Econ - Estagnacao Longa da Produtividade na America Latina (José Gabriel Palma) III
(continuação...)
168 - Critica a “indústria de maquila” no México e países caribenhos. Não explica muito.
169 - Aqui, uma comparação entre o Brasil e a África do Sul é reveladora. Ambos os países iniciaram reformas econômicas simultaneamente e tiveram crescimento similar do PIB pós-1994 (isto é, desde o início do período do ANC e a primeira eleição de Cardoso e o 'Plano Real'). No entanto, na década seguinte, na África do Sul, O crescimento do PIB é quase inteiramente explicado pelo crescimento da produtividade, o Brasil pelo emprego. (...) A partir dessa perspectiva, o principal problema da África do Sul é que ela acabou com os níveis do leste asiático de elasticidades do emprego (0,25), mas os níveis latino-americanos de crescimento do PIB (3,6%), resultando em um quarto de sua força de trabalho desempregada.
170 - O Leste Europeu é a América Latina reversa. Cresce enquanto desemprega levemente. A Ásia cresce muito mais do que cresce o emprego.
171 - Argumentação de Palma a respeito de todos esses fenômenos: Altas elasticidades do emprego não são o resultado final, mas o ponto de partida da análise. Aqui a dinâmica decorre principalmente de altas elasticidades de emprego a baixas crescimento da produtividade através de uma 'conexão Cambridge' alternativa - especialmente aquelas de Marshall, Kalecki, Joan Robinson e Salter. Em essência, argumentarei que o que poderia ser chamado de 'flexibilidade excessiva do mercado de trabalho' é uma base fundamental para baixa produtividade de LA e baixos desempenhos de crescimento do PIB - principalmente via impacto negativo no investimento por trabalhador e salários de eficiência.
171 - Em AL, as taxas de desemprego podem ser relativamente baixas, mas isso não significa que os mercados de trabalho estejam apertados: a força de trabalho ainda cresce rapidamente com novos participantes.
172 - Na maioria dos países, o setor primário e muitas vezes também a manufatura mantêm derramamento de mão-de-obra; e existe um grande "exército de reserva" no setor informal. Consequentemente, essa parte dominante da economia (geralmente mais de dois terços) pode operar com uma oferta de trabalho notavelmente elástica e pouca pressão sobre salários, investimento por trabalhador e crescimento da produtividade. Em outras palavras, esse volume da economia pode operar com poucas compulsões pelo crescimento da produtividade, graças a mercados de trabalho 'flexíveis', proteção natural e um (normalmente) alto grau de concentração oligopolística. E se na maior parte da economia houver a opção aumentar a produção principalmente adicionando emprego, qual seria o incentivo -muito menos a compulsão - de investir, particularmente em termos de investimento por trabalhador?
173 - Acho que isto aqui tem a ver com a armadilha da renda média. O crescimento do emprego só vem junto com aumento da produtividade em contextos específicos: Assim, Bangladesh segue um modelo Lewis típico (2 milhões de trabalhadores foram absorvidos apenas pela indústria de vestuário de exportação nos últimos anos), mas AL (na maior parte da economia) segue uma situação atípica: há é alta absorção de trabalho, mas o trabalho está sendo transferido para pouco ou nenhum serviços com potencial de crescimento da produtividade - às vezes até de manufatura (devido à rápida desindustrialização; ver Palma, 2005b e Seção 7 abaixo).
(continua...)
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