento, assim evitando a deflação e também a evitar o efeito dominó na economia (onde uma derrubada levaria a um caos geral).
291 - Coloca que a persistência da inflação brasileira mesmo após a subida de juros 2012-15 (de 7,25% para 13,75% no momento do texto) não se deve a uma farra do crédito dos bancos públicos, mas sim à fatores externos. Alta do dólar. Se o FED retira moeda de circulação, não tem jeito, o dólar vai se valorizar perante todas as moedas mundiais. (Eu diria: a não ser que por algum motivo a demanda do dólar tivesse diminuído também na mesma proporção, o que não sei se ocorreu). Dólar valorizou quase 100% em relação ao Real no período. A coisa é externa, pois se valorizou um tanto também em relação ao Euro (uns 20%, sei lá, calculei) e à Libra.
292 - Efeitos do dólar alto: encarecem insumos industriais (a indústria brasileira necessita de insumos e/ou matérias primas importadas), afetando o custo de produção. Encarecem os insumos agrícolas (sim, o Brasil necessita de fertilizantes importados, pois não existe produção interna suficiente para dar conta). Induz à exportação de produtos brasileiros (já que o valor da mercadoria nacional está mais baixo perante a quem tem dólar), que diminui a disponibilidade interna e também pode ocasionar em aumento de preços internos (inflação).
293 - Cita também a seca no Sudeste que inflacionou os alimentos e a necessidade de liberar os preços administrados. Enfim, tudo leva a crer que a inflação não tinha a ver com o BNDES segundo o texto. Afinal, defende que BNDES não é dinheiro para consumo, para o povo se empanturrar de carne assada na manteiga e encher a geladeira de iogurte grego. É crédito para INVESTIMENTO PRODUTIVO, visa controlar a demanda agregada via OFERTA.
294 - A taxa real de juros (diferença entre taxa nominal SELIC e inflação) do mandato Dilma foi menor que a do segundo mandato do governo Lula, ponto pra ela.
295 - Relação BNDES e crédito privado. Defende que o BNDES existe porque o “privado” é fraco. Não o contrário. No histórico do sistema financeiro nacional, o grosso do crédito privado é para o consumo (das famílias, os famosos cheque especial e cartão de crédito). As taxas são altas e deixam a indústria nacional pouco competitiva internacionalmente em relação a custos (já que a taxa de juros é um custo também).
296 - Coloca que o BNDES dá lucro e que a relação dívida/PIB vinha caindo (pelo menos até janeiro de 2015).
297 - Financiamento do BNDES não é dinheiro dado e não foi só pra país de governo esquerdista. O BNDES também financiou obras (ou aquisição, no caso de compras a empresas brasileiras) na Venezuela, Uruguai, Nicarágua, Bolívia, Argentina, Equador, Colômbia, enfim… diversos países das diversas correntes políticas diferentes. (...) A Colômbia e o Peru mesmo, vivem sendo exaltados pelos liberais de internet.
Blog Conhecimento Econômico - Melhor Crítica à MMT:
298 - A sigla é uma ironia de Randall Wray, pois são ideias antigas.
299 - A síntese dos raciocínios da MMT pode ser resumida em quatro antigos economistas: Georg Friedrich Knapp, Abba Lerner, Michal Kalecki e Hyman Minsky.
300 - Primeiro o Estado gasta para depois tributar. … déficit fiscal do governo é superávit do setor privado em moeda. (Fato é que o capital fictício, essa “riqueza privada”, só cresce). Em verdade, o imposto é uma forma sui generis de retirar liquidez circulante da economia, preservando assim o seu poder de compra.
301 - Para terminar: a ideia das Finanças Funcionais é que o estoque da dívida em moeda soberana não deve ser uma preocupação para governos. A dívida pública serve como regulador da taxa de juros da economia, sendo apenas mais uma ferramenta econômica para regular o equilíbrio entre poupança e investimento além da oferta e demanda, e não um elemento extremo de restrição dos gastos, como costumam pensar as pessoas leigas no assunto.
302 - Ademais, um título emitido pode ter efeito multiplicador (digamos que o dinheiro emprestado ao governo vá para um investimento em infraestrutura) melhorando a relação dívida/PIB futura.
303 - E a solução de deixar sempre os juros baixos para estimular o crescimento? Há o problema da fuga de dólar. Pode gerar inflação. Se o dólar fica mais caro, então o trigo e o nosso pão também ficam . (E outras coisas já explicadas textos acima). Poderia rolar um ataque especulativo ao câmbio também. (Ah, mas a economia tá fraca? Sim, mas estagflação existe). … Não seria estranho se os juros tivessem que subir de novo para conter alguma fuga de dólares (e a inflação). Isso para o setor produtivo seria uma tragédia, uma vez que a incerteza e a volatilidade financeira é inimiga do acréscimo de FBCF. Risco de inflação por falta de oferta. Ou seja, na pior das hipóteses a gente monta uma espiral inflacionária.
304 - Outra questão: se o mercado perder o interesse em financiar o Estado via compra de títulos no mercado primário devido à falta de crença na capacidade de fluxo pagamentos do governo, o juro provavelmente voltaria a crescer mesmo em cenário de crescimento baixo.
305 - O perigo possível: Acaba sendo uma verdadeira encruzilhada: você tenta crescer o gasto discricionário e o juro sobe, reduzindo o espaço fiscal. Mas você desce o gasto discricionário para descer o juro, aparecendo o já reduzido espaço fiscal devido ao decréscimo do discricionário.
306 - Ter que subir juros (aumento de despesa financeira do governo e das empresas) é conviver com baixo investimento produtivo e baixo crescimento, o que, por sinal, leva a menor espaço fiscal (arrecadação fraca) e necessidade de mais dívida.
307 - Tem mais um detalhe a acrescentar: no raciocínio keynesiano a expansão fiscal é uma ação anticíclica e pontual, e não uma ação duradoura em modo perpétuo (roubei esse termo da discussão entre Marcos Lisboa e Nelson Barbosa). O comportamento em modo perpétuo da expansão fiscal pode tirar a eficácia anti cíclica da mesma, tornando a na verdade pró cíclica via expectativas.
308 - No caso brasileiro a classe empresarial se interessa muito pela concessão de infraestrutura, desestatizações e privatizações. É a fome por lucros fáceis e rentabilidades garantidas. Então interessa ao setor privado a redução estatal, o ajuste fiscal, o contingenciamento de custos, etc.
309 - Achar que a mera expansão fiscal ou monetária vai gerar demanda por utilização da capacidade ociosa, acréscimo do investimento e aumento da empregabilidade é, no mínimo, uma constatação ingênua. É querer supor uma ingenuidade da burguesia e uma perda da força dela face às vontades dos governos.
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