Wilson Luiz Muller - Socialismo em 1990


Wilson Luiz Muller - Socialismo em 1990 (Queda no Leste Europeu - Interessante):

1720 – Texto de 1989 sobre as revoluções do Leste Europeu. Não é de um marxista. E sim de um antimarxista. Está aqui por um erro.

1721 - A corrente “O Trabalho” do PT via a Romênia criando comitês democráticos de gestão, por exemplo. Era tudo um passo à frente em direção ao socialismo...

1721 – A “Convergência Socialista” defendia a mesma coisa e dizia mais: ... as mesmas multidões que se levantaram contra Ceausescu, Honecker, Jivkov e Husak, se voltarão contra estes frágeis governos que ocuparam o vazio político. ... Nunca a situação foi tão favorável, em particular no Leste Europeu.

1722 – Muller explica: Esta interpretação do trotskismo sobre os acontecimentos do Leste Europeu decorre, na verdade, de sua concepção do tipo de Estado presente nessa região do mundo. Para os trotskistas, nesses países existia um Estado operário degenerado, e a principal responsável pelo não avanço do socialismo seria a burocracia estatal. Assim, os ideais socialistas estariam ainda presentes entre os trabalhadores, e uma revolução política daria livre trânsito para que eles se concretizassem. Dentro desta concepção está implícita a idéia de que os trabalhadores têm uma consciência socialista imanente.

1723 – Augusto de Franco afirmou, em artigo, que nunca existiu Estado Socialista. Afirma, ainda, que tudo se deveu a desvios em relação às ideias de Marx. Muller critica isso. Se os homens “viveram” a teoria de forma errada é porque há algo de errado na teoria, que parece prever uma vida impossível de ser vivida. Ademais, qual seria, então, o verdadeiro socialismo? Problematiza. Os próprios clássicos são contraditórios entre si muitas vezes. Continua: é quase impossível explicar que milhões de socialistas convictos tenham construído a negação daquilo que acreditavam estar construindo. A não ser que os consideremos todos farsantes e impostores. Mas, desta forma, levantaremos sobre nós mesmos a suspeita de que, uma vez no poder, faremos as mesmas coisas que hoje condenamos.

1724 – José Dirceu de Oliveira e Silva, em entrevista a Teoria & Debate nº 9, disse a respeito da situação no Leste Europeu que "... a classe trabalhadora não vai jamais aceitar esse tipo de relação capitalista clássica"; e "que não vai acontecer necessariamente um retrocesso ao capitalismo."

1725 – Frei Betto coloca que o socialismo é, “hoje”, uma palavra maldita na Alemanha Oriental. Esse era o nível.

1726 - Frei Betto conclui que houve "desvios do burocratismo e do stalinismo" em relação às concepções de democracia em Marx e Lenin. É verdade que o stalinismo teve desvios em relação às concepções leninistas. Mas o que deve ser discutido é se as concepções de democracia em Lenin eram corretas, se não permitiram o desenvolvimento desses desvios. O texto problematiza, sem muito avanço, as concepções de Lênin, segundo as quais caberia ao Partido exercer inicialmente o comanda da Revolução até que as massas fossem libertadas dos seus preconceitos pequeno-burgueses e reeducadas sob as bases da ditadura do proletariado.

1727 – Muller não viu qualquer sujeito político coletivo socialista nas insurreições do Leste Europeu. O que se pode dizer é que não houve um início de revolução política para avançar na construção do socialismo, e por isso não houve necessidade de uma contra-revolução capitalista. Ademais, eleitoralmente, os partidos pró-capitalistas saíram vitoriosos em cima dos críticos “de esquerda”.

1728 – Pondera que o stalinismo possui rupturas, mas também continuidades com o marxismo-leninismo clássico. Assim, problematiza se a culpa é realmente apenas do stalinismo.

1729 – Por fim, propõe um socialismo sem marxismo, humanista e democrático, e totalmente indefinido.

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