Marxistas - Textos Diversos XCV
Trotsky - Anti-Nietzsche:
1592 - O culto ao sofrimento como fonte
de elevação do ser humano é apenas parte da filosofia de Nietzsche, afirma.
1593 - A casta dos senhores,
legisladores, criadores de valores, super-homens é, em Nietzsche, isentada não
só do trabalho produtivo, como também “de comando” e dominação (tais tarefas
grosseiras ficam para outros serviçais). É como se fossem Deus na Terra.
1594 - Em Spencer, encontramos o mesmo desprezo pelas massas - ainda que com
mais moderação -, o mesmo elogio da luta enquanto instrumento do progresso, o
mesmo protesto contra o auxílio aos fracos que pereceriam supostamente por sua
própria culpa. Diferença é que Spencer: … não quer absolutamente dispensar a burguesia do “trabalho” de dominação
e o tipo superior não é para Spencer o homem desregrado. ...
1595 - ...Ou seja, Nietzsche desprezava
também o burguês médio e seus sermões moralizantes e bom mocismos. Seu
super-homem é o nobre guerreiro que pilha e luta.
1596 - Max Nordau, o burguês médio,
contra Nietzsche: “A declaração de
princípio segundo a qual nada é verdadeiro e tudo é permitido, que emana de um
sábio moralmente alienado, encontrou um imenso eco junto àqueles que, por
decorrência de uma deficiência moral, alimentam neles mesmos um ódio visceral à
ordem social. Em particular, ante essa grande descoberta, muito se alegra o
proletariado intelectual das grandes cidades”.
1597 - A moral do nobre para Nietzsche: “A vida de um ser nobre é uma cadeia
ininterrupta de aventuras repletas de perigo. A felicidade não o interessa, mas
sim a excitação, proporcionada pelo jogo."
1598 - Bentham, o burguês bonzinho,
também iria apanhar dos seguidores do alemão: Essa ralé havia de rejeitar também as teses da moral utilitária,
fundada sobre os princípios severamente moralistas, pontificados por Jeremy
Bentham, o chefe espiritual da grande burguesia britânica "sã",
escrupulosa e honesta (no sentido comercial do termo, evidentemente).
1599 - Critica contradições de Nietzsche,
como pregar regras morais entre os próprios super-homens e alimentar, apesar de
“individualista”, as mais tenras
simpatias pelo Ancien Régime (Antigo Regime Francês), no qual "a
individualidade" possuía muito pouco lugar.
1600 - Cita D´Annunzio, que parecia
inspirado em Nietzsche. Não sabemos se
D'Annunzio se reivindica nietzschiano e, de um modo geral, em que medida as
idéias de Nietzsche encontram-se na origem de suas concepções. Porém, para nós,
isso não possui a menor importância. O que aqui importa é o fato de que as
idéias ultra-aristocráticas de D'Annunzio são quase idênticas a muitas daquelas
de Nietzsche. Tal como convém a um
aristocrata, D'Annunzio odeia a democracia burguesa.
1601 - Esperamos que esteja claro para o leitor que julgamos estéril possuir
uma semelhante atitude literária, textual, em relação a obras ricas em
paradoxos do pensador alemão, recentemente desaparecido, cujos aforismas são
freqüentemente contraditórios e permetem, em geral, dezenas de interpretações.
(...) A via natural rumo a uma clarificação correta da filosofia nietzschiana é
a análise da base social que deu origem a esse produto complexo.
(...)
Trotsky - Sobre os Decretos
Revolucionários de Lênin:
1637 - No início, tinham uma importância
muito mais propagandística que administrativa. Dizer o que era o novo regime.
1638 - Os decretos eram como os bustos,
lápides e traduções dos clássicos do socialismo para o russo. Como não sabiam
quanto tempo ficariam no poder, tinham que no mínimo deixar as bases assentadas
para futuras experiências.
1639 - Resta dizer que naquela febre de criações legislativas ocorreram, inevitavelmente, não poucos erros e contradições.
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