Econ - Textos Variados I
H - Debates do Facebook:
31 - Sobre a questão da sustentabilidade da dívida: nós não sabemos em quantos % a dívida pública cria dominância fiscal, mas nós sabemos que a dívida não pode crescer para sempre como % do PIB, porque esse arranjo cai na definição técnica de esquema ponzi. É uma questão muito mais de trajetória do que de nível: uma política fiscal estruturalmente ruim vai dar problema em algum momento.
https://sci-hub.se/https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/0035505494900175
32 - A taxa de crescimento do PIB nominal é a taxa de crescimento real + inflação anual. Se a inflação é 4% e o país cresce outros 4%, o PIB nominal já aumentou 8%. Uma política fiscal que permita que a dívida aumente até 8% derrubará a relação dívida/PIB.
33 - Cita-se o artigo de Summers: Então, o gasto pode gerar crescimento e reduzir a relação dívida/PIB, mas em situações muito específicas (juro zero, inflação baixa, muita capacidade ociosa, etc). Não é o caso da imensa maior parte das economias na imensa maior parte do tempo. Esse artigo é justamente sobre isso.
https://www.brookings.edu/wp-content/uploads/2012/03/2012a_delong.pdf
34 - O juro neutro é uma variável que não pode ser observada diretamente, apenas estimada. É a taxa de juro que mantém a economia com pleno emprego e inflação estável. Bem, o juro é exógeno, mas se o BC simplesmente colocar o juro em 0% quando o juro neutro da economia brasileira é 4%, a inflação vai acelerar. Todos os bancos centrais do mundo trabalham com esse conceito, não é invenção da minha cabeça.
35 - Sobre Dilma II, menciona-se impactos exógenos. Bomba fiscal; queda nas commodities acentuada em 2015 e paralisações da Lava-Jato.
I - Banco Central Independente
36 - Quanto menor o hiato de produto, h, e maior o desemprego, menos os sindicatos têm força para conseguir reajustes nominais.
37 - BC frágil: Caso os agentes desconfiem da palavra do BC e elevem suas expectativas de inflação, a única forma de evitar que haja inflação de fato é criando uma recessão.
38 - A maior parte dos choque de oferta são positivos: aumento na tecnologia, no estoque de capital, no nível de educação da mão-de-obra e etc. Este tipo de choque não envolve muita decisão sobre o que fazer. Basicamente eles permitem à autoridade monetária praticar uma política mais frouxa sem acelerar a inflação, o que é ótimo.
39 - Bem, segundo a equação 8, um choque de oferta negativo precisa necessariamente criar uma inflação superior à expectativa, acelerando a expectativa de inflação segundo a equação 9, ou diminuir h; consequentemente, aumentando o desemprego. Exemplos de choque de oferta negativo são: 1) Desvalorização real da taxa de câmbio, 2) Aumento no preço internacional de um produto importado em grande quantidade, 3) Desmantelamento de investimentos equivocados e etc. (..) Basicamente, um choque de oferta negativo força o Banco Central a escolher no curto prazo entre mais inflação ou mais desemprego.
40 - Os agentes são racionais. Se eles sabem que o governo está sempre disposto a aumentar a inflação para evitar o desemprego, as próprias expectativas de inflação se elevam durante o choque de oferta — períodos onde o BC tem que decidir entre inflação e desemprego — frustrando os planos do governo! Paradoxalmente, no longo prazo uma política monetária anunciada de pleno emprego tende a ser pouco efetiva em elevar o nível de emprego, e muito “efetiva” em apenas aumentar a taxa de inflação, dado seu efeito adverso sobre as expectativas de inflação. Por outro lado, um Banco Central cuja credibilidade em relação ao cumprimento da inflação não seja questionada, isto é, um BC que torne a inflação esperada o mais estável possível, tem muito mais margem para acomodar um choque negativo em situações excepcionais, caso queira.
A política de acomodação foi tentada nos anos 70, e o resultado foi um fenômeno conhecido como estagflação: Ao evitar aumentar o desemprego combatendo a inflação advinda do choque negativo, a maioria dos países desenvolvidos terminou a década de 70 com inflação e desemprego altos, o pior dos cenários. Este foi o grande estalo que conduziu à mudança de paradigma na macroeconomia nos anos 80, à consolidação da literatura sobre expectativas racionais, e ao surgimento da literatura atual sobre meta de inflação na década de 90. Hoje nós sabemos, com algum conjunto razoável de evidências, que a melhor maneira conhecida de manter a inflação e o desemprego baixos no longo prazo é tendo uma meta de inflação, um Banco Central independente e etc.
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