Marxistas - Textos Diversos XC (Lessa)
Sérgio Lessa - Lukacs - Ontologia e Transição:
1519 - Lukacs tem um texto de 1968, Democracia
ontem e hoje, no qual considerou o problema econômico da transição resolvido na
URSS, faltando apenas rotatividade nos cargos e mecanismos formais de
democracia. Mészáros critica isso. Ingenuidade, diz. Defensores de Lukacs dizem
que o texto pega leve de propósito, para influenciar aos poucos o PC húngaro.
1520 - Diferencia trabalho que produz o capital
(é o intercâmbio orgânico com a natureza) e trabalho que apenas o valoriza
(professor numa escola privada). Gera mais-valia, mas não produz capital.
Sérgio Lessa - Marxismo Analítico, o Novo Anti-Marxismo:
1521 - Cita o livro de Gabriel Cohen - Karl
Marx's theory of history - a defense (Princeton University Press, 1978) - como
um marco do marxismo analítico. Seria corrigir as ambiguidades das categorias
de Marx para conferir valor científico as suas teorias.
1522 - Outra “correção” foi o individualismo
metodológico de Elster: Em outras
palavras, categoriais universais como capital, classe, gênero humano, etc.
seriam meras flactus voces, seriam nomes carentes de significado concreto.
Apenas nos indivíduos, e nas suas ações, estaria localizado o sólo legítimo
para alicerçar as explicações sociais.
1523 - Tudo seria explicado pelo indivíduo
egoísta no seu “jogo”. Entra a teoria dos jogos também. Assim, visualizam até
possibilidade de “exploração justa” (como indivíduos com pontos de partidas
iguais e que tomam decisões antípodas, como poupar e gastar).
Sérgio Lessa - O Manifesto e Marx 150 Anos Depois:
1524 - Em Aristóteles, os homens faziam a
história sob uma lógica externa a eles próprios. Uma hierarquia dada pela
cosmologia.
1525 - Na Era Medieval, a História era
praticamente o percurso já escrito do Genesis ao Apocalipse e a “salvação” algo
individual. A liberdade era mera bondade de Deus e limitada. Se os gregos faziam a história para eles
tornada possível pela organização do Cosmos, os homens medievais sofriam a
história a eles concedida por Deus.
1526 - Na Idade Moderna, sai Deus e entra a
natureza. A natureza humana.
1527 - Segundo Lessa, é no Manifesto que Marx
trouxe com mais força a ideia de que os homens fazem a história. Ou, em outras
palavras, “Nós somos o que nós nos
fazemos ser; por isso poderemos vir a ser essencialmente diferentes do que
somos hoje, assim como somos essencialmente distintos do que fomos no passado”.
1528 - Essência e fenômeno como igualmente reais
só aparece em Marx. Ele quem traz essa ruptura. São momentos distintos da
processualidade ontológica.
1529 - Verdade
que em Hegel essa ação do fenômeno sobre a essência já se achava de algum modo
presente. Se, para ele, o fenômeno é a forma de apresentação da essência, essa
forma possui alguma influência pontual no desdobramento categorial da própria
essência. Em Marx, contudo, esse reconhecimento ganha uma nova qualidade. Sendo
a essência absolutamente história, não apenas o fenômeno pode alterá-la
pontualmente, como ainda pode destruí-la ou modificá-la radicalmente. (...) Já
que não há nenhuma essência ou determinação a-histórica que nos obrigue a
permanecer no atual padrão de vida social, a única -- e decisiva -- restrição
que a humanidade enfrenta para a sua emancipação são as relações sociais que
ela própria desenvolveu.
1530 - Coloca que a propriedade privada faz com
que todo o desenvolvimento humano seja submetido à lógica do capital. Seríamos
todos (essencialmente, pensa-se) proprietários privados, trocando bens e coisas
do tipo.
1531 - É
um ótimo texto.
Sérgio Lessa - Trabalho e Luta de Classes na
Sociedade do Conhecimento:
1532 - A
única forma que a classe dominante tem para impor sua vontade é a violência.
Não há outra forma: para fazer com que o trabalhador que está necessitando de
comida produza um carro, por exemplo, a única alternativa à classe dominante é
um sistema articulado que force o operário a produzir, não a comida de que ele
necessita, mas o carro que a burguesia precisa.
1533 - A
separação entre trabalho intelectual e trabalho manual não é inerente ao
desenvolvimento das forças produtivas, a uma dada organização técnica, a uma
dada organização administrativa ou gerencial, mas é uma divisão peculiar à
sociedade de classes. Enquanto existir a classe dominante, a ela caberá a
tarefa de organizar a exploração do trabalho, cabendo aos trabalhadores manuais
transformar a natureza nos meios de produção e subsistência.
1534 - Falso socialmente necessário: "Tanto o senhor de escravo, como a igreja e
os senhores feudais se consideravam os verdadeiros produtores da riqueza
social. Afinal de contas, se eles não organizassem a sociedade, a produção não
aconteceria. Assim, é claro que seriam eles os verdadeiros produtores! Se não
fossem eles, o escravo iria trabalhar e produzir o que a sociedade necessitava?
O servo produziria para os senhores feudais; o proletário, para os burgueses?"
1535 - Marx e Engels propõem eliminar a divisão
entre trabalho manual e intelectual gerada pela divisão de classes - e não
qualquer divisão entre trabalho manual e intelectual. O que criticam é o fato
de uma tarefa ficar a cargo de uma classe (e seus auxiliares) e a
produção-objetificação a cargo de outra (os operários). Afinal, não há como
“fundir” manual e intelectual.
1536 - Quanto ao debate sobre se o trabalho
intelectual produz nada, pouca ou toda a riqueza… Tenho minhas opiniões, dúvidas
e etc. sobre o assunto. Continuarei a pensar.
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