Econ - "Marcos Mendes - Entenda os custos da monetização da dívida" e "Alberto Alesina: É ridículo chamarem-me pai da austeridade"

 

Textos Aleatórios de Economia:

 

 

 

 

A - Marcos Mendes - Entenda os custos da monetização da dívida

 

1 - Na folha:

 

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcos-mendes/2020/05/entenda-os-custos-da-monetizacao.shtml

 

2 - Se você coloca o juros da dívida em zero está equiparando dívida e moeda. São ambas obrigações do Estado, mas dívida (título) normalmente tem juros.

 

3 - Monetização é o BC imprimindo diretamente pro Tesouro a juro zero e ficando com os títulos. EUA, Japão e Reino Unido estão fazendo algo parecido com isso..

 

4 - Brasil tem moeda fraca e histórico de instabilidade, então ninguém topa financiar assim. Outros países são mais seguros. Com juros zero não viria dinheiro externo ou mesmo de investidor brasileiro.

 

5 - O capital que já está aqui tende a sair pra fora. Investidores trocando real por dólar ou algo mais seguro. (Por isso inclusive que essa onda de juros baixos mundiais e a própria desaceleração da economia brasileira fizeram com que Temer e Bozo pudessem baixar os juros).

 

6 - A saída de capital e a desvalorização cambial irão depender do tempo e intensidade da monetização da dívida.

 

7 - Os juros de longo prazo na economia real tendem a subir pelas incertezas (fiscal, inflação etc…). Logo, juros baixos no curto prazo podem gerar recessão no longo prazo. (Pelo menos é a teoria do texto)

 

8 - Afirma que os juros dos desenvolvidos podem ser zero devido à poupança deles lá e da estrutura etária (as duas coisas inclusive estão meio que ligadas). Cita também a segurança jurídica, a própria produtividade alta (gordura) e a qualidade de infraestrutura e capital físico, que não pressiona por mais gastos/créditos. Taxa de juros de equilíbrio lá pode ser zero e aqui é positiva.

 

9 - Assim, aqui essa estratégia seria muito mais perigosa. Ele não coloca como “impossível” se temporária, mas acredita que o risco de inflação é bem maior. (Lembro que De Bolle falou em vídeo que o BC indiano fez um QE com sucesso lá. Então tem que ver isso aí…)

 

10 - No extremo, o real pode ser rejeitado por boa parte da população e vivermos uma dolarização da economia forçada.

 

 

B - Alberto Alesina: "É ridículo chamarem-me pai da austeridade"

 

 

11 - Entrevista de julho de 2018.

 

https://expresso.pt/economia/2020-05-24-Alberto-Alesina-E-ridiculo-chamarem-me-pai-da-austeridade

 

12 - Para muitos analistas há, de facto, um antes e um após o 'momento Alesina', a sua intervenção em Madrid a 16 de abril de 2010 para uma distinta audiência de ministros das Finanças e de banqueiros centrais do euro. O académico italiano, professor no Departamento de Economia da Universidade de Harvard, em Boston, nos EUA, escreveu um artigo propositadamente para a reunião do Eurogrupo, sugestivamente intitulado "Ajustamentos orçamentais: lições da história recente".

 

Olli Rehn, então comissário europeu para a Economia, e Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu (BCE), ficaram entusiasmados com a lição de Alesina dizendo que a austeridade era indispensável e que, além disso, até podia ser expansionista. Assim o demonstravam os casos da Irlanda, Bélgica e até Portugal nos anos 80 e de Espanha na década de 90 do século passado.

 

13 - Afirma, porém, que: "Idealmente, nós gostaríamos de aplicar austeridade quando a economia está forte.” Porém, ele admite que é melhor que exista mesmo se fora do ideal e que o mais importante é “como” ela será e não “quando”.

 

14 - Na verdade, havia uma alternativa à austeridade - o default da dívida, o colapso financeiro dos bancos que detinham dívida pública, e a desintegração do euro com consequências possivelmente desastrosas".

 

15 - Alesina e Europa da década de 10: "teria sido melhor fazer mais pelo lado do corte do gasto público do que por via do aumento de impostos" e, acrescenta ainda, que "possivelmente o ajustamento deveria ter sido feito mais devagar, assente num plano plurianual baseado apenas em cortes da despesa pública".(...) No livro que vai publicar em breve, intitulado "Austerity: What makes and What Doesn't?", o académico desenvolve todos estes aspetos com base num estudo de 17 casos de políticas de austeridade desde o final dos anos 70 do século passado.

 

16 - Não explicou nada.

 

 

OBS: HÁ UM LIVRO DE PEDRO ROSSI CRITICANDO EM DETALHES A TESE DE ALESINA DE AUSTERIDADE EXPANSIONISTA:

 

https://pedrorossi.org/wp-content/uploads/2019/09/Economia-para-Poucos.pdf

 

SALVEI PARA LER ANO QUE VEM OU EM 2022.


C - Austeridade fiscal: as evidências (Críticas de Manoel Pires)

 

 

17 - Jayadev e Koczal tiveram acesso a base de dados de Alesina e Ardagna e reproduziram o experimento. Dentre várias decisões questionáveis adotadas por A&A, os autores verificaram que os casos identificados já eram expansionistas antes do ajuste fiscal implementado e que, portanto, não era possível atribuir o crescimento dessas economias ao tipo de ajuste que foi aplicado.

 

18 - Parece que Alesina revisou algumas coisas iniciais. Ao menos afirma. Os principais resultados são de que os ajustes fiscais são contracionistas, mas que ajustes pelos gastos produzem efeitos menos contracionistas que ajustes pelas receitas.

 

19 - Não detalha muito, mas… Além disso, os modelos mostram haver incerteza maior no caso de ajustes pelas receitas do que no ajuste pelas despesas. Esse fenômeno é comum nas duas literaturas.

 

20 - Faz várias observações não explicadas e não detalhadas.

 

 

D - Crônicas da austeridade (Ainda sobre o livro)

 

 

21 - The austerity chronicles: Project Syndicate - 5 de abril de 2019 - Autoria: Kenneth Rogoff - ex-economista chefe do Fundo Monetário Internacional, é professor de economia e políticas públicas da Universidade Harvard.

 

22 - Para começo de conversa, acredito que o livro deveria incluir mais discussão sobre abordagens heterodoxas para lidar com dívida insustentável, como write-downs (reduções do valor contábil), inflação e repressão financeira. Como minha colega de Harvard, Carmen M. Reinhart e eu demonstramos no nosso livro “This Time Is Different”, essas opções às vezes podem ser mais atraentes do que retração orçamentária para países em situação de dificuldade severa em relação à sua dívida, e até economias mais avançadas as usaram mais recentemente do que se imagina.

 

23 - Na realidade, um rápido olhar para os dados mostra que esse foi o caso na “Áustria, Dinamarca e Irlanda nos anos 1980”, assim como na "Espanha, Canadá e Suécia nos anos 1990”. Todavia, Alesina foi criticado por Paul Krugman no The New York Times e pelo cientista político Mark Blyth em “Austerity: The History of a Dangerous Idea” por levantar pontos semelhantes em seu trabalho prévio.

 

24 - Ponto forte, afirma: Alesina, Favero, e Giavazzi mostram empiricamente que o crescimento do PIB do Reino Unido aumentou de -1% em 2011 (dois pontos abaixo da média europeia), para 3,5% em 2013 (4 pontos acima da média europeia), ainda que o FMI e muitos keynesianos insistissem que o Reino Unido caminhava para uma segunda recessão.

 

25 - Afirma que a demanda pela dívida dos EUA pode continuar crescendo mais rápido que o PIB desse mesmo país. Diz mais: Mais precisamente, com as possíveis exceções de Alemanha, Suíça e Japão, a maior parte dos países não compartilha do “exorbitante privilégio” americano no que se refere a obter empréstimos.

 

26 - Dá a entender que a Itália e seus 130% (pré-corona) de dívida só não quebrou ainda porque os juros mundiais estão baixos.

 

 

E - O legado de Alberto Alesina, “o pai da austeridade”, no Brasil e no mundo

 

 

27 - A ideia da “contração fiscal expansiva” e o trabalho de Alesina influenciaram na decisão nos Estados Unidos e especialmente na Europa de retirar estímulos fiscais e focar na austeridade já a partir de 2010.

 

 

F - Livro busca trazer de volta prestígio do ajuste fiscal

 

 

28 - A Folha traz um artigo/resenha sobre o livro de Alesina. Chris Gils do Financial Times. Afirma que Trump não liga pra ajuste e que Blanchard afirmou que os economistas superestimaram o custo da dívida governamental para a sociedade.

 

29 - Cita Salvini como avesso à austeridade também.

 

 

G - “Austeridade”, uma concha vazia

 

 

30 - Parece óbvio que não é nada científico definir um conceito pelo que se espera de seus resultados (uma definição ex post), e não pelo que se propõe ex ante.

 


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