Econ - Estagnacao Longa da Produtividade na America Latina (José Gabriel Palma) IV

 (continuação...)

174 - Um modelo de atraso distribuído autoregressivo confirma que em LA há uma forte correlação entre o crescimento do investimento e da produtividade em serviços - o primeiro em termos de investimento em infraestrutura e construção de negócios por trabalhador empregado em serviços (ambas as séries são estacionárias). (...) Nesta perspectiva, o aperto do investimento público (particularmente em infra-estrutura) é, é claro, um componente crucial das taxas abismais pós-1980 de AL crescimento da produtividade nos serviços.

175 - Chile: No período de reforma econômica pós-1973 no Chile, não houve crescimento da produtividade em serviços antes ou após o período 1986-1998 de alto investimento em infra-estrutura e construção de negócios. No período anterior (1973-1986), o crescimento da produtividade em serviços em média -1,8% ao ano; e no período que se seguiu (1998-2007), em média de -0,1%.

176 - América Latina: o boom das commodities (ajudado por preços favoráveis) restrições cambiais levantadas; serviços geraram a precária, baixa e produtividade e emprego com baixos salários (formais e informais); enquanto os mercados financeiros proporcionaram toda a diversão.

177 - Gráfico 17 mostra que a produtividade industrial (que é a que apresenta grandes potenciais de escala) de Brasil, Chile, México e Argentina caiu muito em relação a dos EUA após 1980 (o Brasil vinha crescendo a produtividade industrial bem mais que os EUA até 80). Em menor ou maior grau, claramente também levaram junto a dos “serviços” na comparação. Efeito transbordamento certamente, cita. 

178 - Boom das commodities compensou isso na década de 00, mas não o suficiente: Basicamente, o que está acontecendo é que, embora algumas atividades no setor primário tenham conseguido avanço em seus esforços para "alcançar" seus pares em nações ricas, a maior parte da economia (incluindo a maior parte da manufatura) está sendo deixada para trás.

179 - O Painel D sintetiza o melhor desempenho do PIB de 1986-1998 no Chile, o que ocorreu principalmente uma explosão de crescimento da produtividade liderada por investimentos em agricultura, silvicultura e pesca (10% ao ano) e aumento da produtividade nos serviços (3,3%, respaldado por investimentos em infra-estrutura e construção de negócios; ver Figura 16 acima). O crescimento da produtividade na mineração começou apenas em meados da Década de 1990 (quando outros setores começaram a vacilar), atingindo 11% a.a. em 1994-2003. 

180 - Produtividade do México só subiu na mineração (e após cair muito antes do NAFTA): Por razões de espaço, não posso analisar isso aqui em detalhes (consulte Palma, 2005a) mas, basicamente, uma economia com níveis de IDE e acesso aos mercados os EUA com os quais os formuladores de políticas de outros países em desenvolvimento podem apenas (dia) sonhar, teve um desempenho particularmente decepcionante em termos de crescimento da produtividade -ficando atrás dos EUA em todos os setores.

181 - Há muitas evidências sugerindo que quanto mais próximo da fronteira da produtividade, a necessidade da política industrial aumenta exponencialmente. Nesta perspectiva, a triste ironia é que a AL abandonou a política industrial no momento em que mais precisava!

182 - A Coréia superou o Brasil entre 80 e 2007 até na produtividade relativa a commodities. O colapso da produtividade brasileira na fabricação em relação à coreana é realmente notável: desde 1980, a produtividade industrial na Coréia avançou o Brasil no fator 7,5 (Painel A).

183 - Coloca que o que se exporta é tão ou mais importante que os “quanto”, por isso que compara México e Tailândia ou Malásia. O primeiro é referência em exportação “maquila”. As exportações cresceram até mais que países do Sudeste Asiático, mas o GDP cresceu bem menos. 

184 - Afirma também que a Ásia trabalhou com taxa de câmbio e de juros sensatas. 

185 - Coloca que as exportações costumam acompanhar o crescimento da economia num seguinte ciclo: 1) países pouco competitivos (não abocanham grandes fatias em nada) e que não exportam produtos dinâmicos; 2) passam a ser competitivos, mas “low tech”, digamos; 3) passam a ser competitivos e mid-high tech (asiáticos estão aqui ou indo pra cá); 4) passam a ser pouco competitivos ainda que “high tech” (Europa e Japão foram para aí e USA tenta, com médio sucesso, não ir). Afirma que para sair de 2 para 3 é necessário força política. Política industrial. Incentivo de renda e organização de treinamentos para direcionar os excedentes às atividades de maior crescimento inerente.

186 - A armadilha dos exportadores de renda média é permanecerem no quadrante 2. Há ampla evidência de que a forte desaceleração do crescimento do Chile desde o final dos anos 90 se deve em parte a subinvestimento na diversificação produtiva ascendente (Moguillansky, 1999).

187 - Brasil: Em meados da década de 1970, a produção industrial brasileira (US $ 56 bilhões) era quase idêntica à produção combinada da China, Índia, Coréia, Malásia e Tailândia (US$ 57,8 bilhões). Em 2008, sua produção industrial (US $ 121 bilhões) foi equivalente a menos de 10% da produção combinada dos outros 5 países asiáticos.

188 - O rígido sistema de proteção da ISI (em mercados domésticos desiguais) resultou em muitas distorções, como incentivos inevitavelmente levou à diversificação horizontal porque havia mais recompensas para desenvolver novos produtos do que para 'aprofundar' a produtividade.

189 - Afirma que a desindustrialização se deu porque supostamente os mercados sempre sabem o que é o melhor. 

190 - Após duas décadas de implementação: praticar contas de capital aberto, livre comércio, contas públicas equilibradas, …. direitos de propriedade garantidos, bancos centrais independentes e assim por diante ..., o registro TFP da AL ainda pode ser descrito apenas como terrível?

191 - No Brasil, por exemplo, o 'coeficiente de financeirização '- a proporção entre o estoque de ativos financeiros não monetários e o estoque de capital produtivo - passou de 7% no início da reforma econômica (1991) para 40% em 2009 (ver Bruno, 2010).

192 - Coloca que estamos num equilíbrio vicioso por convicção ideológica. Por ter alcançado este mais improvável dos equilíbrios de Nash por um tipo de hegemonia espontânea de consenso , a elite latino-americana (e seus amigos na 'nova' esquerda) certamente merece uma entrada no 'Guinness Book of Registros políticos”.

193 - Investimento estrangeiro direto salvaria a América Latina como supostamente fez na Irlanda e Nova Zelândia? Cita o México como exemplo que não. Apesar de suas muitas contribuições, o IDE fazia parte do principal problema do ISI:  seu viés anti-aprendizagem (Pérez, 2008) (...) Empresas domésticas americanas que tinham contratos com empresas estrangeiras, elas normalmente tinha que importar a tecnologia e usá-la rigidamente como vinha; sempre que possível, eles também tiveram que importar as máquinas e peças. No início dos anos 70, o Brasil pode ter produzido mais carros do que toda a Ásia em desenvolvimento junta, mas não havia Hyundai à vista ...

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