Econ - André Lara Resende - MMT, Déficit Fiscal, Crescimento da Dívida e Outras Polêmicas
André Lara Resende - MMT, Déficit Fiscal, Crescimento da Dívida e Outras Polêmicas:
105 - Enquanto a moeda era lastreada, metálica, obrigava o Estado a ter certa restrição. E toda vez que o Estado precisava, por questões de força maior - quase sempre em caso de guerra ou depois no caso de crises bancárias -, modificava a quantidade de lastro da moeda para emitir mais.
106 - Na verdade, ter certa disciplina fiscal é sempre desejável. Em todos meus artigos sempre digo isso. Existe uma restrição efetiva, que é a capacidade instalada da economia e do emprego.
107 - Coloca que a capacidade ociosa atual, alto desemprego e déficit de infraestruturas legitimam e pedem aumento do gasto público.
108 - No século XX, para efeitos práticos, terminou o padrão-ouro, as moedas são fiduciárias, não tem mais como impor ao Estado essa restrição. Inventou-se então a teoria quantitativa da moeda, cujo grande defensor foi Milton Friedman, na Universidade de Chicago, dizendo: “Embora não haja necessidade do lastro para emitir moeda, não se pode emitir mais moeda do que o crescimento da renda nominal - a teoria quantitativa da moeda -, senão vai causar inflação. Isso nunca foi empiricamente correto, mas foi muito aceito.
109 - Uma economia funcionando como uma economia de escambo é uma economia exatamente como a nossa, contemporânea, só que não tem moeda, só escambo. Então cria-se uma mercadoria que vira de aceitação geral, a moeda. O Graeber mostra que isso nunca foi verdade. Você só começa a criar a ideia de troca, de mercado, quando cria a moeda. E só se cria moeda quando tem um poder central: o Estado. Não existe mercado sem a moeda e não existe moeda sem Estado, logo não existe mercado sem Estado.
110 - Remédio de Lara Resende para que o QE trouxesse também crescimento: Para isso, seria necessário fazer uso de uma política fiscal keynesiana, reduzir impostos e expandir os investimentos públicos, sem preocupação com o equilíbrio orçamentário. Quando a taxa de juros está próxima de zero, o custo da dívida pública é insignificante. Investimentos públicos na infraestrutura e em outras áreas que estimulem a produtividade não correm o risco de elevar de forma permanente a relação da dívida com o PIB. (...) Quando o governo de Donald Trump, por outras razões, finalmente cortou os impostos, a recuperação da economia se consolidou e o desemprego chegou ao seu mínimo histórico, sem qualquer indício de inflação. A inflação é uma questão de expectativas coletivas. Uma vez ancoradas, são mais estáveis do que se imaginava.
111 - E os perigos da dívida? E os ônus fiscais? Só haverá ônus fiscal, como disse num artigo, se a taxa de juros da dívida pública for muito superior à taxa de crescimento da economia. Afirma que basta o Banco Central manter a taxa de juros reais abaixo do crescimento.
112 - Diz que os juros já deveriam ser baixos desde 2008 ou antes e que desestimulamos o investimento e oneramos o Estado, a relação dívida-PIB.
113 - Apesar de, no curto prazo, o juro alto desestimular a demanda e moderar as pressões inflacionárias, se mantido por muito tempo, induz os agentes a inferir que o BC, que é quem mais tem informação sobre a inflação futura, espera que ela seja alta.
114 - Quando os bancos centrais expandem a base monetária, como fizeram com o QE, para adquirir ativos, desalavancar os bancos e impedir o colapso do sistema financeiro, estão fazendo um misto de política fiscal e monetária. Estão financiando gastos públicos para adquirir ativos financeiros. Não salvaram apenas o sistema financeiro, mas provavelmente toda a economia mundial de um colapso sem precedentes.
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